Escrito por: Erica Aragão e Luciana Waclawovsky
Implementar plano de lutas e enfrentar a conjuntura serão principais desafios
No último dia do 12º Congresso da CONTAG, nesta sexta (17), foi eleita a nova diretoria que vai comandar a Confederação Nacional dos Trabalhadores Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG) no próximo período. Em 53 anos de história, pela primeira vez a direção terá em sua composição 50% de homens e 50% de mulheres.
O CUTista Aristides Santos será o novo presidente da entidade e terá como principais desafios coordenar a consolidação da paridade, implementar a cota de 20% de jovens em sindicatos e federações, incluir a terceira idade nas políticas afirmativas do campo e lutar para que nenhum direito garantido seja extinto pelo atual governo.
Os sindicatos de trabalhadores e trabalhadoras rurais são porta vozes da CONTAG e também da CUT em mais de 4.500 municípios.
O pernambucano Aristides contou que a CUT vai contribuir muito para a CONTAG com essa base progressista, combativa e de luta. “CONTAG e CUT se misturam lá na base, na roça e no campo fazendo a luta em defesa das melhores condições de vida dos trabalhadores e trabalhadoras do campo”,afirma.
A CONTAG termina seu Congresso num momento delicado da política brasileira. O Governo e o Congresso Nacional mais conservador desde a ditadura militar querem a qualquer custo retirar direitos conquistados pelos trabalhadores.
Para a Vice-presidenta nacional da CUT, Carmen Foro, o CUTista assume a presidência da CONTAG no momento de grande desafio de preparar a classe trabalhadora do campo “para enfrentar a conjuntura neoliberal que estamos vivendo e fortalecer a organização da maior organização rural desse país”. Carmen também destaca que a CONTAG precisa garantir a unidade dos trabalhadores e das trabalhadoras rurais , porque dias de lutas muito difíceis estão por vir.
“O campo não pode voltar a ser um lugar de extrema pobreza, temos que reagir e nos fortalecer na resistência e para isso devemos promover o fortalecimento da Juventude e da luta das mulheres que serão as mais afetadas com as reformas desse governo ilegítimo e de um Congresso conservador”, finalizou a vice-presidenta.
A Secretária Nacional da Saúde do Trabalhador da CUT, agricultora familiar da base da CONTAG, Madalena Margarida analisa que mesmo a CONTAG não sendo filiada à CUT, existem 17 federações e quase 1500 sindicatos espalhados pelo país em todas as regiões e isso é muito importante no ponto de vista de conduzir a luta política para o próximo período.
“Nós sabemos que o papel da CUT é de articular as políticas, organizar a classe trabalhadora e fazer um enfrentamento a tudo isso que está posto com o desmonte do Estado. E a CONTAG tem uma importância fundamental nessa estratégia em que os agricultores e as agricultoras familiares irão ajudar a fazer o diálogo cidade-campo, campo-cidade, pra gente conseguir defender nossas conquistas e fazer o enfrentamento”, analisou a dirigente nacional.
Para a Secretária Nacional de Juventude da CUT, que assume a Secretaria de Políticas Sociais da Confederação, Edjane Rodrigues, ter na CONTAG um presidente CUTista facilita para implementar os princípios da CUT no Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR) e a relação fica mais próxima. Segundo ela, dessa maneira a CUT consegue ajudar a base “CONTAGuiana” com alianças à outros movimentos que também são importantes para a luta.
“Isso fortalece a unidade do campo e da cidade,porque precisamos estar todos e todas unidas para que possamos seguir combatendo, principalmente essas reformas e essas medidas que estão sendo impostas, mas também avançando na organização sindical”, comenta.
Para a dirigente, outro desafio é fazer com que o nosso plano de luta seja implementado na base. “Espero que daqui quatro anos a gente possa dar continuidade com o protagonismo da juventude e das mulheres. Mas também não tenho dúvida do comprometimento dessa nova diretoria independente de qualquer coisa”, complementa.
A voz das bases
Foto: Leonardo Prado
Já para Francielen Silva, do Sindicato de Jovens de Barcarena no Pará, este é o momento em que se está escolhendo quem realmente vai representar os trabalhadores e as trabalhadoras de base que não puderam estar aqui. “É um ato de exercermos nossa cidadania estarmos votando pelo sim ou pelo não. Na atual conjuntura teremos muitos desafios mas sabemos que pessoas capacitadas e que estão prontas para lutar pelos nossos objetivos e ideais e jamais baixarão nossas bandeiras de lutas. Para ela, a paridade nada mais é que uma conquista das mulheres que lutaram muito por direitos iguais e oportunidade iguais. “É um momento de dizermos que cumprimos uma missão”, concluiu a jovem.
Foto: Leonardo Prado