Nas ruas e nas redes, CUT faz mobilizações contra reforma de Bolsonaro
Demais centrais, movimentos sociais e parlamentares da oposição continuam pressão para barrar reforma. Ato nacional será dia 12 de julho em Brasília e outras mobilizações estão marcadas para o dia 10
Publicado: 09 Julho, 2019 - 14h48 | Última modificação: 09 Julho, 2019 - 15h07
Escrito por: Érica Aragão
Mesmo com algumas alterações no relatório da reforma da Previdência de autoria do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 006/2019), ainda é extremamemte prejudicial a milhões de trabalhadores e trabalhadoras.
Com as novas regras, se aprovadas, as pensões de viúvas podem ser menores de um salário mínimo, as aposentadorias especiais, que são benefícios para trabalhos em locais expostos a agentes nocivos à saúde, terão acesso dificultado, vai aumentar o tempo de contribuição para 40 anos para a obtenção da aposentadoria integral e diminuir de 90 para 60% o percentual de quem contribuiu por 20 anos – tempo mínimo que a reforma impõe aos trabalhadores para terem direito à aposentadoria. Além disso, não atacam privilégios, denunciam diversos parlamentares.
Para que este projeto não seja aprovado, a CUT, demais centrais, movimentos sociais e parlamentares contrários à reforma da Previdência, do governo de Jair Bolsonaro (PSL), estão nas ruas e nas redes sociais mobilizando a população para barrar a PEC, que já está sendo debatida no Plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília, desde às 9 horas, desta terça-feira (9).
Nas redes, a hashtag #ReformaNão ficou em primeiro lugar nos Trends Topics do Twitter com ação organizada pela CUT, demais centrais e movimentos sociais.
No site napressão, a ferramenta online para pressionar os parlamentares, desde a última sexta-feira (6), após ser atualizada a campanha “Querem o fim da sua aposentadoria”, teve mais de 30 mil visualizações, com mais de 6 mil usuários, que assim, demonstraram aos parlamentares o seu posicionamento contrário à reforma da Previdência.
Pressão nas ruas
Nas ruas, a pressão foi feita junto aos parlamentares que saíram de suas bases rumo à Brasília.
Em São Paulo, a pressão dos trabalhadores sobre os parlamentares foi feita no aeroporto de Congonhas. Desde as 6 horas, sindicalistas e militantes dos movimentos sociais conversaram com a população, os deputados e deputadas que passavam pelo local.
“Houve apoio de muitos passageiros contra a reforma da Previdência. Foi um trabalho intenso, que nem o feriado nos fez desanimar”, disse a secretária de Comunicação da CUT de São Paulo, Adriana Magalhães.
A dirigente CUTista, que trabalhou intensamente na pressão aos parlamentares em Congonhas, disse que o deputado Ivan Valente (PSOL) alertou “que só com muita pressão nas ruas é que muda o placar da reforma da Previdência”.
Segundo o site UOL, uma pesquisa mostrou que a PEC 006/2019 tem apoio de 268 deputados. Desse total, 17 condicionam o voto favorável a mudanças no texto. O número de votos contrários aumentou de 97 para 105. Até a última segunda- feira se diziam indecisos 23 parlamentares. Outros 72 deputados não quiseram responder e 42 não foram localizados. Para aprovar o texto na Câmara são necessários 308 votos.
“Ainda dá tempo de virar este placar, com pressão nas ruas, nas redes, no napressão e com manifestações contrárias a este projeto”, afirmou Adriana.
Dia 10 de julho
Diretores da CUT e demais centrais também vão participar da Vigília em Brasília, no dia 10 (quarta-feira).
Em São Paulo, movimentos sociais estão chamando a população para uma mobilização nesta quinta-feira (10), a partir das 17 horas, na altura do vão livre do Masp, na Avenida Paulista.
O Rio Grande do Sul também terá mobilização no dia 10. Em Porto Alegre será realizada uma vigília unificada da CUT e demais centrais, contra a reforma da Previdência às 17h, em frente à sede do INSS, na Travessa Mário Cinco Paus, no centro. Um trabalho de coleta de assinaturas para o abaixo-assinado contra a PEC 006/2019 também está previsto.
Dia 12 de Julho
A CUT e demais centrais sindicais reafirmaram a mobilização na próxima sexta-feira (12), com um ato nacional em Brasília, contra o fim da aposentadoria, pela valorização da educação e por emprego, que será realizado em conjunto com a União Nacional dos Estudantes (UNE).
“Só tem um ato nacional marcado pela CUT e demais centrais sindicais contra a reforma da Previdência,que será no dia 12, sexta-feira, em Brasília. As demais mobilizações, marcadas tanto para o dia 10 quanto o dia 12, mesmo não sendo marcadas pelas centrais, a nosso ver são positivas”, afirmou o Secretário-Geral da CUT, Sérgio Nobre.
“Tem muita gente contra o fim da aposentadoria e as mobilizações nas ruas, nas redes e de pressão aos parlamentares devem continuar até que nenhum direito seja retirado do trabalhador e da trabalhadora”, diz Sérgio Nobre, ao ressaltar a importância das mobilizações.
Já estão marcadas para a data, o “Fórum Goiano contra a reforma da Previdência e Trabalhista”, vai se somar aos atos na capital Federal, em decorrência a proximidade com Brasília.
Em Porto Alegre (RS), haverá uma caminhada, com saída às 17h, da Faculdade de Educação (Faced), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), até a Esquina Democrática.
Outras mobilizações
Trabalhadores e trabalhadoras do Ceará, na madrugada do dia dois de julho, fizeram manifestação no aeroporto internacional Pinto Martins, em Fortaleza.No ato, dirigentes de diversos sindicatos abordaram passageiros e parlamentares que embarcavam para Brasília. Segundo os presentes no local, o deputado Heitor Freire (PSL), favorável ao projeto que quer acabar com a aposentadoria do povo, fez chacota ao passar pelo grupo.
Em Santa Catarina, a ação no aeroporto Hercílio Luz, em Florianópolis, foi organizada pela CUT e demais centrais. Na ocasião, o senador Esperidião Amin (PP) que disse que só vai se manifestar sobre a reforma quando ela chegar ao Senado.
No Maranhão, no aeroporto Internacional Marechal Cunha Machado, de São Luís, a pressão foi feita para que os deputados votem a favor do povo. Além de panfletagens, os sindicalistas dialogaram com os deputados Edilazio Júnior (PSD), André Fufuca (PP), Josimar Maranhãozinho (PR), Eduardo Braide (PMN), João Marcelo (MDB), Hildo Rocha (MDB), Gastão Vieira (PROS), Aluísio Mendes (Podemos) e Marreca Filho (Patriota).
Os deputados e as deputadas do Pará também foram recebidos com pressão por trabalhadores e sindicalistas do estado. Na manhã da última segunda-feira (8), no aeroporto Val de Cans, o deputado Zequinha Marinho (PSC), Elcione Barbalho (MDB), Priante (MDB), Edmilson Rodrigues (PSOL) e Beto Faro (PT) pararam para ouvir os trabalhadores e os sindicalistas. O único que ignorou a luta dos trabalhadores e das trabalhadoras,foi o deputado Nilson Pinto (PSDB), segundo os organizadores da manifestação.