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Nos 58 anos do golpe, Caminhada do Silêncio repudia violência de Estado e impunidade

Ato em São Paulo chama atenção para a continuidade da violência da ditadura, já que o Estado brasileiro não puniu os agentes da opressão

Publicado: 31 Março, 2022 - 15h40

Escrito por: Redação RBA

Reprodução
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Neste 31 de março, dia em que o golpe de Estado que instaurou a ditadura civil-militar no Brasil completa 58 anos, manifestantes e ativistas pelos direitos humanos realizam em São Paulo a segunda Caminhada do Silêncio. A primeira foi em 2019, mas a pandemia de covid-19 não permitiu a repetição do evento nos dois anos seguintes. “É muito importante marcar os dias 31 de março e 1º de abril, datas em que tiveram início a ditadura. Datas para não serem esquecidas, para que não continue acontecendo todas as violências que tiveram seu começo naquele período”, destaca a procuradora regional da República Eugênia Gonzaga, coordenadora do grupo de trabalho Memória e Verdade da Procuradoria Federal de Direitos do Cidadão em entrevista ao programa Revista Brasil TVT.

Conforme a procuradora, relembrar o início do período que oficializou no país a violência de Estado se faz ainda mais importante nos dias de hoje. Isso porque a redemocratização não foi capaz ainda de interromper esse ciclo violento contra os cidadãos brasileiros. Principalmente os negros, indígenas, população em situação de rua, pessoas com deficiência, população LGBTQI+ e todas as vítimas de ações violentas do poder público.

“Na democracia, a violência de Estado continuou. O Estado não parou de fazer suas vítimas, não fez justiça de transição, não puniu seus agentes (da violência), e continua sinalizando que eles podem seguir perpetrando crimes, que a impunidade deles continua garantida”, destacou Eugênia Gonzaga.

Isso porque, segundo ela, ao contrário de outros países, como Chile e Argentina, no Brasil os militares mantiveram o controle total da transição do regime de ditadura para a redemocratização. “Tanto que até hoje tudo que trata da justiça de transição passa pelos militares, como a comissão de mortos e desaparecidos em 1995 e a comissão de anistia. Tudo teve de ser negociado com os militares. Foi um caminho errado de quem não coloca as Forças Armadas no devido lugar, que é na defesa externa do país, na ajuda humanitária. Jamais em cargos civis”.

Eugênia, que é uma das organizadoras da Caminhada do Silêncio, disse que foi grande a adesão à marcha em 2019. E que o local onde o ato terminou – o Monumento aos Mortos e Desaparecidos Políticos, no Parque do Ibirapuera – tornou-se um espaço onde familiares de vítimas da ditadura acendem velas, depositam flores e fazem suas orações aos entes perdidos pela ação opressora do Estado.