No Ato Nacional, em SP, CUT e centrais defendem impeachment de Bolsonaro
Atos organizados pela CUT, demais centrais e movimentos sociais em todo o país pedem ‘Fora, Bolsonaro’, defendem a vida e os empregos. Para Sergio Nobre, 100 mil mortes pela pandemia não podem ser naturalizadas
Publicado: 07 Agosto, 2020 - 14h31 | Última modificação: 10 Agosto, 2020 - 15h24
Escrito por: Redação CUT
No Dia Nacional de Luto e de Luta em Defesa da Vida e do Emprego, os presidentes da CUT, Sérgio Nobre, e os das demais centrais se uniram num ato nacional na Praça da Sé, centro de São Paulo. Foi um ato vida e pelos empregos, que exigiu o fim do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL), formado por um grupo incompetente e omisso, que não conseguiu coordenar uma ação nacional para combater o novo coronavírus, nem criar uma política de manutenção dos empregos e da renda.
A Praça da Sé, que já foi palco de grandes manifestações pelo fim da ditadura militar e pelas “Diretas Já“, recebeu na manhã desta sexta-feira (7), trabalhadores e trabalhadoras que pediram “Fora Bolsonaro, por uma política de saúde para enfrentar a pandemia da Covid-19 e pela geração de empregos”, neste que é o Dia Nacional de Luta e Luto pela Vida e por Empregos. O ato também homenageou as quase 100 mil vítimas fatais da doença que o país vai atingir esta semana.
O pedido de impeachment e o grito de ‘Fora, Bolsonaro’ foram unânimes nos discursos dos dirigentes sindicais. Eles destacaram que o país só voltará a crescer e com justiça social se Bolsonaro e sua turma deixarem a presidência da República.
“A CUT, junto com diversos momentos, pediu o impeachment do Bolsonaro porque ele não tem condições e estatura para governar o Brasil”, disse Sérgio Nobre.
Se Bolsonaro tivesse dignidade, renunciaria. Mas ele não tem humildade, grandeza. Por isso, o impeachment é condição fundamental para que este país retorne ao caminho de desenvolvimento com justiça social
Carregando faixas contra o presidente, cruzes simbolizando os brasileiros que perderam a vida para a Covid-19, além de cartazes, os manifestantes, entre eles o Padre Julio Lancelotti, da Pastoral dos Moradores de Rua, e de representantes das frentes Brasil Popular e do Povo sem Medo, afirmaram que o ex-capitão do Exército não tem a mínima condição de governar o país que está prestes a atingir as 100 mil vidas perdidas para a pandemia.
Em seu discurso, o Padre Silvio Lanceloti afirmou que a campanha do governo é inaceitável , é uma politica que mata os trabalhadores, os povos indígenas, quilombolas, os LGBTS, que despreza os desempregados e o povo das ruas.
“ Este é um momento de solidariedade, aos que estão enlutados, doentes nos hospitais, aos desprezados, ao povo sem terra. É um momento de humanismo, de solidariedade. Não importa a religião, se é ateu ou agnóstico. O importante é ressaltarmos o humanismo”, disse o padre ao pedir uma oração pelas vítimas da pandemia.
O desdenho de Bolsonaro para com a vida de milhares de pessoas também foi criticado por Sérgio Nobre.
"Bolsonaro desdenhou da pandemia, desdenhou dos mais pobres, da ciência e olha agora o que está acontecendo com nosso povo. É muito triste. Uma tragédia. Estamos chegando à triste marca de 100 mil mortos no nosso país”, disse Sergio Nobre.
Organizado com os cuidados para se evitar aglomerações e manter o distanciamento social necessário para evitar a contaminação, o presidente da CUT destacou que o “objetivo com este dia de luta, o 7 de agosto, nunca foi colocar milhares de pessoas na rua, no mesmo local, porque somos defensores da política de isolamento social para enfrentar a pandemia. Mas muitas dessas milhares de mortes teriam sido evitadas se o governo tivesse feito seu trabalho com competência desde o início da pandemia”.
Segundo Sergio Nobre, o Dia Nacional de Luta acontece hoje porque não podemos permitir que as pessoas achem natural o país atingir cem mil mortes por Covid-19, em especial quando essas mortes são dos mais pobres, dos mais vulneráveis.
“Nós fazemos este ato para chamar a atenção de que o país chegará a 180 mil mortes, e que poderemos sair dessa pandemia com a triste marca de campeão de mortes. Isso não é normal. Se tivéssemos um presidente a altura do nosso povo, isso não estaria acontecendo”, afirmou o presidente da CUT.
Em seu discurso, Nobre lembrou que as centrais sindicais, desde o início, avisaram que o governo federal tinha de coordenar um processo de isolamento no Brasil inteiro. Assim, se preservaria vidas e empregos e o país sairia desta pandemia mais rapidamente.
“Sempre dissemos que é importante proteger empregos durante a pandemia, proteger as micro e pequenas empresas, que não conseguem pegar empréstimos. Mas o que está acontecendo agora? Essas micro e pequenas empresas estão quebrando, e o que tem por trás delas? Um trabalhador, uma trabalhadora , que montou um pequeno negócio para sustentar a família, e agora estão quebrando aos milhões”, disse
Unidade da CUT e demais centrais sindicais
Sergio Nobre lembrou que neste momento de grave crise econômica que o país vem passando, tem sido fundamental a unidade da CUT e demais centrais para a luta em defesa dos trabalhadores e das trabalhadoras.
“Neste momento tão triste e difícil do País, quero cumprimentar cada sindicato de base, que está fazendo manifestações nos locais de trabalho em todo o Estado de São Paulo e por todo o Brasil”.
Abrindo o evento, o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçaves, o Juruna, chamou a atenção, neste dia de "Luta e Luto" para o número de milhares mortos no país.
"Estamos nos aproximando de 100 mil mortes. Somos um dos países com maior número de mortos [o Brasil está em segundo lugar]. É uma vergonha nacional e, por isso estamos aqui fazendo este ato ecumênico", disse o dirigente.
O presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) Ubiraci Dantas de Oliveira, o Bira, afirmou que o Brasil está sem comando e a situação do nosso povo é calamitosa porque o governo não entrega recursos para as micro pequenas e médias empresas, e os estados e municípios não recebem os recursos. Para ele, a intenção de Bolsonaro é criar o caos e conduzir o país ao autoritarismo.
“Bolsonaro quer criar o caos e criar o caos para depois sair com uma alternativa autoritária, a ditadura. Mas, não vai ser um ‘ capitãozinho de quinta categoria’ que vai impedir o povo de viver com liberdade, com condição de vida, com emprego e com direitos”, afirmou o dirigente da CGTB.
O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, reforçou que o Dia de Luto e Luta é uma data para marcar profundamente nossas vidas com o desprezo de Bolsonaro pelas mortes. Araújo ressaltou que o presidente não lamentou as 100 mil mortes e sim mandou “ tocar a vida”.
“Como podemos tocar a vida? Não tenho dúvida que milhões de brasileiros têm motivação e disposição para tocar a vida, mas como tocar a vida diante de um desgoverno que não tenha atenção pro seu povo?, questionou.
O dirigente afirmou ainda que a preocupação de Bolsonaro e do ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes é com o mercado financeiro. De acordo com Araújo, a primeira coisa que Bolsonaro fez foi socorrer os bancos com mais de R$ 100 bilhões .
“Se existe uma parcela da economia que não precisava de atendimento eram os bancos, o rentismo”, afirmou.
Pedidos de fora Bolsonaro também foram feitos pelo representante da Central dos Sindicatos do Brasil (CSB), Antonio Neto. Para ele, é preciso lutar contra um governo que quer acabar com as instituições.
“ Bolsonaro quer desmoralizar as instituições para dar um golpe .Não podemos aceitar de forma nenhuma e estaremos defendendo o nosso país contra qualquer ditadura e opressão. Em nome do povo do Brasil, fora Bolsonaro”, declarou.
Além da perda das vidas de milhares de brasileiros e brasileiras, o representante da Intersindical afirmou que a luta também é por emprego, salários e direitos.
“ São quase 40 milhões de brasileiros que não procuram emprego por causa da pandemia. O desemprego é gigantesco, mas o governo só envia projetos para reduzir direitos. Por isso reivindicamos a extensão do auxílio emergencial e mais parcelas do seguro desemprego”.
O dirigente ainda chamou o governo Bolsonaro de assassino, e que a única alternativa para salvar vidas é retirá-lo do poder.
“ A luta da classe trabalhadora vai derrubar este governo e construir uma alternativa de poder de Bolsonaro”, afirmou.
Para o vice-presidente da Nova Central, Luis Alberto dos Santos, o Luisinho, o número de mortos ainda pode subir com a pressão do poder econômicos sobre governadores e prefeitos que começam a flexibilizar a quarentena, indo no mesmo caminho que Bolsonaro defende.
“ Bolsonaro é um capitão de segunda classe que quer a ditadura militar. Nós precisamos é de emprego, recuperar as empresas. Mas este governo sí dá dinheiro pra banqueiro. Fora Bolsonaro e Viva o SUS”, finalizou.
Para Ricardo Patah, da União Geral dos Trabalhadores (UGT), o momento que a Igreja se uniu ao movimentos sociais e sindicais para acabar com a ditadura, em respeito à vida.
“ A solidariedade entre nós tem de ser cada vez maior pra superar a crise econômica e a ditadura que se avizinha, caso não tenhamos solidariedade em prol do povo brasileiro. Não podemos deixar este governo acabar com os brasileiros”.
Ao final do ato, o presidente da CUT , Sergio Nobre, pediu uma salva de palmas aos trabalhadores da saúde, que estão na linha de frente da pandemia, aos motoristas, e aos professores e profissionais da educação, que ,segundo ele, não devem aceitar o retorno presencial às aulas.
“Prefeito e governador que mandar voltar às aulas agora é tão genocida quanto o Bolsonaro. As crianças devem ficar em casa. E viva a classe trabalhadora”, encerrou.