Escrito por: Redação CUT
Governador do Estado disse que o percentual de reajuste da categoria, que ganha menos de um salário mínimo no inicio da carreira, é zero. Isso depois de aumentar o próprio salário em mais de 16%
Os trabalhadores e as trabalhadoras administrativos de Mato Grosso do Sul estão em greve por tempo indeterminado desde o último dia 20 por aumento de salário e melhores condições de trabalho, mas até agora não avançaram as negociações com a equipe do governador Reinaldo Azambuja Silva.
O agropecuarista tucano aumentou o próprio salário em mais de 16,38%, mas na única vez em que sua equipe recebeu os representantes da categoria disse que o percentual de reajustes para os servidores este ano será 0% e ainda cortou o abono de R$ 200,00 que vem dando desde 2015. Depois da reação da categoria, voltou atrás e manteve o abono até esta sexta-feira (31).
Em 2015, Azambuja já havia negado reajuste para o pessoal do administrativo. Em 2016, concedeu apenas um abono de R$ 200,00, sem aumento de salário; em 2017, reajustou os salários em 2,95% em setembro e em 2018, de 3,04% em maio.
O salário inicial dos trabalhadores administrativos em educação do Mato Grosso do Sul é o menor do estado (R$ 854,12) e, também menor do que o salário mínimo nacional que hoje está em R$ 998,00.
“Quantos trabalhadores e trabalhadoras sobrevivem com essa quantia, de menos de um salário mínimo?”, questionou o presidente da Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (FETEMS), professor Jaime Teixeira, na tribuna da Assembleia Legislativa do Estado, onde discutir o problema a convite do deputado Pedro Kemp (PT).
De acordo com o professor, apesar da defasagem da tabela de salários pagos aos servidores estar extremamente defasada precisando ser revista, o governo ainda quer impedir a categoria de lutar por seus direitos.
“Recebemos liminar proibindo 2/3 do efetivo de entrar em greve, mesmo com o pior salário de servidor administrativo estadual”, complementou indignado o presidente da FETEMS, que pediu o apoio e a intermediação dos parlamentes já que o governo não demonstra interesse em dialogar.
O presidente do Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação de Campo Grande (SINTED), Wilds Ovando, disse na mesma tribuna que, desde 2017 os servidores e servidora enfrentam essa ‘novela’.
“Não consigo entender o governador conceder um reajuste de mais de 15% para si mesmo e alegar que não é possível o reajuste salarial dos servidores públicos”.
“A greve continua até termos uma resposta do Executivo. É preciso encontrar uma solução que nos contemple. Se possível, um projeto que, ao menos, nos dê uma previsão de incorporação deste abono salarial, não apenas a prorrogação”, concluiu Wilds.
Segundo Kemp, o governo precisa rever seu posicionamento, pois além de não reajustar o salário quer aumentar a jornada de 6h para 8h. Para ele, a greve é um instrumento legítimo de luta dos trabalhadores por melhores condições de trabalho e renda.
A Vice-presidente da Fetems, Sueli Veiga Melo, criticou a postura do governo e disse que a resposta da categoria é uma só: “A greve continua”.
Segundo ela, os Administrativos da Educação vão continuar fazendo várias mobilizações por município, por região, e na capital e, nesta quinta-feira (30), vão fazer uma avaliação sobre a paralisação e discutir estratégias de luta, “mas, se nada mudar, a greve continua”.
Reivindicações
As reivindicações da categoria são: 1) reajuste salarial; 2) a incorporação imediata do abono salarial de R$ 200,00 nos salários; 3) manutenção da jornada de trabalho de 6 horas que o governador quer ampliar para 8 horas sem aumento de salário; 4) chamada dos concursados; e, 5) criação de uma política de valorização do salário.
Até agora, o governo do MS voltou atrás em apenas um ponto: disse que pode prorrogar o abono salarial até o fim de maio de 2020.