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Nicolás Maduro é reeleito presidente da Venezuela com 68% dos votos

Em discurso após resultado, Maduro dedicou a histórica vitória ao ex-presidente Hugo Chávez e convidou a oposição para um grande diálogo nacional

Publicado: 21 Maio, 2018 - 10h06 | Última modificação: 21 Maio, 2018 - 16h08

Escrito por: Redação CUT

REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), venceu com 68% dos votos válidos (mais de 5,8 milhões de votos) as eleições presidenciais realizadas neste domingo (20) no país, anunciou a presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena. Com a vitória, Maduro irá para seu segundo mandato como presidente da Venezuela, após assumir o cargo em 2012, quando o então presidente Hugo Chávez faleceu.

O segundo colocado, o candidato de centro-direita Henri Falcón, obteve 21% (1,8 milhão de votos). Já o ex-pastor evangélico Javier Bertucci recebeu 10% (925 mil votos). O também opositor Reinal Quijada ficou em quarto colocado, 0,4% (34 mil votos). No total, 8,6 milhões de eleitores participaram da eleição, pouco mais de 46% do eleitorado.

Pouco antes do resultado oficial ser divulgado, diversas pessoas se dirigiram até o Palácio de Miraflores, sede da presidência, onde, após o resultado, Maduro discursou.

"O total de votos que obtivemos representa 47 pontos de diferença com o candidato Henri Falcón. Obtivemos um recorde histórico. Nunca antes um candidato havia ganhado com 68% com votos."

"Esta é a vitória número 22 em 19 anos [de chavismo], conquistada com base no esforço, no trabalho consciente, junto a um poderoso movimento, de um povo unido, de um povo lutador", disse Maduro, que dedicou a vitória ao ex-presidente Hugo Chávez.

Para o secretário-adjunto de Relações Internacionais da CUT, Ariovaldo de Camargo, o comparecimento dos mais de 8 milhões de venezuelanos às urnas e a vitória de Maduro por uma larga margem de votos é mais um reforço de que há respeito às decisões democráticas no país ao contrário do que diz o próprio governo brasileiro, que afirmou não reeconhecer a legitimidade do pleito.

O Ministério das Relações Exteriores, chefiado por Aloysio Nunes Ferreira, emitiu uma nota no início da manhã desta segunda-feira 21 “lamentando profundamente” a realização das eleições na Venezuela

"Quem é este governo ilegítimo, golpista e usurpador de Temer, que chegou ao poder por meio de um golpe de Estado, para não reconhecer o resultado eleitoral das urnas?", questionou.

"Ilegítimo é o atual governo brasileiro sem voto, que desrespeitou a decisão de mais de 54 milhões de brasileiros e brasileiras que elegeram, nas urnas, Dilma Rousseff. Ilegitimidade é colocar em prática políticas que jamais passariam pelo crivo do voto popular, como o congelamento dos gastos públicos por 20 anos, fim dos direitos trabalhistas, entrega do patrimônio público e o aumento do desemprego, da fome e da pobreza."   

Oposição

Minutos antes do CNE divulgar os números, o candidato Henri Falcón, em declaração à imprensa, disse que “as eleições careciam de legitimidade” e que “houve inúmeras irregularidades denunciadas” por seu partido, o Avançada Progressista.

Já Maduro condenou as declarações do candidato derrotado: "Os venezuelanos exerceram seu direito ao voto de maneira voluntária, livre e soberana. Não reconhecer os resultados é uma falta de respeito ao povo da Venezuela". Maduro pediu ainda uma auditoria de 100% das urnas e a apuração de todas as denúncias de fraude durante o pleito. A lei eleitoral exige que apenas 54% das urnas sejam auditadas.

O presidente venezuelano também fez um chamado ao diálogo com a oposição. "Vou convocar uma grande jornada nacional de diálogo para a reconciliação do país."

Presidente reeleito

Maduro construiu sua campanha em uma proposta de "revolução econômica", prometendo reestruturar as contas do país e aprofundar as bases do chavismo. O presidente garante que irá combater o dólar paralelo, colocar à venda uma nova moeda virtual, o Petro, e consolidar o corte de três zeros da moeda nacional, o Bolívar.

Ex-sindicalista e militante da Liga Socialista da Venezuela, Maduro foi duas vezes deputado da Assembleia Nacional, Ministro das Relações Exteriores e vice-presidente da república até a morte de Hugo Chávez, em 2012, quando assumiu a presidência.

As eleições presidenciais de domingo marcaram o quarto pleito em menos de um ano na Venezuela, que já votou para a Assembleia Nacional Constituinte, governadores e prefeitos. Em 19 anos de governo chavista, essa foi a 24ª eleição no país.

Números das eleições venezuelanas

- 96% votos apurados

- 46% participação

- Total de votos: 8,6 milhões de venezuelanos

Nicolás Maduro: 68% - 5,8 milhões

Henri Falcon: 21% - 1,8 milhão

Javier Bertucci: 10% - 900 mil

Reinaldo Quijada: 0,4% - 34 mil

*Com informações Opera Mundi e Brasil de Fato

Confira a cobertura completa feita pelo jornal Brasil de Fato de como foram as eleições presidenciais venezuelanas