Escrito por: Redação CUT
A situação é grave em 18 estados, onde a ocupação de leitos de UTI passa de 80%. Em nove capitais, 90% dos leitos de unidade de terapia intensiva estão lotados
No pior dia da pandemia do novo coronavírus ( Covid-19), nesta terça-feira (2), o Brasil bateu dois tristes recordes: o de mortes em 24 horas e na média móvel. Além disso, a taxa de transmissão está fora de controle, o país registrou mais de uma morte por minuto em decorrência da doença e, de Brasília, não vem sequer uma orientação para todo o país. Ao contrário disso, o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) continua sabotando as ações preventivas decretadas pelos governadores, provocando aglomerações e falando mal do uso de máscaras.
Esta terça foi o dia mais letal em toda a pandemia nos estados de Rondônia, Rio Grande do Sul e São Paulo. Uma semana após chegar 250 mil mortes, o Brasil contabilizou 1.726 óbitos em 24 horas, superando o recorde anterior que foi 1.582 óbitos, registrado na última quinta-feira (25). Foi o quarto dia consecutivo de maior média móvel de mortes desde o início da pandemia.
De acordo com a Imperial College, o índice que mede a transmissão da doença está em 1,13, o que significa que a Covid-19 está fora de controle e que cada 100 pessoas que contraem o vírus transmitem para 130. Desde dezembro o Brasil apresenta uma taxa de Rt acima de 1.
A situação é muito grave em 18 estados onde a ocupação de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) passa de 80%. Em nove capitais, 90% dos leitos dessas unidades estão lotados.
A situação é preocupante no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão, Pará, Tocantins, Amazonas, Rondônia. Acre e Roraima têm situação mais crítica.
Em São Paulo, em pelo menos quatro grandes hospitais privados da capital paulista, a ocupação de UTI para internados com Covid-19 atingiu 100% nos últimos dias. É assim nos hospitais Einstein, Oswaldo Cruz, BP e São Camilo.
No Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo (BP) a taxa de ocupação também chegou a 100% com um total de 97 pacientes internados. Desses, 47 estão em leitos de UTI e 50, em enfermarias.
Santa Catarina vive uma situação crítica. Foram pelo menos 20 mortes em três cidades do estado enquanto aguardavam transferência para leitos de UTI voltados para o tratamento de pessoas com Covid-19.
Nesta terça-feira (2), o estado catarinense começou a levar pacientes para o Espírito Santo devido à falta de leitos. Em Chapecó, no oeste catarinense, 10 pessoas morreram à espera de uma vaga.
O Rio Grande do Sul está à beira do colapso. O estado registrou nesta terça-feira (2) o maior balanço diário de mortes causadas pela Covid-19. Foram 185 óbitos mortes confirmados, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde - o recorde anterior era de 144 mortes e foi registrado em 29 de dezembro de 2020.
A taxa de ocupação geral está em 99,8%, de acordo com o sistema de monitoramento do governo estadual. O Rio Grande do Sul está muito perto de não ter mais leitos de UTI. Na rede particular é ainda pior, está com 89,3% dos leitos ocupados e os hospitais privados não têm mais leitos livres, segundo balanço atualizado por volta das 17h.
No Nordeste, é crítica a situação em Teresina, que registra 95% das UTIs ocupados.
Já no Norte, Rio Branco, mesmo com a abertura de 25 leitos em um mês, a situação também é crítica. Cerca de 92,5% das UTIs para Covid-19 estão ocupadas. Em todo o estado, chega a 91,5%.
O estado de São Paulo também registrou o maior número de mortes por Covid-19 em 24h desde o início da pandemia nas últimas 24 horas. Foram com 468 novos óbitos, segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde.
O estado apresenta um aumento de 7,2% na quantidade de pacientes internados desde sábado (27), quando o estado superou o recorde de pacientes internados pela primeira vez desde julho.
Devido a negligência do governo Bolsonaro na condução da maior crise sanitária do século, governadores dos estados pressionam o presidente por fazer campanha contra o distanciamento social e por minimizar o agravamento da Covid-19.
Os governadores afirmam que o Planalto "parece priorizar a criação de confrontos, a construção de imagens maniqueístas e o enfraquecimento da cooperação federativa essencial aos interesses da população".
Nos últimos dias, diante do agravamento da epidemia de Covid-19 no país, que já deixou mais de 255 mil mortos e que vem pressionando o sistema de saúde brasileiro, Bolsonaro voltou a direcionar ataques a governadores, como havia feito no ano passado, criticando medidas como o fechamento do comércio e incentivando a população a se voltar contra os Executivos estaduais.
Enquanto o Brasil se entristecia com o recorde de mortes em 24 horas, Jair Bolsonaro promovia um almoço “alegre” e “bem descontraído” nesta terça-feira (2) e no cardápio estava um leitão.