Escrito por: Redação CUT
Se diferença registrada nos últimos 20 anos for mantida, as mulheres só terão equiparação salarial com os homens em 2047, ou seja, daqui a 29 anos
O rendimento médio mensal das mulheres paulistanas é 62% do rendimento dos homens. As maiores discrepâncias foram encontradas nas áreas mais ricas da cidade, onde estão as melhores oportunidades de trabalho.
Os dados foram levantados pelo Mapa da Desigualdade de São Paulo, da Rede Nossa São Paulo, que pesquisa 53 indicadores nas várias áreas da administração pública com o objetivo de identificar as prioridades e necessidades da população nos 96 distritos da capital paulista.
Enquanto as mulheres ganhavam, em 2017, R$ 938,00 por mês, os homens ganham R$ 1.508,00. Se for mantida a diferença registrada nos últimos 20 anos, as mulheres só terão equiparação salarial em 2047, ou seja, daqui a 29 anos.
As diferenças entre os salários das mulheres em relação aos dos homens foram registradas em praticamente todos os distritos e, em muitos casos, foram democráticas: tantos nos bairros mais ricos quanto nos mais pobres, as mulheres ganharam menos.
Na Consolação, bairro nobre que fica no centro de São Paulo, as mulheres ganharam 40% menos do que os homens. Na Vila Formosa, a diferença foi de 30,8% e em José Bonifácio, de 28,5%, ambos ficam no extremo da zona leste.
Dos 96 distritos, só em sete as mulheres ganhavam, mais, em 2017, em nenhum a renda entre os gêneros é igual.
Para a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT Juneia Batista, é vergonhoso que na maior e mais rica cidade do país ainda exista esse tipo de discrepância.
“A cidade de São Paulo é o terceiro PIB do Brasil, atrás somente do estado de São Paulo e do próprio país. É incompreensível essa diferença. O ideal é que essa distância entre salários de homens e mulheres chegasse a zero no máximo em 15 anos”.
“O sonho”, diz Juneia, “seria que tivéssemos atualmente a mesma diferença salarial dos países escandinavos que é de apenas 3%”.
Mas o futuro não parece promissor para as mulheres com os novos governantes e a insegurança política que vivemos, acredita a dirigente.
“Temos [Bruno] Covas na prefeitura, João Doria no governo do estado e [Jair] Bolsonaro no governo federal. Eles não têm política voltadas para as mulheres, e para piorar , a mulher é a mais vulnerável após a reforma Trabalhista porque as vagas oferecidas são para trabalhos intermitentes, sem proteção social”, lamenta Juneia.