Mulheres gaúchas se preparam para Marcha das Margaridas 2023
Caravana com vários ônibus levarão as mulheres gaúchas das mais diversas categorias de trabalhadoras e de movimentos sociais às ruas da capital federal
Publicado: 14 Agosto, 2023 - 12h26 | Última modificação: 14 Agosto, 2023 - 12h33
Escrito por: CUT-RS
Trabalhadoras do campo e da cidade se preparam para embarcar neste fim de semana rumo à 7ª Marcha das Margaridas, que ocorre na próxima terça e quarta-feira, 15 e 16 de agosto, em Brasília, com a expectativa de reunir cerca de 100 mil participantes de todo o país.
Segundo a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-RS, Mara Weber, está sendo organizada uma caravana com vários ônibus, que levarão as mulheres gaúchas das mais diversas categorias de trabalhadoras e de movimentos sociais às ruas da capital federal.
Para viabilizar a viagem, as companheiras promoveram inúmeras iniciativas nos últimos meses para a arrecadação de dinheiro.
A Marcha é organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), com o apoio de várias entidades sindicais, como a CUT, e movimentos sociais.
Tributo à companheira Margarida Alves
Conforme Mara, “a Marcha das Margaridas iniciou em 2000 em tributo à luta da companheira Margarida Alves, paraibana, sindicalista e defensora dos direitos humanos, assassinada em 12 de agosto de 1983, em frente à casa onde morava, em Alagoa Grande, na Paraíba”.
“No início era um movimento das mulheres rurais, mas em 2007 passou a integrar mulheres do campo, cidade, águas e floresta e ampliando suas pautas na defesa da democracia, do meio ambiente e de direitos sociais, sem abrir mão da sua pauta principal, que era o combate à fome, à pobreza e à violência sexista”, explica.
A pauta feminista foi tendo cada vez mais importância a cada edição. “Em 2015 a Marcha teve como ponto central de sua pauta a defesa da presidenta Dilma e a resistência ao golpe que, além das questões geopolíticas e econômicas, teve a marca da misoginia”, esclarece Mara.
Pela reconstrução do Brasil e pelo bem viver
Este ano, o tema é “Pela reconstrução do Brasil e pelo bem viver” e a pauta das Margaridas é composta de 13 eixos:
- Democracia e participação popular;
- Poder e participação política das mulheres;
- Vida livre de todas as formas de violência, sem racismo e sem sexismo;
- Autonomia e liberdade das mulheres sobre o seu corpo e a sua sexualidade;
- Proteção da natureza com justiça ambiental e climática;
- Autodeterminação dos povos, com soberania alimentar, hídrica e energética;
- Democratização do acesso à terra e garantia dos direitos territoriais e dos maretórios;
- Direito de acesso e uso da biodiversidade, defesa dos bens comuns;
- Vida saudável com agroecologia e segurança alimentar e nutricional;
- Autonomia econômica, inclusão produtiva, trabalho e renda;
- Saúde, Previdência e Assistência Social pública, universal e solidária;
- Educação pública não sexista e antirracista e direito à educação do e no campo;
- Universalização do acesso à internet e inclusão digital.
As reivindicações construídas a partir desses eixos, que compõem a Pauta das Margaridas de 2023, já foi entregue em cerimônia realizada em 21 de junho para as mãos da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves. Ela declarou que seria distribuída aos ministérios correspondentes e ao presidente Lula, que deve fazer a devolutiva no encerramento da Marcha.
Na entrega da pauta, a coordenadora da Marcha, Mazé Morais, afirmou que as pautas apresentadas pelas Margaridas não dizem respeito a apenas um ministério, mas a todo o governo. Ela mencionou os novos tempos com que são recebidas no Palácio do Planalto, depois de vários anos de retrocessos em todas as áreas.
Mulheres na defesa da democracia
“A Marcha deste ano tem muitos significados, pois as mulheres foram decisivas na defesa da democracia e na derrota eleitoral do bolsofascismo. Será também a primeira grande manifestação democrático popular desde a posse de Lula e da tentativa de golpe de bolsonaristas”, aponta a dirigente da CUT-RS.
Mara lembra que “no 8 de janeiro vimos o que uma massa desorganizada e guiada pelo ódio é capaz. Agora, pelas mãos e pés de mais 100 mil mulheres (que é o número projetado de presenças na marcha), o país poderá conhecer como uma massa organizada se movimenta e luta.
“Será lindo e histórico, assim como é histórica a nossa delegação do Rio Grande do Sul, com 800 integrantes credenciadas na coordenação nacional da Marcha”, adianta.
A CUT e suas entidades filiadas fizeram um grande esforço em busca de apoios e doações para garantir ônibus e alimentação às mulheres do movimento sindical e social, incluindo as companheiras do projeto CUT com a Comunidade.
A dirigente sindical ressalta que “a Marcha das Margaridas é um grande movimento feminista de formação e organização das mulheres, na luta pelo bem viver”.