Escrito por: Érica Aragão
I Conferência de Mulheres das Américas discute democracia, direitos e políticas públicas
Políticas públicas brasileiras, como os direitos das mulheres trabalhadoras domésticas conquistados nos últimos anos, seguindo a convenção 189 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), e conquistas sindicais, como a paridade na Central Única dos Trabalhadores (CUT), no qual metade homens e metade de mulheres assumirão as direções da entidade por todo país, foram contadas para mais de 200 mulheres de 30 países na l Conferência de Mulheres da CSA.
A Confederação Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas é a expressão sindical regional mais importante do continente americano. Fundada em 27 de março de 2008 na Cidade do Panamá, ela filia 53 organizações nacionais de 23 países, que representam mais de 50 milhões de trabalhadores/as. A CSA é a organização regional da Confederação Sindical Internacional (CSI).
Considerado pelas mulheres um marco para o movimento sindical, a CSA junto com o Comitê das Mulheres Trabalhadoras nas Américas (CMTA) organizaram a I Conferência de Mulheres "Democracia, Autonomia das Mulheres e da Igualdade dos Géneros" na cidade do Panamá entre os dias 9 e 11 de setembro.
No encontro foram discutidos temas como: direitos sexuais reprodutivos, igualdade salarial entre homens e mulheres, autonomia no direito de decidir, autonomia das mulheres, democracia, políticas públicas, entre outros, uma troca de informações e propostas.
“Mesmo vivendo em países tão diferentes, a gente percebe por meio da conferência que os problemas e conflitos que nós temos no Brasil não são diferentes das mulheres que vivem no México, Argentina, Guatemala, Costa Rica e em toda nossa região. Por isso é através da unidade, da solidariedade das mulheres que a gente vai transformando este mundo tão desigual e tão cruel para nós”, destacou Rosane.
A secretária nacional das mulheres trabalhadoras da CUT também explicou que essa conferência foi construída coletivamente na CSA. “Essa conferencia representa pra nós um aprofundamento da nossa auto organização, com o objetivo de que nós mulheres fossemos as produtoras da nossa própria pauta”, conta Rosane Silva.
Uma delegação de 10 mulheres da CUT estiveram presentes. Além de Rosane, foram para o encontro: a Secretária-Geral adjunta, Maria Godoi de Farias, Secretária Nacional de Comunicação, Rosane Bertotti, Secretária de Relações do Trabalho, Graça Costa, Secretária de Combate ao Racismo, Maria Julia Reis Nogueira, Secretária de Saúde do trabalhador, Junéia Martins Batista e a Secretária da Mulher da Contraf-CUT, Elaine Cutis, Fátima Veloso, secretária de Relações do Trabalho da CNTSS-CUT; além de dirigentes da Confederações Nacionais dos Trabalhadores em Educação (CNTE-CUT), Selene Michelin e dos Metalúrgicos (CNM), Catia Barboza.
Mas as mulheres discutiram também pautas gerais. A Secretária de Saúde do Trabalhador da CUT, Junéia Batista, lembrou que em tempos de ajustes fiscais as mais prejudicadas são sempre as mulheres. “É importante a mulher, além de lutar por pautas específicas para as mulheres, também participarem das discussões de política, economia mais geral, porque quem sofre a violência econômica somos nós”, justificou Junéia.
Desta conferência saiu uma resolução. O texto foi elaborado em conjunto por todas as organizações filiadas e contém eixos que demandam: a promoção da igualdade de gênero nas áreas: trabalhista, sindical e sócio-político, bem como a construção da autonomia das Mulheres: Física, econômica, juntamente com as conclusões e linhas de ação.
Para Rosane Silva isso retrata, por exemplo, que os temas das mulheres vão estar no centro de debate da CSA. “Nós vamos levar o tema democracia, autonomia, igualdade entre homens e mulheres como temas centrais que a CSA tem que olhar com a mesma centralidade que olha para as pautas gerais”, destaca Rosane.
“Tem uma frase da Marcha Mundial das Mulheres que diz o seguinte: “Pra mudar o mundo nós precisamos mudar a vida das mulheres e para mudar a vida das mulheres é preciso mudar o mundo. Então esta luta é contra o capitalismo e contra o neoliberalismo, que é uma luta de todos nós”, finaliza a dirigente.