Na Bahia, Sérgio Nobre apoia greve dos petroleiros por empregos e soberania
“Essa paralisação é importante para todo o país”, diz presidente nacional da CUT, que participa nesta quinta (18) do ato que marca início da greve na refinaria de Landulpho Alves
Publicado: 17 Fevereiro, 2021 - 16h28 | Última modificação: 18 Fevereiro, 2021 - 07h43
Escrito por: Vanilda Oliveira
O presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, desembarcou na noite desta quarta-feira (17) na Bahia para apoiar, de perto, a greve dos petroleiros no Estado, decretada em protesto contra a venda da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), do sistema Petrobras, à empresa Mubadala Capital, de Abu Dhabi, nos Emirados Arabes.
“Essa greve é importante para todo o país, defende empregos, a Petrobras e mais, a soberania”, disse Sérgio Nobre, que participará, nesta quinta-feira (18), às 7h, do ato que marca o início da paralisação por tempo indeterminado.
O ato acontecerá no acesso à refinaria, no município de São Francisco do Conde, a 72 quilômetros de Salvador. Somente em 2019, o governo de Bolsonaro e Paulo Guedes, ministro da Economia, vendeu R$ 70,9 bilhões em ativos da Petrobras, a maior empresa estatal do país, que já teve mais de 16% de suas ações repassadas à iniciativa privada desde 2018, depois do golpe que destituiu a presidenta Dilma Rousseff.
“Essa greve é muito emblemática e importante na nossa luta para denunciar como esse governo faz tudo para precarizar a vida dos trabalhadores e trabalhadoras, ao atacar a soberania de uma nação por meio da privatização, da venda de empresas estratégicas”, afirma Sérgio Nobre.
“Não vamos aceitar que os bens mais valiosos da nossa soberania sejam passados à iniciativa privada, que só pensa em lucro e não tem nenhum compromisso com a classe trabalhadora e o desenvolvimento do país”, complementou o presidente nacional da CUT
PRIORIDADE, EMPREGOS
Ao destacar que “a pauta da geração de empregos de qualidade é prioritária para a CUT e o movimento sindical”, Sérgio Nobre afirmou: “Ao longo da história do nosso país, nunca houve um momento em que o Brasil tivesse vivido um crescimento que não tenha sido impulsionado pelas estatais, como a Petrobras, os bancos públicos. A iniciativa privada, por sua vez, jamais fez os investimentos necessários ao crescimento do Brasil, ao contrário do que tenta pregar esse governo genocida e entreguista”
O presidente nacional da CUT lembrou que a Petrobras representa, sozinha, 70% do investimentos que entram no país, que é uma estatal lucrativa, e que nenhuma o nação no mundo privatizaria uma empesa como essa.
O que o governo Bolsonaro vem fazendo, segundo Sérgio Nobre, é fatiar (em subsidiárias) a Petrobras para vender, sem ter que que passar pela aprovação do Congresso Nacional. É uma ameaça permanente a esse outros setores estratégicos, como energia elétrica, que impõe ao povo brasileiro o risco de altas constantes de preços e de escassez de produtos.
Nenhuma nação do mundo conseguiu dar um padrão de vida digno de para o seu povo sem ter uma base industrial importante e a Petrobras é um dos instrumentos de desenvolvimento do Brasil e “isso precisa ficar claro para o povo brasileiro. Todo apoio à greve dos petroleiros da Bahia”
Com base em dados do Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), divulgados pela FUP (Federação Única dos Petroleiros), a Landulpho Alves vale US$ 4 bilhões, mas está sendo entregue à empresa Mubadala Capital por US$ 1,65 bilhão
A Landulpho Alves tem 70 anos, foi a primeira refinaria do Sistema Petrobras e a segunda do país em capacidade. Tem 900 trabalhadores diretos e 1,7 mil terceirizados. São homens e mulheres, agora, sem certeza do futuro, do emprego e dos seus direitos.
A Sindipetro-BA e a FUP destacam que a Rlam é importante à economia da Bahia e à de diversos municípios que dependem dos royalties, ISS e ICMS pagos pela refinaria. Dirigentes petroleiros destacam que a Rlam foi decisiva para alavancar o desenvolvimento econômico do Estado baiano e também do primeiro complexo petroquímico planejado do país e maior complexo industrial do Hemisfério Sul: o Polo Petroquímico de Camaçari, na região metropolitana de Salvador.
LUTA CONTRA NOVAS VENDAS
A direção da Petrobras anunciou em 8 de fevereiro a conclusão das negociações para a venda da refinaria à Mubadala Capital, que “apresentou a melhor oferta”. Com a Rlam serão entregues 669 quilômetros de oleodutos, que ligam a refinaria ao Complexo Petroquímico de Camaçari e ao Terminal de Madre de Deus, que também está sendo vendido no pacote que inclui ainda outros três terminais da Bahia (Candeias, Jequié e Itabuna).
A Rlam tem 26 unidades de processamento, e 201 tanques de armazenamento. Ela refina mais de 30 tipos de produtos, entre eles gasolina, diesel, lubrificantes, querosene de aviação, entre outros.
A Refinaria Landulpho Alves é a única produtora nacional de uma parafina alimentícia usada na fabricação de chocolates e chicletes, a chamada food grade. O processo de venda da Rlam é o mais adiantado entre as oito refinarias que a Petrobras pretende privatizar até o final de 2021
Estão em processos para venda, segundo Petrobras: Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP), no Rio Grande do Sul, Refinaria Isaac Sabbá (REMAN), no Amazonas, Refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco, Refinaria Gabriel Passos (REGAP), em Minas Gerais, Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (LUBNOR), no Ceará, e Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), no Paraná (dados da empresa).