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Mulheres da CUT se solidarizam com jornalista por falta de decoro de Bolsonaro

Em nota, sindicalistas afirmam que o episódio de misoginia, vulgar, grosseiro e indecoroso do presidente é para desviar a atenção de suas relações com a milícia e sobre o uso de Fake News em sua eleição

Publicado: 21 Fevereiro, 2020 - 15h40 | Última modificação: 21 Fevereiro, 2020 - 16h06

Escrito por: CUT Nacional

CUT Nacional
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Na tarde desta sexta-feira (21), em nota, as mulheres da CUT disseram que assistiram indignadas, mais uma vez, a falta de decoro do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), agora, contra uma jornalista da Folha de São Paulo, Patricia Campos Mello e prestaram solidariedade à ela.

É que na última terça-feira (18) Bolsonaro insultou a profissional com uma insinuação sexual sobre o seu trabalho fazendo um trocadilho com a expressão "dar o furo" se referindo a reportagem investigativa de Patrícia que denunciou o pagamento feito por um grupo de empresários apoiadores de Bolsonaro para o envio em massa de mensagens falsas por meio de aplicativo na campanha presidencial de 2018.

As sindicalistas afirmam no documento que não tiveram surpresa nenhuma neste ato de Bolsonaro, mas se perguntam: "qual o limite da sociedade e das instituições brasileiras em relação às recorrentes quebra de decoro de um presidente que, diariamente, desrespeita a instituição da Presidência da República e os nossos direitos como mulheres, trabalhadoras e cidadãs brasileiras?"

Elas afirmam que o episódio de misoginia, vulgar, grosseiro e indecoroso do presidente é para desviar a atenção de suas relações com a milícia e sobre o uso de Fake News em sua eleição e ressaltam: "as petroleiras da CUT, as servidoras públicas, as agricultoras familiares, as domésticas, as metalúrgicas e todas as mulheres trabalhadoras organizadas na Central não se intimidam", diz trecho da nota.

As sindicalistas finalizam o documento dizendo que "fomos forjadas na luta, o poder misógino, sexista, racista e transfóbico não nos sujeitará, a liberdade é nossa própria substância".

Abaixo a nota na íntegra: 

Nós mulheres da CUT assistimos indignadas mais uma vez a falta de decoro do presidente Jair Bolsonaro. Desta vez, contra uma profissional do jornalismo, a premiada jornalista da Folha de São Paulo, Patrícia Campos Mello.

À ela e todas as profissionais do jornalismo, artistas e políticas constantemente agredidas por Bolsonaro, prestamos nossa solidariedade.

Infelizmente, não há nenhuma surpresa em mais este episódio de misoginia no qual o presidente da República ataca uma jornalista de modo vulgar, grosseiro e indecoroso para desviar a atenção de suas relações com a milícia e sua eleição com uso de fake news. Neste episódio, Bolsonaro fez um trocadilho infame com a expressão “dar o furo”, imprimindo a ela conotação sexual.

Sempre nos perguntamos: qual o limite da sociedade e das instituições brasileiras em relação às recorrentes quebra de decoro de um presidente que, diariamente, desrespeita a instituição da Presidência da República e os nossos direitos como mulheres, trabalhadoras e cidadãs brasileiras?

Bolsonaro ao longo de seus 32 anos na política construiu um longo currículo de agressões. A presidenta Dilma Rousseff, a ministra Eleonora Menicucci e as deputadas Maria do Rosário e Benedita da Silva foram algumas das vítimas com maior visibilidade de seus crimes misóginos e homofóbicos, cometidos diretamente da tribuna do Congresso.

Entretanto, esse rol absurdo de agressões sempre foi tratado pela imprensa corporativa como “declarações polêmicas” e, raramente, teve alguma consequência concreta.

Nós, ao longo destes 32 anos, denunciamos a misoginia, o sexismo, a homofobia, transfobia e o racismo de Bolsonaro. Saímos às ruas em marcha contra a sua eleição, porque sempre soubemos que seu projeto ultraneoliberal e autoritário tem como alvo a classe trabalhadora e, especialmente, as mulheres trabalhadoras e sua base: as mulheres negras.

Bolsonaro nunca escondeu que coaduna com o racismo estrutural, produtor da desigualdade social no Brasil. Foi o único deputado a votar contra a segunda abolição brasileira, a PEC das Domésticas, e se orgulha disso. Guedes, ao se indignar com a possibilidade de as domésticas viajarem a lazer, é apenas uma face, sem filtros, da política econômica nefasta deste governo.

A ultraprecarização das relações de trabalho amplia a cada dia a miséria no país. Este governo inimigo dos e das trabalhadoras já acabou com a política de aumento real do salário mínimo, estabeleceu o famigerado Contrato Verde Amarelo, que amplia a precariedade imensa da “deforma trabalhista” de Temer.

Sua política transforma direitos fundamentais garantidos constitucionalmente à mercadoria, ao colocar fim ao direito constitucional à saúde e à educação públicas gratuitas e de qualidade, sucateando o acesso, mudando critérios de financiamento e estabelecendo cortes orçamentários absurdos e legitimados com EC95 do ilegítimo Temer. 

Num contexto de grande crise econômica com o aumento do dólar batendo recordes históricos assim como o desemprego; com a manutenção de uma política econômica nefasta que tem como meta privatizar empresas estatais, não poupando sequer as de valor estratégico como a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica, o presidente passa o dia na rede ou em seus discursos no Alvorada cometendo impropérios.

Assistimos o crescimento do poder da milícia que assessora Bolsonaro e à sua família e espalha o terror no país. Vemos a ordem democrática e o Estado de Direito agonizarem. Mas nós mulheres trabalhadoras continuamos na luta contra este governo nefasto.

As petroleiras da CUT, as servidoras públicas, as agricultoras familiares, as domésticas, as metalúrgicas e todas as mulheres trabalhadoras organizadas em nossa Central não se intimidam. Fomos forjadas na luta, o poder misógino, sexista, racista e transfóbico não nos sujeitará, a liberdade é nossa própria substância.

MULHERES DA CUT