Escrito por: CUT - RS

Motoristas de aplicativos repudiam decisão da Cabify de deixar de operar no Brasil

Dos motoristas, o aplicativo também exigia carros mais novos do que as demais plataformas de mobilidade

Reprodução

O Sindicato dos Motoristas em Transportes Privados por Aplicativos do Estado do Rio Grande do Sul (Simtrapli-RS) divulgou uma “nota pública de repúdio” frente à decisão anunciada pela Cabify que vai deixar de operar no Brasil a partir de 14 de junho.

Concorrente do Uber e da 99, a Cabify pertence à espanhola Maxi Mobility e atua em 11 países. No Brasil adquiriu a plataforma Easy Taxi, em 2016, e está hoje presente em Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Campinas e Santos.

Empresa atribui saída à crise econômica agravada pela pandemia

A Cabify atribui a sua saída à crise econômica agravada pela pandemia de coronavírus. "O mercado brasileiro ainda é muito afetado pela grave situação sanitária do país e pela crise sócio-econômica local causada pela Covid. Este contexto dificulta a criação de valor e tem levado a empresa a parar sua operação no Brasil", declarou a Cabify em nota.

A multinacional também comparou o nível de recuperação da operação brasileira com o de outros países em que opera. O aplicativo vai manter suas operações na Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, México, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai.

"Todas as cidades da América Latina e da Espanha onde Cabify está presente mostram bons índices de recuperação em comparação com o nível de atividade anterior à pandemia", diz a nota da Cabify.

Trabalhadores prejudicados

Dos motoristas, o aplicativo também exigia carros mais novos do que as demais plataformas de mobilidade. Para o Sindicato, “milhares de motoristas foram atraídos, investindo, por sua vez, nos seus veículos e na sua qualificação. E então simplesmente se anuncia que deixam o Brasil. São imensos os prejuízos que a saída abrupta da Cabify causa ao nosso país e, principalmente, aos que com ela trabalham”.

O Simtrapli-RS vai encaminhar uma denúncia ao Ministério Público do Trabalho, pedindo que sejam tomadas providências para que nenhuma empresa saia do país sem antes garantir os seus compromissos e pagar as suas dívidas com os trabalhadores.

Além disso, a assessoria jurídica do Sindicato “estará, igualmente, à disposição de todos os motoristas que buscarem no Poder Judiciário os seus direitos, bem como as devidas indenizações que lhes são devidas”.

Leia a íntegra da nota!

NOTA PÚBLICA DE REPÚDIO

O Sindicato dos Motoristas em Transportes Privados por Aplicativos do Estado do Rio Grande do Sul (SIMTRAPLI-RS) vem a público expressar o seu REPÚDIO à decisão anunciada pela empresa CABIFY de retirar-se do Brasil no próximo dia 14 de junho.

A CABIFY é uma empresa espanhola que atua em 9 cidades do Brasil, dentre as quais Porto Alegre. Pelas características do serviço que presta, que ela mesmo denomina “transporte corporativo”, é uma das empresas do setor com maior número de motoristas em regime de exclusividade.

A empresa seguidamente propagandeava na imprensa o seu crescimento no Brasil e os investimentos que pretendia fazer. Milhares de motoristas foram atraídos, investindo, por sua vez, nos seus veículos e na sua qualificação. E então simplesmente se anuncia que deixam o Brasil. São imensos os prejuízos que a saída abrupta da CABIFY causa ao nosso país e, principalmente, aos que com ela trabalham.

O Brasil não pode aceitar passivamente estas empresas sanguessugas, que vêm ao nosso país, exploram nossas riquezas e nossos trabalhadores, e vão embora quando querem, sem indenizar corretamente os prejuízos que deixam.

O SIMTRAPLI-RS vai tomar todas as medidas necessárias para evitar que esta verdadeira fuga deixe um rastro de prejuízos. Nossa Assessoria Jurídica estará, igualmente, à disposição de todos os motoristas que buscarem no Poder Judiciário os seus direitos, bem como as devidas indenizações que lhes são devidas.

Não podemos e não vamos permitir que uns poucos empresários, em decisão desumana e unilateral, causem tanto sofrimento a tanta gente.


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