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Mobilizados, trabalhadores da Embrapa dizem não à reestruturação de Temer

A categoria marcou para o próximo dia 4 manifestações nas unidades da empresa. Além de defender a empresa pública e para todos, eles querem a retomada das negociações da Campanha Salarial 2018

Publicado: 28 Junho, 2018 - 17h00 | Última modificação: 29 Junho, 2018 - 09h55

Escrito por: Érica Aragão

seção sindical de Campinas e Jaguariúna do Sinpaf
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Os trabalhadores e as trabalhadoras da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) decidiram, em assembleia, que vão dizer não à reestruturação proposta pela direção da empresa. Além disso, aprovaram mobilizações nas unidades da Embrapa no dia 4 de julho para exigir o retorno das negociações do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e a suspensão imediata da proposta de “reestruturação entreguista”.

Com o pomposo nome de “Suporte ao Aprimoramento Estrutural e Funcional das Unidades Descentralizadas da Embrapa”, a proposta de reestruturação encomendada e apresentada pela diretoria executiva da empresa, nomeada pelo ilegítimo e golpista Michel Temer (MDB-SP), é apenas uma maneira encontrada pelos golpistas para usar a estrutura da Embrapa para atender os interesses do capital internacional, segundo os trabalhadores.

A Embrapa, criada em 1973 com a missão de viabilizar soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade da agricultura, em benefício da sociedade brasileira, “pode virar uma mera prestadora de serviços das grandes corporações e do agronegócio”, denuncia o presidente da seção sindical de Campinas e Jaguariúna do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf), Mário Urchei.

“Nós entendemos que é fundamental lutar por uma Embrapa pública e democrática porque o nosso país tem um potencial agropecuário extraordinário”, diz Mário.

“Nós temos mais de quatro milhões de famílias de agricultores familiares que produzem 75% da alimentação básica do nosso povo. E nós entendemos que é esse segmento, prioritariamente, que uma empresa pública como a Embrapa deve trabalhar”, completa o sindicalista.

Manifesto que os trabalhadores e trabalhadoras vão entregar para a direção da empresa nos próximos dias diz que “a reestruturação, elaborada em apenas 40 dias por um grupo restrito de 16 pessoas, é um verdadeiro desastre”.  

“Toda a lógica e o foco dessa proposta é desonerar o Orçamento da União e trabalhar com recursos privados para financiar a pesquisa agropecuária brasileira”, diz trecho do manifesto.

No documento, já assinado por mais de 20 seções sindicais, os trabalhadores denunciam também o “caráter autoritário e privatista” de um plano de reestruturação que foi feito sem dialogar com a categoria e muito menos com a população.

“Nós somos contra essa proposta entreguista do golpista, mas não somos contra uma reestruturação, desde que feita democraticamente ouvindo todas as partes interessadas”, argumentou Mário Urchei

“Nós entendemos, como sindicato, que a Embrapa precisa de algumas mudanças de fato, para estar mais interligada às demandas da sociedade e segmentos que demandam pesquisa agropecuária pública, como agricultores familiares”, destaca o dirigente.

Segundo ele, essa transformação apresentada pela diretoria da empresa não tem esse foco. “Ela [a proposta] segue a agenda neoliberal de tentar diminuir o orçamento da instituição, de buscar recursos privados das grandes corporações, ou seja, colocar a Embrapa a serviço unicamente dos grandes grupos de interesse do sistema agroalimentar”, alerta Mário Urchei.

Para a analista do laboratório de análises de solos da Embrapa, Andrea Matos, o povo tem que se levantar e virar a ‘mesa’.

“E só vai virar a mesa com a mobilização popular. A gente tem que invadir o espaço institucional com nosso discurso. E o nosso discurso é ‘se é público é para todos’. Defender o serviço público é defender o Brasil!”, afirmou Andrea.

Campanha salarial

Os trabalhadores e as trabalhadoras da Embrapa estão em Campanha Salarial e exigem manutenção de direitos e combate a reforma Trabalhista, mas, principalmente defender a empresa pública das garras do governo ilegítimo de Temer.

A direção da empresa paralisou as negociações e o atual Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) com data base em maio foi prorrogado até 31 de julho.

“Nós temos um Acordo Coletivo histórico de conquistas e vamos lutar para mantê-lo, mas o mais importante é garantir que a empresa continue pública”, finalizou Mário.

Fora Mauricio Lopes

O atual presidente da Embrapa, Mauricio Lopes, está com os dias contados na empresa. Isso porque, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, está adiantando a mudança na direção, que seria em outubro, devido à pressa de implantar seu projeto neoliberal e, também, por causa das eleições deste ano.

“Para nós essa pressa é para dar mais força para implementar a proposta de reestruturação entreguista. Nós defendemos que o processo para a eleger a nova diretoria deve ser democrático. Os trabalhadores e as trabalhadoras é que devem decidir quem ficará a frente da empresa no próximo período e não uma indicação baseada em interesses”, destacou o presidente da seção sindical de Campinas e Jaguariúna do Sinpaf, Mário Urchei.