Escrito por: Vitor Nuzzi, da RBA
Previsão do MST, principal produtor latino de arroz orgânico, é de colher 12 mil toneladas na atual safra. Movimento e apoiadores pedem mais políticas públicas
Virtual, a 18ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz Agroecológico, na tarde desta terça-feira (30), enfatizou a necessidade de políticas públicas de apoio à agricultura familiar e pelo combate à insegurança alimentar. Agora, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) – maior produtor de arroz orgânico da América Latina, segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) – prevê colher 12,4 mil toneladas do produto nesta safra, por meio de cooperativas no Rio Grande do Sul.
De acordo com o movimento, a produção é feita por 389 famílias, em 12 assentamentos espalhados por 11 municípios gaúchos. A expectativa é de colher 248 mil sacas de 50 quilos. Parte dessa produção, e de vários outros itens, pode ser adquirida nos Armazéns do Campo, lojas mantidas pelo MST em várias cidades.
Soberania alimentar
Além de marcar simbolicamente o início da colheita, a live de hoje, com muita cantoria, reuniu entidades e apoiadores dos sem-terra em diversos pontos do mundo. Com isso, foram transmitidas mensagens gravadas na Guatemala, Finlândia, Nepal, Portugal, Uruguai e Zâmbia. “Soberania alimentar é um projeto político popular que reivindica o direito dos povos de continuar produzindo alimentos saudáveis, o direito à terra”, disse Karin Nansen, da ONG Amigos da Terra. “É o campesinato que realmente produz alimentos, não é o agronegócio”, acrescentou.
Já a professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Catia Grisa enfatizou a importância das políticas públicas – assistência técnica, crédito, estoques reguladores – para incentivo do modelo familiar, mas identificou um momento de “inação” e certo desmantelamento. “A urgência e a dinâmica da insegurança alimentar exigem muito mais, mais políticas e mais intervenção do Estado”, afirmou.
Projeto sustentável
Para a ex-deputada federal Manuela d´Ávila (PCdoB), as ações do MST refletem um “projeto sustentável” de nação. “É possível ao Brasil alimentar o seu povo a partir da agricultura familiar e da alimentação de qualidade”, comentou. Por sua vez, o deputado estadual gaúcho Edegar Pretto (PT) acrescentou que “é possível e viável economicamente fazer a transição agroecológica”.
Em momento de pandemia e de aumento da fome no país, os sem-terra enfatizam também a importância da solidariedade. Assim, no ano passado, integrantes do movimento doaram 4 mil toneladas de alimentos e 700 mil marmitas. No Rio Grande do Sul, os assentados doaram mais de 300 toneladas de alimentos.