Escrito por: Érica Aragão
Junto com a mobilização das mulheres, Travestis e Transexuais lutam para combater a AIDS
Para marcar a campanha mundial ‘16 dias de ativismo’ pelo Fim da Violência Contra Mulher, que no Brasil começou no último dia 20, a Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres (SPM-SP) e o Fórum Nacional das Mulheres Trabalhadoras das Centrais Sindicais realizaram um ato nesta terça (1º), em São Paulo.
No momento cultural, a Cantora Letícia
A atividade teve manifestação artística, panfletagem sobre violência no local de trabalho, atendimento às mulheres vítimas de violência em um ônibus móvel (uma política pública da SPM-SP), distribuição de camisinhas femininas e masculinas e testes rápido de HIV.
“São várias lutas, vários ideais se somando para que nós estejamos aqui nas ruas dialogando, informando a população sobre seus direitos. Direitos das mulheres, do público LGBT, Transexuais, Travestis, Lésbicas e Gays”, explicou a secretária da SPM-SP, Denise Mota Dau.
Junéia Martins, secretária da Mulher Trabalhadora da CUT
Para a secretária Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT, Junéia Martins Batista, as mulheres do mundo sindical precisam de um olhar especial para a violência contra as mulheres no mundo do trabalho.
“A gente discute a violência contra a mulher de várias formas, na rua, em casa. Mas não falamos muito sobre esta violência sexista no local de trabalho, que são os assédios moral e sexual. Também não falamos das desigualdades entre homens e mulheres nos locais de trabalho.
As mulheres não estão nos cargos com mais poder de decisão, as mulheres ganham menos que os homens que cumprem a mesma função e a gente precisa denunciar”, explicou a dirigente.
Participantes do projeto Transcidadania na campanha de combate a AIDS
“As políticas são fundamentais para dar mais direito de igualdade de oportunidades para as mulheres, que é maioria da população brasileira. Para as mulheres trabalhadoras, políticas públicas são fundamentais, como por exemplo o aumento de creches”, argumentou Junéia.
Participantes do Projeto Transcidadania, travestis e transexuais, que são estimuladas a fazer formação e entrar no mercado de trabalho, entregaram kits de preventivos, tanto feminino quanto masculino, e conversaram sobre prevenção a doenças sexualmente transmissíveis com a população que passava no local.
Segundo levantamento do Ministério da Saúde divulgado nesta terça (1º) o número de mortes por AIDS aumentou. Segundo dados oficiais, foram registradas 6,4 mortes a cada mil pessoas em 2003, enquanto que no ano passado registrou-se 5,7 falecimentos.
“A gente tá aqui na luta do combate a essa doença que está se proliferando, a gente precisa ter consciência que o HIV não tem rosto, não tem corpo e não tem nome. Ele vem e vem forte. A gente precisa se prevenir, se cuidar, porque é o nosso corpo que sofre”, disse a representante do projeto, Aline Marques.
Ela também disse que muitas pessoas acham que o HIV está no rosto das pessoas. “Ainda bem que não está, se não a pessoa ia sofrer com a doença e com a discriminação, porque vivemos num país onde impera o preconceito”, finalizou Aline.
Perguntada sobre a violência no local de trabalho, Aline prontamente respondeu. “Nós não sofremos violência no local de trabalho, porque nem locais de trabalho a gente tem, porque não nos contratam. As empresas as até recebem nossos currículos, mas nem chamam para entrevista por causa do preconceito. É isso que estamos tentando mudar participando do projeto, a gente quer e precisa trabalhar”, finalizou ela.
O ato foi encerrado com uma roda de conversa com as mais de 50 mulheres presentes no ato.
Sobre os 16 dias de ativismo
Os 16 Dias de Ativismo é uma campanha que teve início em 1991, quando mulheres de diferentes países, reunidas pelo Centro de Liderança Global de Mulheres (CWGL), se mobilizaram com o objetivo de promover o debate e denunciar as várias formas de violência contra as mulheres no mundo.
A data é uma homenagem às irmãs Pátria, Minerva e Maria Teresa, que se posicionaram contrárias ao ditador Trujillo, ficando conhecidas como “Las Mariposas”, e foram assassinadas em 1960, na República Dominicana.
Cerca de 150 países desenvolvem esta campanha. No Brasil, ela acontece desde 2003, por meio de ações de mobilização e esclarecimento sobre o tema.
No Brasil, a campanha dos 16 Dias se inicia em 20 de novembro, no Dia da Consciência Negra, e termina em 10 de dezembro – Dia Internacional dos Direitos Humanos.