Escrito por: Igor Carvalho
Debaixo de muita chuva, movimentos sociais e centrais sindicais travaram São Paulo e mostraram força
Sem selfie com a PM, sem apologia a golpe e sem axé, milhares de pessoas foram às ruas na noite desta quarta-feira (15), em um grande ato que parou São Paulo e encerrou o “Dia Nacional de Paralisação contra PL 4330”.
Passava das 18h quando os movimentos sociais e centrais sindicais partiram do Largo da Batata, na zona oeste de São Paulo, e começaram a caminhada até a avenida Paulista, onde chegaram às 20h30, reencontrando os sindicalistas que durante a tarde protestaram na frente do prédio da Fiesp.
Durante o trajeto, palavras de ordem contra o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e discursos que combatiam pautas da direita como redução da maioridade penal e, principalmente, o PL 4330, que amplia a terceirização no Brasil.
A chuva não impediu que os manifestantes caminhassem até a avenida Rebouças e seguissem até a rua Oscar Freire, via ocupada por lojas luxuosas, onde em um dos comércios um menino negro, filho de um cliente, foi expulso no dia 31 de março.
Com nossos direitos, a direita não vai mexer
No alto do caminhão de som, lideranças sindicais e de movimentos sociais se revezavam no microfone. Além da CUT e do MTST, estavam presentes a Intersindical, Nova Central e Conlutas, além do MST. Algumas personalidades da política nacional também apoiaram o ato, como Luciana Genro, do PSOL e o professor da USP, Vladimir Safatle.
“Para nós termos um Brasil melhor, vai ter que mexer na linha econômica. Ajuste, se for pra fazer, que faça nas grandes fortunas”, defendeu o presidente da CUT, Vagner Freitas, que atacou o projeto da terceirização. “Se for preciso fazer uma greve nacional pra impedir que se mexa no PL 4330, não tenham dúvidas de que faremos.”
Guilherme Boulos, coordenador nacional do MTST, também criticou o projeto do ex-deputado Sandro Mabel, que hoje é defendido com afinco por Eduardo Cunha. “Nós vamos barrar o PL 4330, nem que seja na marra. Não vão nos calar. Não vamos aceitar o maior ataque aos direitos dos trabalhadores na história do Brasil.”
Na linha de ataque ao avanço da direita nos direitos e conquistas dos trabalhadores e trabalhadoras, o MST lembrou do “abril vermelho” e anunciou que outras ações ocorrerão no campo para lembrar os 19 anos do “Massacre de Eldorado dos Carajás”. Para o dirigente do movimento, Gilmar Mauro, a reforma agrária deve estar na pauta como a reforma política e “a terceirização é um assalto que não podemos permitir”. “Não haverá golpes nesse país, sem resistência de massa. Os nossos movimentos não formaram covardes”, afirmou.
O ato encerrou um dia intenso, de luta e paralisações em todo o país. Ações coordenadas pela CUT e demais centrais sindicais foram responsáveis por paralisações de rodovias, interrupção da circulação de ônibus, trens e metrô em diversas capitais, além do fechamento de agências bancárias em todo o país, entre outras atividades. Os atos cooperaram para mostrar à Brasília que os trabalhadores brasileiros não aceitarão passivamente o PL 4330.