Escrito por: Redação CUT
Dirigente, que foi perseguido pela ditadura militar, tinha 75 anos e lutava contra um câncer na medula óssea. Velório está sendo realizado nesta quarta (13) e o enterro será amanhã em Murinim, em Benfica (PA)
O movimento sindical brasileiro está de luto com a morte nesta quarta-feira (13), pela manhã, no Pará, de um dos seus mais importantes dirigentes, o trabalhador rural Avelino Ganzer.
Ele foi um dos fundadores da CUT e seu primeiro vice-presidente na década de 1980. Em seus 75 anos de vida ele atou, especialmente na região Norte do país, em defesa de direitos dos trabalhadores rurais e foi uma resistência contra a ditadura militar que o perseguiu e tentou por diversas vezes, prendê-lo.
ReproduçãoO sindicalista, que também ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT), lutava contra um câncer raro e agressivo na medula há cerca de sete meses e faleceu após sofrer uma parada cardíaca numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde estava internado há cerca de um mês.
O presidente da CUT Nacional, Sérgio Nobre lamentou a morte de Ganzer. Em sua rede X, disse que ele foi um símbolo da luta pela democracia, da classe trabalhadora e do campo.
A @CUT_Brasil está de luto. O companheiro @AvelinoGanzer partiu hoje. Fundador e 1° vice-presidente da CUT, esse trabalhador rural é símbolo da luta pela democracia, pela classe trabalhadora, pelo campo. Dirigente histórico do movimento sindical. Presente! pic.twitter.com/qZD3IvjjZn
— Sergio Nobre CUT (@CutNobre) December 13, 2023
A luta de Ganzer
O sindicalista lembrou sua própria luta na construção da CUT, em artigo publicado em 2017, no site do Instituto Paulo Fonteles, de Diretos Humanos, quando em 1972, saiu do Rio Grande do Sul para a Transamazônica, no Pará, com o sonho de encontrar um chão para trabalhar e daí sustentar e criar a família.
“Quando chegamos em Itaituba, Pará, a chefia do Incra colocou várias famílias num mesmo alojamento coberto com a folha de babaçu e chão batido que ficava localizado às margens direita do rio Tapajós. Passados alguns dias, colocaram a gente em cima de carrocerias de caminhão e saímos pela Transamazônica afora mais de 200 km. Chegando no local, os técnicos saíam de seus carros confortáveis e diziam: é aqui que vocês serão fazendeiros etc., lembrando que não tinha casa, comida e nem água para consumo, era mata virgem e nós com toda família nos sujeitávamos a aquela realidade, pois não tínhamos nenhuma consciência, quem não sabe é como quem não vê, acreditando num futuro melhor.
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Em novembro último na cerimônia em homenagem aos 40 anos da CUT na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), foi lembrada a atuação de Ganzer para que os dirigentes paraenses conseguissem participar do 2° Congresso Nacional da CUT.
“As enormes distâncias e desafios, marcaram essa trajetória, inclusive a perda de companheiros a caminho do 2° Congresso Nacional, fez com que o companheiro Avelino Ganzer, vice-presidente nacional, à época solicitasse o rateio solidário, que foi aprovado, para possibilitar que trabalhadores do Brasil inteiro pudessem se deslocar com maior segurança para as plenárias nacionais e participar dos espaços de decisão, lembrou a CUT-PA.
Velório e enterro
O velório será aberto ao público nesta quarta-feira, terminando na manhã desta quinta (14) com o enterro. A despedida será em Murinim, em Benfica, no Pará.