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Mulheres protestam em várias cidades do país contra julgamento do caso Mari Ferrer

Manifestantes querem que sejam investigados e responsabilizados, além do agressor, o juiz e o promotor do caso que consentiram que o advogado de defesa ofendesse e humilhasse Mariana

Publicado: 09 Novembro, 2020 - 11h03 | Última modificação: 09 Novembro, 2020 - 11h32

Escrito por: Redação CUT

Roberto Parizotti (Sapão)
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Milhares de pessoas, a maioria mulheres, realizaram uma manifestação na Avenida Paulista na tarde deste domingo (8), em São Paulo, para exigir justiça no caso Mari Ferrer. Acusado de estupro pela influenciadora, o empresário André de Camargo Aranha foi inocentado pela Justiça do Paraná. O juiz acatou argumento de que ele “não teve intenção” de violentar a vítima.

Elas se reuniram no Vão Livre do Masp, no início da tarde e, depois, saíram em caminhada pela Rua da Consolação em direção ao centro. Com cartazes e bandeiras, as manifestantes reafirmaram nas ruas que “estupro culposo não existe”, em alusão à tese que absolveu o empresários, mostra reportagem de Tiago Pereira, da RBA.

Roberto ParizottiRoberto ParizottiProtestos contra o machismo e em solidariedade a Mari Ferrer também foram registrados em diversas capitais, como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Porto Alegre. No interior de São Paulo, foram registrados atos em Jundiaí, Bauru, Araras e São José do Rio Preto.

Em Porto Alegre, centenas de manifestantes se reuniram no ato realizado no Parque da Redenção, na tarde deste domingo também para pedir justiça e o fim da cultura do estupro e da violência contra as mulheres.

CUT-RSCUT-RSSegundo o evento do ato nas redes sociais, a mobilização na Capital do Rio Grande dp Sul também pediu justiça para Simone Souza, vítima de feminicídio na Praia do Cassino, em Rio Grande, no último dia 2.

O ato teve inicio às 15h no Monumento ao Expedicionário, o Arco da Redenção, e foi marcado por cânticos criticando a violência contra mulheres e pela presença de cartazes, blusas e camisetas, criticando a decisão judicial, que foi proferida favoravelmente ao acusado de estuprar Mariana, e contendo frases contra a cultura do estupro.

Em todos os atos realizados pelo país, as mulheres e demais manifestantes exigiram que sejam investigados, além do agressor, o juiz e o promotor do caso que consentiram que o advogado do acusado ofendesse e humilhasse a jovem  durante o julgamento.

Em São Paulo, segundo matéria da RBA, as mulheres exigiram o fim da “cultura do estupro”, que transfere a culpa dos agressores para as vítimas, nos casos de violência sexual contra as mulheres. E também protestaram contra o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL), acusado de estimular a violência machista contra as mulheres.

“Contra a violência machista, que é muito forte e muito potente. Enquanto houver machismo, haverá feminismo”, afirmaram as mulheres em jogral, durante o protesto, segundo a reportagem. 

O caso Mariana Ferrer

Segundo Mari, o estupro ocorreu durante uma festa em Jurerê Internacional, Florianópolis, no final de 2018. À época com 21 anos, quando ainda era virgem, ela denunciou que foi dopada, antes de ter sido violentada pelo empresário.

O caso voltou à tona na semana passada, quando reportagem do The Intercept Brasil divulgou as imagens do julgamento, em que Mari implora ao juiz para que fosse respeitada, após ser humilhada pelo advogado por Cláudio Gastão da Rosa Filho. O advogado mostrou, então, fotos sensuais da jovem para questionar a acusação de estupro.

“Peço a Deus que meu filho não encontre uma mulher que nem você”. Sem ser interrompido, o advogado insistiu em mostrar imagens. “Só falta uma auréola na cabeça. Não adianta vir com esse choro dissimulado, falso, e essa lágrima de crocodilo”, acusou Cláudio Gastão. 

Aos prantos, a jovem implorou por respeito. “Nem os acusados, nem os assassinos são tratados da forma como eu estou sendo tratada. Pelo amor de Deus, o que é isso? Eu sou uma pessoa ilibada, nunca cometi crime contra ninguém”, contestou Mariana na audiência.