Escrito por: CUT Nacional

Nota da CUT: Bolsonaro coloca o poder acima da vida ao trocar comando na Saúde

A mudança gera preocupação e incerteza, diz Direção Executiva da Central por meio de nota divulgada nesta sexta

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No final da tarde desta quinta-feira (16)), o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta confirmou em entrevista coletiva sua demissão, notícia que circulara desde cedo nas redes sociais e que era aguardada como desfecho de uma tensa relação entre ele e o presidente Jair Bolsonaro sobre a política de combate ao coronavírus. A mudança gera preocupação e incerteza.

A troca de comando foi feita no momento em que a pandemia se alastra pelo país, atingindo regiões com maiores dificuldades para enfrentá-la e setores mais vulneráveis da população. O índice de isolamento social se mantém abaixo do considerado necessário para conter sua escalada da Covid-19 e a rede hospitalar das principais capitais já dá sinais preocupantes de esgotamento da oferta de leitos, dado ao alto índice de ocupação. Os profissionais da saúde e das atividades essenciais continuam a trabalhar em condições precárias, desprovidos de equipamentos básicos de proteção. Na saúde faltam recursos necessários ao atendimento dos pacientes em estado mais grave.

O ex-ministro Mandetta era representante dos interesses das empresas de planos privados de saúde e foi um dos principais articuladores da EC95, que estabeleceu o teto de gastos e provocou a diminuição significativa de recursos para políticas públicas essenciais como a saúde. Foi responsável pelo fim de programas importantes como o Mais Médicos. No entanto, adotou a defesa do SUS e o isolamento social como principal medida de combate à epidemia e vinha atuando em consonância com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde, baseadas na ciência.

Linha exatamente oposta àquela preconizada por Bolsonaro, que subestimou a gravidade da epidemia, estimulou abertamente o descumprimento do isolamento social e defendeu insistentemente a volta ao trabalho.

Avesso à ciência, tentou assumir competências que não tem, de médico e pesquisador, e “prescreveu” em rede nacional a hidroxicloroquina, de eficácia duvidosa, contra a Covid19.

Enfrentou a resistência de especialistas da área da saúde, do Judiciário, de governadores, prefeitos, do Congresso, e da sociedade civil organizada que questionaram a demora em adotar medidas econômicas e de proteção social para enfrentar a crise e o caráter das medidas tomadas. Além de insuficientes, favorecem as empresas, oneram a classe trabalhadora e não atendem às demandas dos setores mais pobres da população.

Isolado internacionalmente por sua incompetência e vulgaridade, perdendo bases de apoio e cada vez mais criticado internamente, não é de se surpreender que tenha demitido o ministro que em várias ocasiões o questionara publicamente.

A substituição de Mandetta pelo oncologista e empresário do setor da saúde, Nelson Teich, que afirma defender o isolamento social, deixa a sociedade brasileira e a classe trabalhadora numa situação de apreensão e incerteza. Especula-se quem é e a que veio o escolhido por Bolsonaro.

O que esperar de um médico que em vez de apostar em salvar vidas, independentemente das circunstâncias, afirma não ter dúvida em salvar um jovem em detrimento de um idoso? O que esperar de um profissional desprovido de compaixão diante da paciente que agoniza, dizendo: “Não adianta fazer nada, ela vai morrer. Deitem ela na maca da sala ao lado, quando tudo terminar, irei atender”? Veio para apoiar as políticas genocidas de Bolsonaro? Enquanto os militares dedicam-se a fazer o levantamento da quantidade de sepulturas disponíveis no país, o atual presidente com certeza será lembrado pelo número de mortes que terá provocado com suas decisões e medidas insanas.

A CUT se manterá alerta, reafirmando a defesa incondicional da vida, da solidariedade, do fortalecimento do SUS, da proteção social, dos direitos dos trabalhadores, assim como da ciência no enfrentamento da pandemia. E continua dizendo alto e bom som: Fora Bolsonaro!

Direção Executiva da CUT