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Ninguém no mundo questiona medicina cubana. Brasil perde qualidade e quantidade

A afirmação é do ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que explica que a formação em Cuba é tão interessante e respeitada que hoje existem cerca de mil estudantes americanos fazendo medicina no país

Publicado: 28 Novembro, 2018 - 10h35

Escrito por: Redação CUT

Luciano Velleda
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A saída dos cubanos do Mais Médicos cria uma incógnita com relação ao futuro do programa. São 8.300 profissionais a menos atendendo no Brasil, sobretudo nas regiões mais afastadas onde não há médicos. É praticamente a metade do total de profissionais que atuam no programa.

“É um momento triste. Vamos perder em quantidade e qualidade”, afirma o ex-ministro da Saúde, Alexandra Padilha, ao responder o questionamento do apresentador Juca Kfouri no programa Entre Vistas, da TVT, que indagou o ex-ministro se não era o fim do Mais Médicos no país.

Criador do programa em 2013, Padilha lembra que no começo do Mais Médicos cerca de 17 mil profissionais brasileiros se inscreveram para atuar, mas menos de mil efetivamente se apresentaram.

A polêmica em torno da competência dos médicos cubanos, reitera Padilha, não passa de uma falsa discussão. “O mundo não põe em dúvida”, pondera, destacando que esse reconhecimento é principalmente na área da atenção básica devido a característica da formação dos médicos cubanos, que passam os dois anos seguintes à sua formação universitária atuando em saúde da família e comunidades. 

A formação em Cuba é tão interessante que hoje existem cerca de mil estudantes americanos fazendo medicina em Cuba
- Alexandre Padilha 

O ex-ministro cita estudo da Universidade de Brasília (UNB) que demonstra a economia de cerca de R$ 1 milhão em internações desde o início do Mais Médicos, evitadas justamente pela solução do problema antes de seu agravamento.

“Há um preconceito contra o médico da atenção básica, não só contra os cubanos”, explica Alexandre Padilha, para quem tais profissionais são considerados por seus colegas como médicos de “categoria inferior”.

De acordo com o ex-ministro, a deficiência da formação do médico brasileiro em saúde básica, saúde da família e comunitária é expressa no próprio currículo dos cursos de Medicina, influenciados pela indústria radiológica e farmacêutica.

“As indústrias influenciam tanto no currículo formal quanto no currículo oculto, que são os valores dos médicos que vão fazer uma especialidade que não têm tanto retorno financeiro”, afirma, incluindo também a pediatria e a psiquiatria como especialidades “mal vistas” pelos estudantes de Medicina.

Confira a entrevista na íntegra:

*Com informações Rede Brasil Atual