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"Não sei se chego com saúde e renda": o ano novo de quem perde o auxílio emergencial

O auxílio que será encerrado em dezembro pelo governo federal reduziu a pobreza extrema em 30% no Nordeste

Publicado: 22 Dezembro, 2020 - 09h17 | Última modificação: 22 Dezembro, 2020 - 09h20

Escrito por: Rodolfo Santana Brasil de Fato | Juazeiro do Norte (CE)

Reprodução
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Mais de 126 milhões de brasileiros receberam o auxílio emergencial. As parcelas pagas, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), fizeram com que mais de 15 milhões de pessoas saíssem da extrema pobreza, uma queda de 23,7% até agosto de 2020. Na região Nordeste, a redução da pobreza chegou a 30,4%. 

Com o encerramento do benefício – mesmo com alto índice de contágios e mortes pela pandemia – e a falta de iniciativas de suporte concretas por parte do governo federal, milhões de pessoas perderão sua principal fonte de renda do último período.

O torneiro mecânico Carlos Freitas é um dos desempregados da região do Cariri que se desloca cotidianamente à Juazeiro do Norte (CE) em busca de trabalho. Freitas percorre os 87 km que separam Juazeiro de Jati, onde reside com a esposa e três filhos em idade escolar.

“Estava conseguindo me manter aos poucos com esse dinheiro do auxílio, mas agora com essa suspensão, tenho que ficar atrás de trabalho em todo lugar. Às vezes consigo um pouco de dinheiro, mas os gastos com as viagens acabam por não me dar muito lucro, então apenas estou sobrevivendo." 

"Sinceramente, não sei como vai ser meu fim de ano, nem se chego com saúde e renda em janeiro”, desabafa Carlos.

Sem renda e sem trabalho

A estudante Ravena Alves vive com companheiro há algum tempo. Como ambos recebem o auxílio, têm conseguido pagar as contas do mês. "O auxílio é o que mantêm a gente bem", conta.

“É essencial esse auxílio pra nossa renda, visto que eu e meu companheiro estamos sem trabalhar, ele terminou a graduação agora e está desempregado e eu estou cursando ainda."

Para a artesã Darla Natanaele Barbosa, a situação é parecida. Ela tinha como principal fonte de renda a venda de seus trabalhos artesanais em feiras e praças da região do Cariri. Com a pandemia, a trabalhadora teve que suspender suas vendas e passou a depender da renda do auxílio.

"Fiquei sem ter como manter em dia todas as contas, como aluguel, feira, contas de água e luz e outras necessidades básicas. Com o auxílio, eu consegui me manter, mesmo com dificuldade, mas garantindo o básico para a sobrevivência", explica Darla.

O estudante fortalezense Felipe Chaves é um dos mais de 14 milhões de brasileiros desempregados. “As ofertas de emprego parecem que estão diminuindo, com a falência de muitas empresas, grandes e pequenas. A manutenção do auxílio é interessante para as pessoas que não têm uma renda fixa como é o meu caso", diz Felipe.