Não basta ministro do STF falar que prisão de Lula é ilegal, é preciso agir
Para o juiz aposentado Marcelo Tadeu Lemos, reconhecer que prisão Lula é ilegal, como Marco Aurélio disse em Portugal, é insuficiente. "Cumpra seu papel de juiz e solte esse homem preso indevidamente"
Publicado: 25 Junho, 2018 - 18h57 | Última modificação: 26 Junho, 2018 - 14h29
Escrito por: Redação RBA
Para o juiz aposentado Marcelo Tadeu Lemos de Oliveira, é importante o reconhecimento público por parte do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF) de que a prisão do ex-presidente Lula é ilegal. Mas o gesto não é suficiente.
Ao ser questionado em uma entrevista concedida à emissora de televisão portuguesa RTP se a prisão de Lula era ilegal, Marco Aurélio respondeu: "Sem dúvida alguma. E processo para mim não tem capa, processo para mim tem unicamente conteúdo".
O magistrado considera "muito interessante" o ministro Marco Aurélio declarar publicamente a ilegalidade da prisão, mas que ele, como ministro, poderia tê-la evitado.
"Ele é relator de duas Ações Declaratórias de Constitucionalidade que envolvem a questão da presunção de inocência – e a presidente da Corte, covardemente, não pauta, já que ela quer a manutenção da prisão do ex-presidente Lula", disse o juiz à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual.
"Ele poderia expedir um HC (habeas corpus), concedido ex officio, para soltar o ex-presidente Lula. Cumpra seu papel de juiz e solte esse homem preso indevidamente."
Segundo o magistrado, a decisão do ministro Edson Fachin de rejeitar pedido protocolado pela defesa de Lula para aguardar em liberdade o julgamento de recurso, ratificando o que havia decidido a vice-presidenta do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), é mais uma demonstração de parcialidade. "Fica muito claro que o objetivo é manter o ex-presidente Lula preso a todo custo, contrariando a Constituição. Desde sua prisão, que já era indevida."
Oliveira afirma que a liderança de Lula nas pesquisas, mesmo no cárcere, evidencia a insatisfação popular em relação à forma como tem funcionado o Judiciário no Brasil. "O povo sabe muito bem que a Justiça está desmoralizada", aponta, destacando a possibilidade de outro tipo de consequência decorrente desse sentimento.