Escrito por: Redação CUT/Texto: André Accarini

Motoboys de SP farão motociata na Paulista em apoio a Lula neste sábado (29)

Presidente do sindicato da categoria afirma que o candidato é que tem as melhores propostas para garantir e proteger direitos dos motoboys, que têm jornadas extensivas, salários baixos e nenhuma proteção social

Os motoboys de São Paulo organizados pelo Sindmoto-SP farão, neste sábado (29), na Avenida Paulista, uma motociata em apoio ao ex-presidente Lula (PT), candidato à presidência da República. Na véspera do 2° turno da eleição, a avenida mais famosa da cidade também será palco de outro ato em apoio ao petista: Um desfile de Carnaval.

A motociata dos trabalhadores vai reunir entregadores por aplicativos, mensageiros, motoclistas, mototaxistas e até mesmo ciclistas e é um contraponto às motociatas organizadas pelo atual presidente, que reúnem, em especial políticos aliados de Bolsonaro, empresários e apoiadores com suas motos potentes, bem diferente da  realidade da classe trabalhadora brasileira.

De acordo com as lideranças dos trabalhadores, o ex-presidente Lula é o candidato que mais está em sintonia com os anseios da categoria que tem jornadas extensivas, baixos rendimentos e praticamente nenhum direito.

"Quem compartilha das ideias do Lula, que, no meu entendimento, é quem tem a melhor proposta para nós, vem com a gente. Quem não compartilha vai com o outro candidato", afirma Gilberto Almeida dos Santos, presidente do Sindimoto-SP.

Raio-X

Dados sobre a categoria, levantados pela CUT Brasil e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), por meio da pesquisa “Condições de Trabalho, Direitos e Diálogo Social para Trabalhadoras e Trabalhadores do Setor de Entrega por Aplicativos em Brasília e Recife” mostraram que a jornada média dos entregadores por aplicativos é de 65 horas por semana e a renda média, em dezembro de 2021, era de apenas R$ 1.172,63, ou seja R$ 5,03 por hora.

Um outro estudo, realizado pelo Instituto Locomotiva mostra que 61% dos entregadores trabalham sete dias por semana, sendo 17% com jornadas superiores a 12. Quase metade da categoria trabalha mais de 10 horas por dia.

E são eles mesmos que têm de arcar, na maior parte dos casos, com os custos do trabalho como equipamentos, internet, combustível e manutenção de suas motos.  Além disso, esses trabalhadores não contribuem para a Previdência Social, por isso não tem expectativas de no futuro, ter uma aposentadoria nem mesmo o de poderem contar com o auxílio-doença em caso de acidente, muito comum entre quem anda de moto pela cidade.

Entre janeiro e agosto deste ano, antes de a Prefeitura instalar a Faixa Azul na Avenida 23 de Maio, registrados 33 acidentes de moto registrados só nesta avenida - três graves. A Avenida 23 de maio é uma das maiores vias expressas de São Paulo, no sentido Santana/Bandeirantes. São cerca de 5,5 km de corredor na via entre a Praça da Bandeira e o Complexo Viário Jorge João Saad.

Propostas

A reforma Trabalhista aprovada em 2017 pelo governo de Michel Temer (MDB) e aprofundada pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) destruiu dezenas de dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para diversas categoria e legalizou o ‘bico’, tipo de relação de trabalho que caracteriza a atividade dos motoboys por causa da ausência completa de direitos.

De acordo com as propostas de Lula, citadas pelos entregadores como essenciais para a categoria, estão a inclusão desses trabalhadores na legislação trabalhista, com recomposição e direitos e representação sindical.

Um dos exemplos que norteia as propostas do candidato é o da Espanha. Em 2021, em uma decisão inédita, o governo espanhol, sindicatos e empregadores decidiram incluir na legislação trabalhista os entregadores de aplicativos.

Para o ex-presidente, preocupa o fato de que as pessoas que trabalham com aplicativos não têm direitos, não conhecem o patrão e não têm descanso semanal remunerado. Por isso, propõe uma regulamentação via CLT.

Em diversas ocasiões Lula também já tem acenado para a categoria no sentido de incentivar os aqueles que têm a intenção de continuar sendo independentes. São os trabalhadores que não querem trabalhar com carteira assinada, mas ainda assim precisam da proteção social e trabalhista.

Entre as propostas está a de financiar, por meio de bancos públicos, os pequenos e médios empreendedores e cooperativas de trabalhadores.