Movimentos querem ações práticas do Fórum Social Mundial
CUT e parceiros da delegação brasileira destacam necessidade de articulação global
Publicado: 29 Março, 2015 - 15h11 | Última modificação: 31 Março, 2015 - 19h07
Escrito por: Luiz Carvalho, da Tunísia (*)
Mulheres tunisianas carregam bandeira da CUT ao lado do secretário-geral da CUT-MA (Nivaldo Dirigentes da CUT durante ato que encerrou o fórum (Foto: CUT Nacional)
Como na abertura do Fórum Social Mundial, no último dia 24, organizações de movimentos populares de todo o mundo ocuparam as ruas de Túnis, na Tunísia, para encerrar o encontro nesse sábado (28).
Agora, as atenções se voltam à reunião do Conselho Internacional (CI) que organiza o evento e tem a CUT entre os membros. O CI já já defiiniu que a próxima edição acontecerá em agosto de 2016, em Montreal, Canadá.
Além disso, em janeiro de 2016, Porto Alegre receberá o Forum Social Temático. As edições temáticas ocorrem anos ímpares, nos intervalos das atividades gerais. Também no ano que vem acontecerá um seminário internacional na Grécia.
Durante debate de avaliação pela delegação brasileira, o diretor Executivo da CUT, Rogério Pantoja, destacou o legado do primeiro fórum, em 2011, na Tunísia e apontou as perspectivas para novos ares.
“A Tunísia não é a mesma que encontramos em 2013, mas foi o único país que se mantém na democracia após a Primavera Árabe. Os atentados recentes acabaram inibindo a participação de muitas entidades no Fórum, mas fazemos uma avaliação de que foi positivo de que agora é preciso repensar a estrutura, como encaminhar as atividades numa questão mais concreta por conta da conjuntura e da criminalização global e intensificada dos movimentos sociais”, disse.
Para o dirigente, o cenário atual exige nova postura do Fórum. “No contexto político que temos, não dá mais só para ficar só no debate. Claro que para um conselho internacional com 150 entidades de toda a parte do mundo tirar ação conjunta não é fácil, mas precisa ser construída. Precisamos dizer como nos contrapormos a esse modelo atual não só com documentos, mas também com campanhas e ações para ganhar força interna e resgatar muitas entidades que estavam no início, mas estão desiludidas com o fato de o fórum não ter ação concreta”, defendeu.
Democracia mais forte
Diretor Executivo da Abong (Associação Brasileira de ONGs), Damien Hazard, também avaliou que o processo democrático se fortaleceu na Tunísia com o encontro e foi fundamental para articular movimentos populares e tradicionais e as novas forças em defesa da democracia.
“Na região, conseguiram fazer mapeamento maior dos movimentos existentes porque é uma sociedade civil nova, mas crescente e efervescente que e começa a se firmar no espaço social”, disse.
Para ele, a confirmação desta edição mesmo após o atentado ao museu do Bardo, em Túnis, representou não só a solidariedade às organizações locais, mas a todos que lutam contra o imperialismo, os movimentos conservadores e antidemocráticos.
Hazard alertou ainda para a necessidade de o fórum se voltar à ampliação da participação de povos tradicionais. “Faltou o diálogo com esses que são as maiores vítimas do modelo de desenvolvimento capitalista. Também acho necessário aprofundar algumas temáticas como migrações para entender que os imigrantes são parte do povo de qualquer país.”
Meio ambiente na pauta
A CUT também esteve presente em uma das assembleias de convergência que encerraram as atividades na Universidade de El Manar, em Tunis.
Representante da Central, Rogério Pantoja falou sobre a contribuição do movimento sindical brasileiros nos debates preparatórios para a COP 21 (Conferência do Clima). Ele disse que a Central não abre mão de uma transição ambiental justa em que o desenvolvimento seja sustentável, mas não resulte em demissões por conta da mudança no mercado de trabalho.
“Desde a COP de Lima (2014) iniciamos uma negociação com o governo brasileiro para incluir o tema da transição justa no tratado final. E em maio iremos realizar um seminário internacional no Brasil com a CSA (Confederação Sindical das Américas) e CSI (Confederação Sindical Internacional) para discutir o tema. Além de acompanharmos as discussões sobre essa questão na OIT (Organização Internacional do Trabalho)”, falou.
* Atualizado dia 30/4, às 5h44