Escrito por: Redação CUT
Desempregado, Anderson estava fazendo bico para sustentar a família, disse mulher do motorista da vereadora Marielle Franco
A mulher do motorista Anderson Pedro Gomes, de 39 anos, que dirigia o carro com a vereadora Marielle Franco (PSOL), executada na noite desta quarta-feira (14) com quatro tiros na cabeça, lamentou o assassinato do marido e disse que ele estava "fazendo bico para sustentar a família". Anderson era pai de uma criança de um ano.
"Anderson era uma pessoa muito boa, ele ajudava todo mundo no que ele pudesse. Um pai muito amoroso, um marido maravilhoso. E, como muitos nesse estado atual, fazendo bico pra tentar sustentar a família", afirmou Ágatha Arnaus Reis, à Globo News, na manhã desta quinta (15). "Eu sou funcionária pública do estado. A gente tá vivendo um momento horrível. E Deus levou meu marido, não sei com que propósito... Ainda é difícil aceitar".
Anderson fazia o trajeto entre a Lapa e a Tijuca, na zona norte do Rio, quando teve o veículo emparelhado por outro na Rua Joaquim Palhares, no Estácio, na região central. Em seguida, o carro foi atingido por pelo menos nove tiros, que mataram Anderson e Marielle ainda no local.
O enterro de Anderson está marcado para às 16h, no Cemitério de Inhaúma, na zona norte do Rio. O corpo de Marielle será velado na Câmara de Vereadores do Rio.
Investigação
A polícia já recolheu as imagens de câmeras de segurança instaladas na região para analisar o caso e trabalha com a hipótese de execução.
A necrópsia nos corpos da vereadora e do motorista já foi feita pelo IML. Uma assessora parlamentar de Marielle, que ia no banco do carona, ao lado do motorista, sofreu ferimentos de estilhaços de vidro. Ela foi medicada no Hospital Souza Aguiar, liberada e passou a madrugada prestando depoimento na Divisão de Homicídios, na Barra da Tijuca.
Marielle foi a quinta vereadora mais votada nas eleições de 2016, com 46.502 votos. Nascida no Complexo da Maré, era socióloga, com mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF), tendo feito dissertação sobre o funcionamento das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) nas favelas.
Maniestações de solidariedade à familia e amigos e notas de repúdio estão vindo de todas as cidades brasileiras e até do exterior.