Escrito por: Cida de Oliveira, da RBA
O objetivo é arrecadar recursos para doação de alimentos e a realização de ceias populares, para alimentar famílias vulneráveis em todas as grandes regiões do país
O Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) está recolhendo contribuições para sua campanha “Natal sem Fome – Cultivando Solidariedade para Alimentar o Povo”. O objetivo é arrecadar recursos para doação de alimentos e a realização de ceias populares, para alimentar famílias vulneráveis em todas as regiões do país.
As cestas estão sendo preparadas com alimentos produzidos em assentamentos e acampamentos da Reforma Agrária Popular, para garantir uma quantidade suficiente para alimentar uma família de quatro pessoas por um mês – cujo custo familiar é de R$ 300. No entanto, doações em qualquer outro valor são bem vindas.
São alimentos in natura, como arroz, feijão, café, leite, frutas, legumes, hortaliças entre outros. E também produzidos por cooperativas e agroindústrias, como cuscuz, tapioca, mel, suco, geleias, laticínios.
“A prioridade da campanha é atender pessoas em situação de rua, cozinhas comunitárias nas periferias, ocupações urbanas de famílias desempregadas e comunidades indígenas”, afirma João Pedro Stedile, da coordenação nacional do MST, mostrando na prática mais uma vez que comida de verdade são os alimentos produzidos pela agricultura familiar camponesa e não pelo agronegócio, que bate recordes de lucro às custas de uma nação faminta.
A solidariedade é uma prática que está enraizada na base social do movimento sem-terra desde sua fundação. Mas as ações solidárias nunca foram tão necessárias e urgentes como agora, quando o Brasil voltou ao mapa da fome e tornou-se comum pessoas buscarem alimentos no lixo ou em restos de açougue. A cada 10 famílias brasileiras, cinco não sabem se terão a próxima refeição.
A má gestão da pandemia de covid-19 pelo governo Bolsonaro, que já matou mais de 614 mil brasileiros, e da economia, que não cresce e não cria empregos, tem espalhado e aprofundado a pobreza. Desde o início da pandemia, em março do ano passado, o MST já doou mais de 5 mil toneladas de alimentos e 1 milhão de marmitas nas periferias urbanas e rurais do Brasil.
A ação solidária natalina acontece de 10 de dezembro a 6 de janeiro. Segundo o teólogo Leonardo Boff, que integra a rede de apoiadores da iniciativa, não se trata só de dar o alimento, mas de oferecer os alimentos produzidos pelos camponeses. “Então ajudamos os dois: os que estão plantando e aqueles que estão consumindo. Vamos ser solidários, que este Natal seja o nascimento em nós desta virtude que é a mais humana de todas.”
O início da entrega das cestas está marcado para o próximo dia 10, Dia Internacional dos Direitos Humanos e da luta contra a fome e a insegurança alimentar. Afinal, a campanha integra a agenda de uma frente nacional contra a fome, formada pelo MST e diversos outros movimentos, organizações e entidades que enfrentam a fome e a insegurança alimentar.
Durante reunião do comitê gestor da frente na “I Plenária Nacional Contra a Fome”, realizada de forma remota na última sexta-feira (26), agentes que estão na linha de frente contra a fome nas comunidades relatam que estamos vivendo um momento tão crítico no quadro de insegurança alimentar, que as famílias narram que não têm conseguido alimentos nem mesmo nos lixões.
Para eles, o agravamento dessa crise tem raízes tamb´ém na falta de subsídios ao campesinato, gestão pública e como isso tudo repercute tanto no campo quanto na fome crescente também nas cidades.
“Frente ao desmantelamento de políticas públicas de assistência social, desmantelamento do estoque público de comida, como é o caso da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e todos esses outros temas que estão relacionados”, lembrou Kelli Mafort, da direção nacional do MST, durante a plenária.
Para além da doação de alimentos em si, o comitê gestor dessa frente tem buscado dialogar com sua base social sobre como o desmonte das políticas de subsistência e soberania alimentar, que vêm sendo promovido pelo governo Bolsonaro, soma a urgência de enfrentar os desafios de superá-los enquanto força popular e organizada com os distintos setores da sociedade.
Como doar:
Para contribuir com a campanha, basta enviar aporte para:
Caixa Econômica Federal
Ag.: 1231 CC.: 2260-1 OP: 003
CNPJ: 11.586.301/0001-65
PIX: campanha@institutocultivar.org.br