Escrito por: Vanilda Oliveira

No ABC, a ordem é: ninguém arreda pé do Sindicato até Lula chegar

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, convidou todos os militantes a virem receber Lula na sede do Sindicato, em São Bernardo do Campo

Roberto Parizotti

Pelo menos quatro mil pessoas lotam o entorno da sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, desde às 15h deste domingo (8), dia em que o desembargador Rogério Favretto, do Tribunal Regional da 4ª Região (TRF4), determinou três vezes a libertação do ex-presidente Lula, mas, até agora, a decisão não foi cumprida pela Polícia Federal.

No despacho que reiterou as duas decisões anteriores, o desembargador mandou soltar Lula sob pena de desobediência. Nem assim, a determinação foi cumprida. Em todo o país, militantes exigem o cumprimento da decisão Judicial.

“E ninguém vai arredar pé daqui”, garantem homens e mulheres reunidos no ABC, ao gritar e levantar os braços em resposta à pergunta vinda do caminhão de som, que comunica: Lula vai ser solto e virá para o Sindicato, para encontrar com vocês. Ninguém vai arredar o pé daqui né?”.

Há 92 dias, Lula deixava esse mesmo prédio, que durante anos o acolheu como dirigente e presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, nos anos 1980, para se entregar, como preso político, à uma cela na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, no Paraná, por ordem do juiz Sérgio Moro. Choro, tristeza, confusão e certeza de injustiça marcavam os rostos e palavras dos milhares de homens e mulheres que fizeram vigília no Sindicato com o objetivo de evitar a prisão do petista, naquele 7 de abril que ficará marcado na história do país como o dia em que o melhor presidente da história do Brasil foi preso injustamente, depois de um processo que não comprovou crime nem qualquer ilegalidade.

Neste domingo, o clima é outro, de alegria, mas ainda tenso. A ansiedade e receio de que a Justiça, mais uma vez,  não seja feita e não cumpra a ordem de libertar Lula, é visível em todos que daqui juram não arredar pé até ver Lula chegar.

No caminhão de som, dirigentes do Sindicato, da CUT e de movimentos sociais se revezam para passar informes sobre o que está acontecendo em Curitiba. A cada novo informe positivo, o povo vibra, grita Lula Livre. O nome da vez, exaltado por todos como “cabra-macho” é Rogério Favreto.

É esperada a chegada de políticos, parlamentares, líderes de movimentos sociais e dirigentes sindicais não somente de São Paulo, mas de todo o País. A senadora Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT, e ex-ministros dos governos Lula e Dilma Rousseff, acabaram de chegar ao prédio do Sindicato. Vão falar no caminhão de som.

Já falaram o presidente do Sindicato, Wagner Santanna, o secretário-geral nacional da CUT, Sérgio Nobre, o candidato do PT ao governo de SP, Luiz Marinho (ex-prefeito de São Bernardo, ex-presidente do Sindicato e da CUT nacional, ex-ministro de Lula).

Todos repetiram a convocação para “ninguém arredar pé da frente” do prédio e esperar a chegada de Lula

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, o Wagnão, convidou todos os militantes a virem receber Lula no Sindicato, que, segundo ele, está preparado para receber todos da mesma forma que ocorreu na vigília de abril. Segundo Wagnão, há 4 mil pessoas no local agora, e mais gente chegando.

O Sindicato, neste momento, dentro e fora é um grito só: Lula Guerreiro do Povo Brasileiro”.