Escrito por: Érica Aragão

Mulheres foram às ruas orientar e denunciar violência

Junto com a mobilização das mulheres, Travestis e Transexuais lutam para combater a AIDS

Érica Aragão
Mulheres das Centrais e da Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres de SP

Para marcar a campanha mundial ‘16 dias de ativismo’ pelo Fim da Violência Contra Mulher, que no Brasil começou no último dia 20, a Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres (SPM-SP) e o Fórum Nacional das Mulheres Trabalhadoras das Centrais Sindicais realizaram um ato nesta terça (1º), em São Paulo.

No momento cultural, a Cantora LetíciaA campanha, que vai até 10 de dezembro, tem como objetivo conscientizar a população sobre todas as formas de violência contra mulher, devido à desigualdade de gênero na sociedade, fruto da cultura machista e patriarcal no nosso país e no mundo. A Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania também participou da atividade, pois no mesmo dia da atividade é celebrado o Dia Mundial de Luta Contra a AIDS.

A atividade teve manifestação artística, panfletagem sobre violência no local de trabalho, atendimento às mulheres vítimas de violência em um ônibus móvel (uma política pública da SPM-SP), distribuição de camisinhas femininas e masculinas e testes rápido de HIV.

“São várias lutas, vários ideais se somando para que nós estejamos aqui nas ruas dialogando, informando a população sobre seus direitos. Direitos das mulheres, do público LGBT, Transexuais, Travestis, Lésbicas e Gays”, explicou a secretária da SPM-SP, Denise Mota Dau.

Junéia Martins, secretária da Mulher Trabalhadora da CUTA CUT e as demais centrais que fazem parte do Fórum, produziram um panfleto com orientações sobre o que é ‘assédio moral e sexual’ no local de trabalho e como denunciar.

Para a secretária Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT, Junéia Martins Batista, as mulheres do mundo sindical precisam de um olhar especial para a violência contra as mulheres no mundo do trabalho.

“A gente discute a violência contra a mulher de várias formas, na rua, em casa. Mas não falamos muito sobre esta violência sexista no local de trabalho, que são os assédios moral e sexual. Também não falamos das desigualdades entre homens e mulheres nos locais de trabalho.

As mulheres não estão nos cargos com mais poder de decisão, as mulheres ganham menos que os homens que cumprem a mesma função e a gente precisa denunciar”, explicou a dirigente.

Participantes do projeto Transcidadania na campanha de combate a AIDSEla também destacou a importância da secretaria municipal de Políticas para Mulheres participar da organização deste tipo de atividade, porque o poder público tem que oferecer políticas públicas para as mulheres.

“As políticas são fundamentais para dar mais direito de igualdade de oportunidades para as mulheres, que é maioria da população brasileira. Para as mulheres trabalhadoras, políticas públicas são fundamentais, como por exemplo o aumento de creches”, argumentou Junéia.

Participantes do Projeto Transcidadania, travestis e transexuais, que são estimuladas a fazer formação e entrar no mercado de trabalho, entregaram kits de preventivos, tanto feminino quanto masculino, e conversaram sobre prevenção a doenças sexualmente transmissíveis com a população que passava no local.

Segundo levantamento do Ministério da Saúde divulgado nesta terça (1º) o número de mortes por AIDS aumentou. Segundo dados oficiais, foram registradas 6,4 mortes a cada mil pessoas em 2003, enquanto que no ano passado registrou-se 5,7 falecimentos.

Roda de conversa 

“A gente tá aqui na luta do combate a essa doença que está se proliferando, a gente precisa ter consciência que o HIV não tem rosto, não tem corpo e não tem nome. Ele vem e vem forte. A gente precisa se prevenir, se cuidar, porque é o nosso corpo que sofre”, disse a representante do projeto, Aline Marques.

Ela também disse que muitas pessoas acham que o HIV está no rosto das pessoas. “Ainda bem que não está, se não a pessoa ia sofrer com a doença e com a discriminação, porque vivemos num país onde impera o preconceito”, finalizou Aline.

Perguntada sobre a violência no local de trabalho, Aline prontamente respondeu. “Nós não sofremos violência no local de trabalho, porque nem locais de trabalho a gente tem, porque não nos contratam. As empresas as até recebem nossos currículos, mas nem chamam para entrevista por causa do preconceito. É isso que estamos tentando mudar participando do projeto, a gente quer e precisa trabalhar”, finalizou ela.

O ato foi encerrado com uma roda de conversa com as mais de 50 mulheres presentes no ato.

 

Sobre os 16 dias de ativismo

Os 16 Dias de Ativismo é uma campanha que teve início em 1991, quando mulheres de diferentes países, reunidas pelo Centro de Liderança Global de Mulheres (CWGL), se mobilizaram com o objetivo de promover o debate e denunciar as várias formas de violência contra as mulheres no mundo.

A data é uma homenagem às irmãs Pátria, Minerva e Maria Teresa, que se posicionaram contrárias ao ditador Trujillo, ficando conhecidas como “Las Mariposas”, e foram assassinadas em 1960, na República Dominicana.

Cerca de 150 países desenvolvem esta campanha. No Brasil, ela acontece desde 2003, por meio de ações de mobilização e esclarecimento sobre o tema.

No Brasil, a campanha dos 16 Dias se inicia em 20 de novembro, no Dia da Consciência Negra, e termina em 10 de dezembro – Dia Internacional dos Direitos Humanos.