Escrito por: CUT - RS
Os motoristas estarão transportando passageiros gratuitamente até os centros de coleta de sangue para que possam ser feitas doações
Os motoristas de aplicativos (Uber, 99, Cabbify e Indriver) no Rio Grande do Sul estarão desligando os apps durante 24 horas no próximo dia 23 de fevereiro (terça-feira). Os trabalhadores e as trabalhadoras reivindicam o reajuste do valor por km rodado, que se encontra defasado mesmo após vários aumentos dos preços dos combustíveis.
Haverá paralisações em Porto Alegre, Guaíba, Caxias do Sul, Santa Maria, Eldorado do Sul, Viamão, Alvorada, Cachoeirinha, Gravataí, Esteio, Sapucaia do Sul, São Leopoldo e Campo Bom.
Na Capital, os motoristas estarão transportando passageiros gratuitamente até os centros de coleta de sangue para que possam ser feitas doações. Os níveis de estoque dos hospitais estão críticos diante da pandemia do coronavírus.
Custos aumentaram, mas motoristas ganham menos
“Estaremos paralisando, buscando melhorias para a categoria, como o aumento das tarifas aos motoristas e o fim dos produtos Uber Promo e 99 Poupa. Desde que as empresas estão em atividade em Porto Alegre, tivemos aumentos dos combustíveis, aumento de seguro de veículos, aumento do aluguel de automóvel, aumento da manutenção dos carros e aumento dos rastreadores. E as tarifas pagas aos trabalhadores só baixaram”, denuncia Carina Trindade, secretária-geral do Sindicato dos Trabalhadores por Aplicativos do RS.
Em 2015, o valor pago por km rodado aos motoristas era de R$ 1,25. Hoje, seis anos depois, os aplicativos pagam R$ 0,95 na Capital e R$ 0,90 na Região Metropolitana. No início havia um desconto de 25% das corridas. Agora o percentual de desconto varia entre 25% e 40%. Ou seja, os custos aumentaram, mas a remuneração dos motoristas caiu.
Luta pela regulamentação
Segundo dados do IBGE, houve um aumento de 138% nos últimos oito anos de motoristas de aplicativos no Brasil. Havia cerca de 4 milhões de brasileiros nesta atividade, em 2019. Isso se deve ao aumento do desemprego e à precarização do trabalho, que cresceu muito após as reformas trabalhista e da Previdência depois do golpe de 2016, que derrubou sem crime de responsabilidade a presidenta Dilma Rousseff (PT).
Para o secretário de Organização e Política Sindical da CUT-RS, Claudir Nespolo, a mobilização dos motoristas de aplicativos é também importante para pressionar os projetos que tratam da regulamentação da atividade no Congresso Nacional.
O deputado federal Henrique Fontana (PT) é um dos autores do projeto de lei nº 4172/2020 que "dispõe sobre a criação de um novo contrato de trabalho em plataformas digitais de transporte individual privado ou de entrega de mercadorias".
“As novas tecnologias não podem negar a proteção social e trabalhista para quem está no volante prestando serviços para uma multinacional, cujo patrão o motorista sequer conhece. Os trabalhadores e as trabalhadoras de aplicativos precisam de regulamentação para garantir direitos básicos e dignidade no trabalho”, destaca Nespolo, que defende o projeto apresentado por Fontana.
Apoie a luta dos motoristas de aplicativos
A melhor forma de apoiar é não utilizar os aplicativos para fazer corridas no dia de paralisação. “Também é importante compartilhar os materiais de divulgação do movimento nas redes sociais, provocando o debate sobre a situação de precariedade a que esses trabalhadores e trabalhadoras estão submetidos”, aponta Nespolo.