Escrito por: Érica Aragão e Tatiana Melim
Mais de 250 mil pessoas aprovaram a participação na greve geral do dia 14 de junho. Um balanço parcial das entidades organizadoras aponta que a greve nacional mobilizou até agora mais de 2 milhões de pessoas
Na manifestação que travou a Avenida Paulista, em São Paulo, no início da tarde desta quarta-feira (15), Dia Nacional de Greve da Educação, mais de 250 mil professores, estudantes, pais de alunos e trabalhadores de todas as categorias profissionais aprovaram a participação na greve geral do dia 14 de junho, convocada pela CUT e demais centrais sindicais brasileiras.
Contra a reforma da Previdência e em defesa da educação, a paralisação da educação tomou conta das escolas, institutos federais, universidades, praças, ruas e avenidas das capitais de todos os estados brasileiros e do Distrito Federal, além de mais de 160 cidades que fizeram atos, caminhadas e aulas públicas organizadas por professores, sindicalistas e representantes dos movimentos sociais e estudantis.
O presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo, que conduziu a votação da greve geral com os trabalhadores e estudantes, afirmou que a população está unida contra os cortes na educação e contra a proposta de reforma da Previdência que vai impedir o acesso à aposentadoria de milhões de brasileiros e brasileiras.
Nós vamos defender a educação com o povo nas ruas e vamos construir uma grande greve geral no dia 14 de junho- Douglas IzzoMídia NinjaEm seguida, o vereador e professor Cláudio Fonseca, do Sindicato dos Professores da Rede Municipal de São Paulo (Sinpeem) puxou um coro contra o presidente: "Bolsonaro, que enganação, tem dinheiro pra milícia, mas não tem para educação".
Já a deputada estadual e presidenta da Apeoesp, Maria Izabel Noronha, destacou que 90% das escolas estaduais de São Paulo pararam nesta quarta-feira (15), Dia Nacional de Greve da Educação. Ela também reforçou as críticas ao governo de extrema direita de Bolsonaro e disse que a reforma da Previdência é "injusta" e prejudica de forma ainda mais grave mulheres e professores.
"É um dia histórico. É a luta pela educação, contra Bolsonaro, que quer tirar dinheiro da educação infantil até a pós-graduação".
Os movimentos populares ligados às frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo também estiveram presentes na mobilização e reafirmaram que estarão juntos com os professores, estudantes e a classe trabalhadora no dia 14 de junho.
“Ele [Jair Bolsonaro] achou que podia atacar os trabalhadores e a educação ao mesmo tempo, mas estamos juntos nas ruas para dizer que ele está enganado”, ressaltou Josué Rocha, representante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da frente Povo Sem Medo.
Já Raimundo Bonfim, da Central dos Movimentos Populares (CMP), em nome da frente Brasil Popular, lembrou que, na semana passada, um dia depois de o Congresso Nacional ter imposto uma nova derrota à sua gestão, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse que o governo tinha a capacidade de antever problemas, afirmando que "pode haver um tsunami na semana que vem".
“E ele estava certo. O tsunami está aqui para dizer que balburdia é o governo”, disse Raimundo desta vez se referindo ao ministro da Educação, Abraham Weintraub, que ao falar sobre o congelamento afirmou que o corte de recursos atingiria universidades que não apresentarem desempenho acadêmico esperado e, ao mesmo tempo, estiverem promovendo “balbúrdia” em seus campus.
“A partir de hoje, a resistência vai aumentar. Não vai ter corte nas verbas da educação nem reforma da Previdência”, afirmou.
Pais e alunos unidos na luta
Assim como no restante do país, a manifestação na Avenida Paulista reuniu estudantes e também pais preocupados com o próprio futuro dos seus filhos e também do país.
Este foi o caso de Alessandra Paula Mendes que foi com a filha de 15 anos participar do protesto contra os cortes na educação. Paula contou que a menina é muito estudiosa e por ter notas boas foi uma das escolhidas para cursar o ensino médio com especialização em eletrotécnica, no Instituto Federal de São Paulo que, com os cortes, corre o risco até de fechar.
“Se fechar, minha filha vai ficar sem nada, sem futuro”, disse a mãe preocupada.
CUT
A estudante Sheila Martins, do mesmo Instituto, compartilha a preocupação de Alessandra. Segundo ela, se confirmado o corte de 30% nas verbas da educação, o campus fechará mesmo.
“A nossa realidade é esta”, diz a jovem indignada.
“O Brasil é um país mal governado, sucateado e esse, sim, são os verdadeiros idiotas”, conclui se referindo a fala de Bolsonaro nos Estados Unidos. Aos jornalistas que o acompanham, Bolsonaro se referiu aos manifestantes como imbecis, idiotas e pau mandados.