Escrito por: RBA
Revista norte-americana analisa ascensão da aprovação do ex-presidente
O jornalista especialista em economias emergentes Kenneth Rapoza publicou artigo ontem (26) na revista norte-americana especializada em negócios Forbes em que fala da situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Intitulado “No Brasil todos estão mal, exceto Lula”, o texto traz uma análise sobre a mais recente pesquisa de credibilidade política do Instituto Ipsos, divulgada no domingo (24). Um dos pontos centrais do levantamento aponta para o aumento da aprovação de Lula e queda do juiz Sergio Moro.
Logo no início do texto, o jornalista descreve Lula como “um amado ex-presidente”. Sobre acusações de corrupção, direcionadas ao ex-presidente, Rapoza destaca que “se os brasileiros estiverem corretos, Lula não tem recebido um tratamento justo do juiz Sergio Moro sobre seu papel no esquema de corrupção da Petrobras”. De acordo com essa observação, chega-se à conclusão: “Lula está ganhando votos por simpatia”.
“O homem que já foi o presidente mais popular das Américas é feito de teflon. Apesar das acusações contra ele e sua equipe dia após dia, nada cola. Lula se mantém o homem mais popular do Brasil”, afirma o texto, ao apresentar a perspectiva de que o ex-presidente representa a vontade do “povo de o levar a liderar o país novamente, pela terceira vez, mais do que qualquer outro candidato neste momento”. O jornalista, então, sentencia: “Se Lula estiver apto a concorrer à presidência, ele será eleito”.
Em seguida, o artigo faz uma breve análise dos candidatos possíveis, apontados pela pesquisa Ipsos, ao pleito presidencial. “Geraldo Alckmin (PSDB): social-democrata e governador de São Paulo, já perdeu uma vez para Lula. Sua taxa de aprovação é de 13%. Um ano atrás era de 26%. Ele quer perder novamente?”, pergunta.
Na sequência, Henrique Meirelles, atual ministro da Fazenda do presidente Michel Temer (PMDB), é apresentado como representante do “mercado”. Sua taxa de aprovação é de apenas 3%, frente a 10% no ano anterior. Apenas Temer tem uma rejeição maior, com apenas 2% de aprovação contra 94% dos entrevistados que são contrários à sua condução da União. Já Marina Silva (Rede) é apresentada pela revista como “ativista ambiental e uma das estrelas do PT”, lembrando sua gestão à frente da pasta do Meio Ambiente durante o governo Lula. Entretanto, o texto destaca que a rejeição da fundadora da Rede Sustentabilidade é crescente, mesmo sem seu envolvimento em escândalos de corrupção.
Os representantes da direita, prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), são comparados, pelo jornalista, ao atual presidente republicano dos Estados Unidos, Donald Trump. Os motivos são distintos, de acordo com o texto: Doria assemelha-se a Trump como “um rico empresário, mas ele não é contra o padrão da política”, ao contrário do que o próprio tucano gosta de bradar. Já Bolsonaro é relacionado ao norte-americano por suas ideologias. “Ama Jesus e não é amado pelos gays (…) Não se importa se brasileiros andarem armados. Bolsonaro tem uma rejeição de 63%.”
O atual momento social e econômico do Brasil é classificado como “definitivamente mau”. O texto cita o desemprego alcançando níveis recordes, o aumento da violência no Nordeste, o Rio de Janeiro “na UTI”, com dois ex-governadores presos e vítima da “guerra às drogas”. “O governo brasileiro ainda perdeu graus de investimentos nas três agências de rating dos Estados Unidos, algo que havia sido conquistado no governo Lula.”
“De fato, o Brasil está perigosamente perto de apagar o grande legado de avanços conquistados na era Lula.” A partir de tal afirmação, Rapozo apresenta os dados da pesquisa em relação ao ex-presidente. No ano passado, Lula possuía uma aprovação de 30%. “Sindicatos, professores de esquerda e fãs do livro As Veias Abertas da América Latina (de Eduardo Galeano) entram nessa conta. Hoje, ele já está com 40%, o que significa que ele está indo além de sua base.”
Para impedir o petista de ser presidente, de acordo com o texto, a única saída seria a economia “decolar como um foguete”, ou “Lula ser banido das eleições pela Justiça”. “Se outros candidatos não crescerem, Lula ganha. Eles não crescem, mas Lula sim. Apesar de todo o barulho sobre a Petrobras, Lula cresce pesquisa após pesquisa”, afirma.