No ABC, grito por ‘Lula livre’ marca um mês da resistência
Milhares de pessoas marcharam nas ruas de São Bernardo na noite desta segunda-feira (7), no ato que marcou os 30 dias da prisão política de Lula
Publicado: 08 Maio, 2018 - 10h02 | Última modificação: 08 Maio, 2018 - 10h21
Escrito por: Érica Aragão
O grito de Lula Livre ecoou nas esquinas da Rua Marechal Deodoro, em São Bernardo do Campo, na noite desta segunda-feira (7). Milhares de pessoas participaram do ato que marcou a resistência e a luta dos 30 dias da prisão arbitrária e política do ex-presidente Lula.
“O que nós fazemos é nos indignarmos todos os dias até a liberdade do Lula e difundir suas ideias e suas lutas por todos os lugares que passamos”, explicou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, o Wagnão.
“O que nós queremos é o direito democrático de Lula livre para que ele possa disputar a eleição e governar para esse povo outra vez”.
A sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC foi escolhida para ser a concentração do ato. Além de ser um lugar simbólico e familiar na história de vida e de luta do ex-presidente, também foi de lá que Lula saiu para ir cumprir a ordem judicial em Curitiba, no dia 7 de abril de 2018.
As ruas ao redor do Sindicato foram aos poucos ocupadas. As bandeiras de diversas entidades e camisetas por Lula livre passaram a colorir a multidão. Um mês depois, a mesma cidade, com concentração no mesmo local, foi ocupada por defensores da democracia e da liberdade de Lula.
Em marcha, trabalhadores e trabalhadoras de diversas categorias da região, a CUT, demais centrais sindicais, movimentos sociais urbano e rural, as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, deputados, senadores, ex-parlamentares, líderes políticos e partidários seguiram por mais de três quilômetros rumo a Praça da Igreja Matriz, lugar simbólico na luta contra ditadura.
Durante o percurso, várias lideranças políticas destacavam a falta de prova, os 30 dias de prisão injusta e arbitrária, o momento político pelo qual o país está passando, com políticas de retirada de direitos e o aumento do ódio, do fascismo e da intolerância.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, se juntou ao coro e reafirmou a posição da Central de que não tem plano B, “o candidato da classe trabalhadora é Lula”. Segundo Vagner, a resposta para os golpistas que estão acabando com direitos e destruindo a soberania do País virá das urnas.
“Temos de eleger Lula, porque ele já garantiu que fará um referendo para anular a reforma Trabalhista e todas as outras irresponsabilidades aprovadas pelo ilegítimo Temer. Sabemos da capacidade de Lula de governar para os mais pobres”, disse Vagner, ressaltando que é preciso também eleger deputados, senadores e governadores comprometidos com a classe operária.
“Não basta elegermos um presidente se não dermos condições para ele colocar em prática o plano de governo que nos representa. Para isso, é preciso mudar completamente esse Congresso Nacional que está aí.”
O metalúrgico e secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, destacou a unidade da esquerda na luta por Lula Livre e disse que defender Lula é defender emprego, educação, saúde e os direitos da classe trabalhadora.
Para Sérgio, a luta para libertar Lula não pode parar, porque é a pressão popular que irá tirá-lo da sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. “O ex-presidente não será liberto pelas togas”.
“Só será com muita luta e nas ruas que vamos garantir a liberdade de Lula e defender os direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras. Já derrotamos a ditadura e iremos derrotar esse momento”, ressaltou Nobre.
A presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, lembrou da emoção que foi aquele 7 de abril, quando Lula, pensando no povo, decidiu cumprir decisão judicial e saiu do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC nos braços da militância.
Primeira a visitar Lula fora do círculo familiar e da defesa jurídica do ex-presidente, Gleisi disse que Lula está sereno, porém inconformado com a manutenção da sua prisão sem crimes e certo de que irá provar, mais uma vez, sua inocência.
A presidenta do PT disse em alto e bom som, em frente a praça da Matriz, que respeita as candidaturas dos partidos de esquerda, que inclusive apoiam o direito de Lula ser candidato, mas afirmou que em agosto fará o registro da candidatura de Lula e que ele pode ser presidente mesmo preso.
“Nós vamos defender o presidente Lula até as últimas instâncias e já temos fundamento jurídico e base legal para Lula se tornar candidato e presidente, porque ele é a esperança do povo brasileiro”.