Mulheres contra Bolsonaro: centrais farão panfletagem em SP após o carnaval
Março, mês internacional da mulher, começa com ato na segunda-feira (2). Coletivo de mulheres das centrais vai dialogar com a população sobre a violência contra a mulher e os efeitos da reforma da Previdência
Publicado: 21 Fevereiro, 2020 - 13h49
Escrito por: Andre Accarini
O Coletivo Nacional de Mulheres formado pela CUT e demais centrais sindicais iniciará o mês de março – Mês Internacional da Mulher – com uma ação em São Paulo para conscientizar as trabalhadoras sobre os impactos da reforma da Previdência, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada por Jair Bolsonaro, que aumenta o tempo de contribuição, a idade mínima e reduz o valor do benefício das mulheres na hora de aposentar.
A atividade será realizada no Largo da Concórdia, nas proximidades das estações de trem e metrô, no Brás, tradicional bairro operário da capital paulista, na região central , às 6h da manhã, do dia 2 de março (segunda-feira). No local, as sindicalistas vão entregar panfletos sobre as perdas com a reforma da Previdência e dialogar sobre as suas consequências na vida de cada trabalhadora.
Juneia Batista, secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, explica que o mês, cujo tema é “Mulheres contra Bolsonaro”, engloba pautas como a luta contra violência praticada contra as mulheres e a defesa do Estado democrático de direito, mas o foco da atividade no dia 2 de março será demonstrar a destruição promovida pela reforma da Previdência
“As mulheres ainda não estão sentindo ainda a tragédia que será a reforma na vida delas. Muda o tempo de contribuição e isso impacta na possiblidade de se aposentar um dia. Todas as regras deixaram ainda mais difícil as vidas das mulheres”, diz Juneia.
“Hoje nós já temos dificuldades porque ainda a maioria das mulheres é que cuida da casa e dos filhos também. De agora em diante, com as novas regras, a situação se agrava”, afirma a dirigente.
Para ela, com as reformas da Previdência e Trabalhista, esta última em vigor desde novembro de 2017, que precarizou relações de trabalho, a aposentadoria será algo raro no futuro.
“Não vejo pessoas aposentadas daqui a 30 anos. As pessoas não vão conseguir atingir o tempo mínimo de contribuição [ fixado em 15 anos e 62 anos de idade mínima para as mulheres ]. E no caso das mulheres, pior ainda, porque elas ficam menos tempo no mercado de trabalho”, diz.
O ato antecede à Marcha das Mulheres que será realizada em várias cidades no Brasil, no dia 8 de março, organizadas por movimentos de mulheres e centrais sindicais.
Em São Paulo, a passeatas irá da Avenida Paulista e passará pela rua Augusta em direção à Consolação. A concentração começará às 14h, na praça Mario Covas, às 14h.
Juneia reforça que a luta pela democracia é uma luta legítima das mulheres, que mais enfrentam ataques nesses tempos.
Bolsonaro tem se prestado a misoginia, à intransigência, à violência contra às mulheres. “É só ver o que ele falou sobre a jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de SP”, lembra Juneia.
Patrícia foi ofendida por Bolsonaro em uma entrevista coletiva. Ele insinuou troca de favores sexuais entre a profissional e sua fonte para a elaboração de uma matéria que denunciou a rede fake news que favoreceu o então candidato nas eleições 2018.
“O machismo está escancarado, incentivado por Bolsonaro, que por ser presidente, deveria ter um mínimo de compostura. No entanto ele só mostra despreparo e um desrespeito que se reflete no aumento da violência em casa”, diz a dirigente.
“Ele aprofunda a cada dia mais os preconceitos. É como se ele desse um aval pros seus seguidores fazerem a mesma coisa. Nunca vi coisa igual”, completa.
Bolsonaro é representante da nação. E nos envergonha desde o primeiro dia porque o tempo todo ele prega a desarmonia
Nas ruas
As representações nos atos do mês internacional da mulhere vão destacar as mulheres negras, que de acordo com Juneia, são as que mais sofrem com os ataques aos direitos da classe trabalhadora, além das mulheres indígenas, LBT´s (lésbicas, bissexuais e transgênero).
A ideia das atividades do 8 de março, em especial na cidade de São Paulo, diz Juneia, “é protestar com o espírito do carnaval, com batucadas e performances artísticas, para dar voz à todas as mulheres”.
“Vamos protestar contra o desmonte do Estado pelo governo, vamos protestar contra Bolsonaro”, reforça a dirigente.