Escrito por: Tatiane Cardoso, da CUT-Rio
Segunda rodada de negociação do ACT, nesta terça-feira, terminou sem acordo porque não houve vanços e os trabalhadores do terminal de carvão (Tecar) e de contêineres (Tecon) podem retomar as paralisações
Depois de oito dias em greve por reajuste de salário e benefícios, os trabalhadores e as trabalhadoras no Porto de Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, deram uma trégua porque a direção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) se comprometeu a negociar a pauta com o Sindicato dos Portuários do Rio de Janeiro.
Mas, na segunda rodada de negociação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) que aconteceu nesta terça-feira (19) não houve avanços, os trabalhadores e as trabalhadoras do terminal de carvão (Tecar) e de contêineres (Tecon), com data-base em 1º de maio, podem retomar as paralisações.
Mesmo com a proposta apresentada há dois meses pelo presidente do Sindicato, Sérgio Giannetto, os interlocutores de Benjamim Steinbruch, presidente do grupo CSN, não trouxeram uma contraproposta para apresentar na mesa de negociação.
A situação dos funcionários da CSN é crítica, mas a solidiariedade reforça a determinação de lutar pelos direitos, diz o dirigente lembrando da nota emitida por Dom Luiz Henrique da Silva Brito, bispo da igreja Católica de Barra do Piraí/Volta Redonda, no Sul do Estado. Nela, Dom Luiz conta que tomou conhecimento sobre a ação que se encontra em andamento na CSN e afirma que “trata-se de uma legítima e necessária organização em vista da reivindicação de melhores salários, de participação nos lucros e rendimentos da empresa e ampla cobertura do plano de saúde”.
“Não é lícito obter o lucro às custas da dignidade do trabalhador, da sua humilhação e da violação dos seus direitos”, afirmou o Bispo na nota
Os portuários estão em estado de greve desde 6 de abril, quando se solidarizaram aos companheiros da categoria de minério, em Congonhas, Minas Gerais, que tiveram a reunião do ACT cancelada pela CSN na ocasião.
Na siderúrgica, em Volta Redonda, os metalúrgicos também se uniram à paralisação e por conta dessa ação cerca de 30 pessoas, que fazem parte da comissão de negociação, foram demitidas pela empresa.
“Não vamos abrir mão de uma vírgula da proposta que apresentamos, enquanto a CSN não reverter as demissões. E também, enquanto garantir que não vão descontar nem um minuto das horas que entendem como não trabalhadas”, afirmou Giannetto.
Há tempos que o Sindicato dos Portuários do Rio exige que a CSN sente à mesa com todas as categorias juntas, sendo respeitadas as suas peculiaridades. De acordo com Giannetto, “é importante que na mesa de negociações estejam todos os sindicatos. Jamais um paute os demais. Portuários, metalúrgicos e mineiros possuem características e necessidade distintas. Mas não podemos mais aceitar que um acordo feito em Volta Redonda seja imposto para as outras categorias."
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O dirigente garantiu que o Sindicato está fazendo o seu papel corretamente. “Estamos no caminho certo de uma negociação. Apresentamos uma proposta com todos os ritos necessários para fechar um Acordo Coletivo de Trabalho e hoje os representantes da CSN não propuseram absolutamente nada, o discurso é sempre o mesmo: vamos ver o índice, conversar. O que temos visto é que nada muda na prática da CSN. E nós não vamos ceder. Eles estão forçando a continuidade da greve e nós não vamos fugir dessa luta”.