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Momento é de fazer enfrentamento, diz ex-ministro da Justiça

Para Eugênio Aragão, onda golpista dá oportunidade aos movimentos de formarem para mudança

Publicado: 16 Março, 2017 - 18h27 | Última modificação: 17 Março, 2017 - 17h01

Escrito por: Luiz Carvalho

Roberto Parizotti
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Vagner participa do encontro com dirigentes do Macrossetor IndústriaVagner participa do encontro com dirigentes do Macrossetor Indústria
O ex-ministro da Justiça do governo da presidente eleita Dilma Rousseff Eugênio Aragão participou nesta quinta-feira (16) da abertura do seminário “Ação Jurídica e Política no Macrossetor da Indústria da CUT” que a Central promoveu em sua sede, em São Paulo.

Durante o encontro organizado pelas confederações CUTistas do macrossetor – CNTRV (vestuário), CNRQ (químicos), CNM (metalúrgicos), CONTICOM (construção) e CONTAC (alimentação) –, ele apontou que acreditar na mudança de visão do Supremo Tribunal Federal com a mera troca de nomes é inocência.

Para Aragão, o modelo é parte de um formato de Estado que atinge o ápice do conservadorismo e tende a impor uma dieta de emagrecimento aos sindicatos de luta.

“As instituições burocráticas do Estado são atores do golpe e claro que há um esforço de criminalizar organizações populares, de dificultar sua atuação e esvaziar suas fontes de custeio. É momento de retração do Estado de direito. Contra isso só se reage com mais organização, mais mobilização e potencializando a comunicação com potenciais sindicalizáveis”, defendeu.

O cenário mudou

Também durante a abertura do encontro, o presidente Nacional da CUT, Vagner Freitas, fez um balanço das manifestações do 15 de março, Dia Nacional de Paralisações. Ele acredita que  o povo nas ruas mudou a conjuntura política e colocou os golpistas em alerta.

“Tenho certeza que hoje estão pensando que terão muito mais dificuldade para implementar as reformas Trabalhista e Previdenciária porque a população entendeu que não vai se aposentar se essa reforma passar. Quando o debate sai da nossa esfera e atinge o cidadão e a cidadã, nossa luta é vitoriosa.”

Ao lembrar que a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) já se posicionou contra o roubo da aposentadoria e que a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) deve seguir o mesmo caminho até o final do mês, Vagner citou ainda a importância para a democracia de barrar os ataques a direitos.

“Se impedirmos essas reformas, estaremos empoderados, com muita energia para avançar no Fora Temer, em eleições diretas já e na retomada da democracia. Como disse o presidente Lula ontem (dia 15), na Paulista, essas propostas são só cortina de fumaça para esconder a incapacidade deste governo de fazer a retomada do crescimento, a geração do emprego e saída da crise”, falou.

Formação – A partir da declaração de Eugênio Aragão sobre o caráter político do Direito, o presidente da CNM (Confederação Nacional dos Metalúrgicos), Paulo Cayres, disse que o grupo apontou para a CUT a proposta de formar mil advogados com o objetivo de fazer a disputa também nesse campo.

“Como disse Aragão, o Direito não é técnico, é instância de poder e queremos disputar esse poder para colocar a serviço da classe trabalhadora. Por isso, propusemos criar um processo de qualificação de mil dirigentes que já são advogados para que possam fazer o exame da Ordem, ocupar vagas no Ministério Público, possam também ser juízes. Queremos igualar por cima essas instâncias”, definiu.