“Não sairemos daqui até Lula estar livre”, diz Gleisi Hoffmann
Foi o que a senadora disse aos apoiadores do ex-presidente que estão acampados em frente à PF. Gleisi também criticou a violência, “seja da imprensa contra nós, seja a praticada contra a imprensa”
Publicado: 08 Abril, 2018 - 18h45 | Última modificação: 03 Outubro, 2019 - 14h43
Escrito por: Rosely Rocha, especial para a CUT
"Não arredaremos pé pela liberdade do presidente Lula “, disse neste domingo (8), a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, senadora pelo PT do Paraná, aos manifestantes que estão acampados desde a noite de sábado, em frente à sede da Superintendência da Polícia Federal (PF), em Curitiba, Paraná, onde o ex-presidente está sendo mantido como prisioneiro político".
A presidenta do PT chamou de “guerreiros”, os manifestantes que foram surpreendidos pela violência policial, no sábado à noite, quando o helicóptero da PF chegava com o presidente Lula a bordo.
“Fomos conversar com o comandando da Polícia Militar e PF e dissemos que o que aconteceu é inaceitável. Pedimos sindicância e colocamos advogados para tirar isso em pratos limpos”.
“Não é possível que uma manifestação pacífica seja interrompida daquela forma. Nos não sairemos daqui enquanto Lula não sair”, afirmou Gleisi.
Olhos do mundo
A senadora disse ainda, que toda a cobertura da mídia internacional, como os jornais norte-americanos, New York Times, Post e a imprensa alemã, entre outras, tratam Lula como preso político e que Lula estava nos braços do povo, que protestou contra essa prisão.
A senadora pediu desculpas as pessoas que moram perto da sede da PF pelo transtorno, mas responsabilizou a Justiça brasileira.
“Se a Justiça fosse isenta neste país não estaríamos aqui”, disse Gleisi, que completou: “a responsabilidade de estarmos aqui é do Moro, do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF)”.
“Queremos que a justiça brasileira haja de forma isenta e imparcial”, afirmou a senadora, reforçando “não sairemos daqui pra nenhum parque distante como eles querem”.
O ato em Curitiba é de resistência, de vigilância cívica e democrática e a polícia precisa respeitar a decisão do povo e não agir com violência como ontem é o que esperam os militantes e as autoridades que são solidárias a Lula e consideram que o ex-presidente é um preso político, perseguido por parte da mídia e da Justiça.
“Eu espero sinceramente que a polícia haja sem violência e, se assim o fizer, vamos ficar aqui, e eles terão de explicar ao mundo a violência feita em cima de uma manifestação democrática e pacifica”, afirmou Gleisi.
A presidenta do PT lembrou que ainda devem chegar caravanas e lideranças políticas nacionais e estrangeiras, juristas, governadores do nordeste e autoridades que serão recebidas de braços abertos, para que o mundo veja o que está acontecendo.
Sobre as visitas de parlamentares ao ex-presidente Lula, ela disse que não vê impedimento já que trata-se de autoridades.
“Falei a eles [PF] que o Brasil e as instituições do mundo estão de olho aqui. De olho no golpe contra a democracia, na injustiça contra Lula. Ele foi o presidente que mais fez pelos pobres e está em primeiro lugar nas pesquisas. É essa visão que o mundo tem de Lula. Por isso, vai ser difícil acabar com o nosso mundo”.
“Se conformem porque vocês não estão com um preso comum. Vocês estão com o maior líder popular da história brasileira, que saiu do governo federal com 87% de índice de bom e ótimo. Lula é um líder amado pelo povo”, disse Gleisi aos policiais.
Na entrevista, a senadora que estava acompanhada pelo senador Lindbergh Farias (PT-RJ), do presidente do PT paranaense Dr. Rosinha, dirigentes da CUT e outros políticos do PT, disse também que espera que na próxima quarta-feira (11), o STF volte a ser guardião da Constituição e cumpra o seu papel, revendo a prisão em segunda instância.
“Ainda assim, não é um último recurso”, explicou. Segundo ela, a defesa de Lula pode entrar com recursos internacionais na Comissão de Direitos Humanos da Organização Mundial (ONU).
Vigília Permanente em Curitiba
Na vigília, a cantora Ana Cañas cantou clássicos da MPB, em homenagem a Lula e também a Marielle Franco, ativista dos direitos humanos e vereadora do PSOL assassinada no Rio de Janeiro, e os manifestantes emocionados retribuíram com coro de “Eu sou Lula”, “Lula, guerreiro do povo brasileiro”, “Marielle Presente” e “ocupar e resistir”.
Os apoiadores do presidente Lula do Paraná e diversos estados brasileiros, continuam em vigília permanente na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, na Rua Professora Sandália Monzon, 210, Bairro de Santa Cândida, onde realizam ato. E de lá só pretendem sair quando Lula for liberado, como disse a senadora.
Violência e imprensa
Gleisi Hoffmann criticou a violência dos últimos dias. “Nós somos contra qualquer ato de violência. Seja da imprensa contra nós, seja a praticada por algum membro de movimentos contra a imprensa. Está na hora desse país acalmar. Esse ódio é ruim para todos e não leva à solução. Depois do golpe contra a presidenta Dilma, é uma sistemática de propagação de ódio, inclusive por parte dos meios de comunicação”.