Mortes por Covid-19 estão em queda, mas casos continuam crescendo, alerta Fiocruz
A Fiocruz alerta para aumento de casos do novo coronavírus e a OMS para o avanço da variante Delta no Brasil e região
Publicado: 28 Julho, 2021 - 11h30 | Última modificação: 28 Julho, 2021 - 11h32
Escrito por: Redação CUT
Apesar de registrar por mais uma semana tendência de queda no número de óbitos e nos indicadores de ocupação de leitos de Covid-19 para adultos nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), o aumento no número de casos do novo coronavírus preocupa especialistas, de acordo com a mais uma nova edição do Boletim Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), publicada nesta quarta-feira (27).
Segundo o boletim, há ainda uma intensa circulação do vírus no Brasil e apesar do menor impacto sobre as demandas de internação e sobre o número de mortes, o país ainda está em um patamar alto de vidas perdidas e novos casos.
Em 24 horas, o país registou 1.320 mortes por Covid-19 e o total de mortes provocadas pelo novo coronavírus subiu para 551.906 desde o início da pandemia. No mesmo período, foram registrados 42.256 novos casos da doença, elevando o total de infectados por Covid-19 para 19.748.960.
“É importante salientar que os números de casos [média de 46,8 mil por dia] e de óbitos [média de 1.160 por dia] estão ainda em patamar muito elevado”, afirmam os pesquisadores do Observatório Covid-19.
Ainda segundo a análise da Fiocruz, apenas Goiás e o Distrito Federal permanecem na zona de alerta. Porém, no segundo caso, os dados refletem a recente retirada de leitos para os casos de Covid-19 frente ao aumento da demanda. Dezesseis estados estão fora da zona de alerta e nove se encontram na zona de alerta intermediária, com a maioria das taxas entre 60% e 65%.
Entre as capitais, Rio de Janeiro (90%), Goiânia (93%) e Brasília (83%) são as únicas com taxas de ocupação de leitos de UTI da Covid-19 superiores a 80%.
A Fiocruz também informou uma pequena redução na taxa de letalidade, a proporção de casos que resultam em morte. O indicador está em 2,5%.
OMS alerta sobre variante Delta no Brasil
A variante Delta do coronavírus que vem preocupado vários países do mundo, inclusive os Estados e Europa que já estudam a volta do uso da máscara até mesmo entre os vacinados, deve começar a se espalhar com mais velocidade também pelo Brasil e região.
As afirmações são do virologista Jairo Mendez Rico, assessor Regional em Enfermidades Virais da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ele não descarta a ideia de aplicação de uma terceira dose da vacina conrta a Covid-19 e de campanhas anuais como forma de reforçar a proteção contra o coronavírus e suas variantes – algo, ao menos por enquanto - não recomendado pela OMS. E que, apesar das limitações, as vacinas atuais são uma das armas mais poderosas contra todas as variantes.
“A variante delta mostrou ter uma capacidade de transmissão maior em comparação com outras variantes preocupantes, como a alpha ou a gama; mas até o momento não existem evidências que permitam inferir um comportamento mais agressivo ou severo dessa variante”, disse ele, por e-mail, ao jornal Valor Econômico.
O especialista afirmou ainda que o aumento do número de casos de Covid-19 se deve a múltiplos fatores, que incluem a maior capacidade de transmissão de algumas variantes. Ressaltou também que, embora as vacinas sejam uma ferramenta muito “poderosa, nenhuma delas é 100% eficaz”. Isso significa que a combinação vacina mais medidas de proteção continua válida e necessária.
“São medidas que foram abrandadas em alguns países europeus e que são retomadas agora”.
Vacinação no país
Segundo dados do Ministério da Saúde, o país vacinou mais de 59,6% da população adulta com pelo menos uma dose da vacina e cerca de 23% com o esquema completo de imunização.
As pesquisas realizadas até o momento indicam que as pessoas completamente vacinadas (com duas doses, no caso da maioria das vacinas aplicadas no Brasil) estão protegidas contra a variante Delta.
Os cientistas da Fiocruz, no entanto, destacam que a proteção oferecida por uma única dose, com exceção da vacina da Janssen, é muito reduzida em comparação ao regime de imunização completo.
“Os não vacinados (40,4% da população) encontram-se ainda vulneráveis e com risco alto de infecção e de desenvolver a doença em formas graves, o que pode demandar atendimento hospitalar e resultar em óbitos”, alertam.