Escrito por: Redação CUT

MPT investiga patrão do Espírito Santo por suspeita de assédio eleitoral

Em um vídeo encaminhado a procuradoria regional ele diz aos funcionários que, a depender de quem eles escolherem nas eleições deste ano, não vão poder reclamar se ficarem sem emprego no futuro

Reprodução/@mnssouza no Twitter

Empresário é flagrado no Espírito Santo praticando assédio eleitoral contra seus trabalhadores e trabalhadoras e o Ministério Público do Trabalho (MPT) instaurou, nesta segunda (26), um inquérito civil para apurar o crime.

Coagir trabalhadores e trabalhadoras no local de trabalho a votar em determinado candidato é assédio eleitoral laboral. É crime. E tem de ser combatido, denunciado e punido. Não aceite calado, procure seu sindicato, denuncie”, já havia orientado o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre.

Leia mais: Assédio eleitoral é crime; folheto da CUT e demais centrais orienta trabalhador a denunciar

E foi isso que os trabalhadores na empresa Imetame, em Aracruz (ES), município a cerca de 85 quilômetros de Vitória, fizeram.

A procuradoria regional recebeu um vídeo onde um homem que, segundo o MPT é o patrão, diz a uma plateia formada por funcionários que, a depender de quem escolherem nas eleições deste ano, "não vai poder reclamar" se ficarem sem emprego.

Segundo um internauta que publicou o vídeo no Twitter, o homem é gerente do grupo Imetame, que atua nos segmentos de metalmecânica, energia, pedras ornamentais e óleo e gás (a empresa é uma das que arrematou áreas no leilão da Petrobras de 2020).

O gerente não fala o nome do primeiro colocado nas pesquisas, o ex-presidente Lula (PT),que tem chance de vencer no primeiro turno, mas se refere a coisas absurdas que se louve por aí em relação a família, sem dizer o que é.

 Ele também não fala o nome do segundo colocado, o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, que tem entre 10 e 15 pontos a menos do que Lula, mas dá indiretas e faz ameaças veladas ao dizer que se os trabalhadores votarem errado, a empresa que está investindo no atual governo pode não investir mais. “E no futuro”, quem ficar desempregado, “não vai poder reclamar”, diz o gerente.

Confira o vídeo

Empresário coagindo os seus funcionários a votar no Bolsonaro. Compartilhem sem dó! pic.twitter.com/3eHPkj5WaP

— XANDE OBSESSOR #ViraVoto (@omarxista) September 26, 2022

Em nota, a empresa diz que "o único pedido foi para que as pessoas tenham serenidade no momento de realizar a escolha de seus candidatos. Respeitamos sempre as posições e opiniões individuais de cada um", diz a companhia.

Ruralista baiana que assediou eleitoralmente assinou TAC

"Demitam sem dó eleitores de Lula”, disse em vídeo a ruralista baiana Roseli Vitória Martelli D’Agostini Lins a seus colegas do agronegócio. C

Questionada, ela assinou um termo de ajuste de conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho (MPT) onde se comprometeu a se retratar, reconhecendo que errou ao praticar assédio eleitoral, o que já fez para se livrar de um processo judicial.

O acordo prevê ainda que, a título de dano moral coletivo a empresária deve bancar uma campanha de esclarecimento em emissoras de rádio da região oeste da Bahia e na capital do estado.

A campanha deve reforçar a liberdade do voto e a ilegalidade de coação de trabalhadores no processo eleitoral. Esses spots já começaram a ser veiculados.