Escrito por: Luciana Waclawovsky, especial para Portal CUT
No Acampamento Lula Livre, Dilma Rousseff denunciou que Lula, mantido isolado em uma sala da PF, tem seus direitos violados pela Justiça brasileira e condenou o fato de até hoje nenhum amigo poder visitá-lo
Assim como o Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, e o teólogo Leonardo Boff, a presidenta legitimamente eleita, Dilma Rousseff, também foi barrada pela Justiça, na tarde desta segunda-feira (23), e não conseguiu visitar o ex-presidente Lula na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.
Junto dela estavam 23 lideranças políticas e parlamentares que também tiveram negados os pedidos para ver Lula, mantido como preso político desde o dia 7 de abril.
“Eu vim aqui visitar o ex-presidente e infelizmente não houve autorização por parte da juíza [Carolina Lebbos] que faz a execução penal da sentença”, desabafou Dilma em frente à sede da PF, durante coletiva de imprensa.
Para ela, a situação é bastante estranha porque não existe justificativa para ele estar em regime especial de prisão para que pessoas próximas não possam visitá-lo. A presidenta, que foi destituída do cargo por meio de um Golpe de Estado, disse que sabe como funciona esse processo de visitação ao relembrar que ficou três anos presa durante o período da ditadura militar.
“Naquela época existia a possibilidade de receber parentes, advogados e amigos”, explica, ao alertar que o atual momento político vivido no país, com evidências de práticas que caracterizam Estado de Exceção, “faz parte de um longo processo golpista que começou em 2016 com um impeachment sem crime de responsabilidade.”
“Não faz sentido que Lula esteja preso”, criticou Dilma.
“Lula não foi cassado como éramos na época da ditadura, só falta fazer isso de forma artificial e condená-lo a qualquer custo em um processo que peca pela falta de provas. Ele não tem a posse do imóvel [triplex do Guarujá].”
Segundo ela, a etapa do golpe que está sendo vivida agora, em 2018, é a que tenta impedir, de todas as formas, que Lula seja candidato à presidência da República, como quer a maioria do povo brasileiro que o elegeria em primeiro turno se as eleições fossem hoje.
“Sabemos que, por sua liderança e importância política junto ao povo brasileiro, ele é a única pessoa que tem condições de tirar o país desse processo desastroso que está destruindo o Brasil e os direitos dos brasileiros.”
Recém-chegada da Europa, onde foi denunciar a prisão política do ex-presidente, Dilma reafirmou que Lula conquistou respeito e admiração da comunidade internacional. “Todos estão estarrecidos com a prisão sem crimes nem provas da grande liderança popular que é o presidente Lula”, disse.
Questionada por uma repórter sobre a possibilidade de um plano B, Dilma defendeu que Lula é o único candidato que tem condições de tirar o país da desestabilização econômica e social que o governo do ilegítimo e golpista Michel Temer (MDB-SP) provocou.
“Acho obsessiva essa questão da imprensa com plano B. A troco de que existiria um plano B?”, questionou.
“Acho grave que hoje se coloque como moeda de troca o ex-presidente renunciar a ser candidato e não ser julgado. Não é ética essa discussão e o povo não aceitaria uma proposta como essa”, respondeu.