Novo relatório do Coaf envolve Flavio Bolsonaro no esquema das rachadinhas
Documento do Coaf, que será analisado pelo Ministério Público do Rio, que pode reabrir caso das rachadinhas, mostra movimentação financeira atípica feita por PM, amigo do senador
Publicado: 09 Agosto, 2021 - 17h13 | Última modificação: 09 Agosto, 2021 - 17h23
Escrito por: Redação CUT
O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), o filho número um do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) continua sob suspeita no esquema das rachadinhas, em que funcionários de seu gabinete, quando era deputado estadual no Rio, eram obrigados a devolver parte dos salários pagos com dinheiro público. Segundo denúncias, alguns deles nem apareciam para trabalhar como era o caso da filha de Fabrício Queiroz, motorista e homem de confiança de Flávio, que foi preso na casa do ex- advogado do presidente, Frederick Wassef, em Atibaia, interior de São Paulo.
O Relatório de Inteligência Financeira (RIF) , do Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf), segundo a Folha de São Paulo, tem três páginas, está sob sigilo e foi enviado ao gabinete do procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos. Por decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro a responsabilidade de analisar os casos é do procurador-geral. Um relatório de seis páginas já foi elaborado pela Divisão de Laboratório de Combate à Lavagem de Dinheiro sobre o documento.
Neste sexto relatório, há suspeitas de que o policial militar Diego Ambrósio, sua mulher e outras pessoas ligadas ao senador, fizeram movimentações financeiras consideradas atípicas, entre 2015 e 2018.
Em dezembro de 2019, o PM, foi alvo de busca e apreensão no caso das rachadinhas, por ter feito seis transferências para a conta da loja de chocolate do senador; ter quitado um boleto de R$ 16,5 mil em nome de Fernanda, mulher de Flávio, referente a prestação de um imóvel do casal, e ainda fez transferências a dois ex-assessores do senador em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
O PM também foi alvo de outro relatório do Coaf enviado ao Ministério Público Federal que apontava movimentações atípicas em sua conta bancária, com quantias em dinheiro vivo.
O trâmite das denúncias
O Superior Tribunal de Justiça ( STJ) anulou as quebras de sigilo e fiscal de Flavio Bolsonaro, em fevereiro deste ano, após os ministros da Corte, por quatro votos a um, aceitarem os recursos da defesa que apontou supostas irregularidades na quebra de sigilo fiscal e bancário do senador no caso das rachadinhas.
Apesar da decisão do STJ, o Ministério Público (MP-RJ) conseguiu junto ao Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro manter a tramitação da denúncia. A partir dos relatórios do Coaf (este é o sexto envolvendo Flavio Bolsonaro) , o MP pode refazer as investigações.
O que dizem os suspeitos
Em 2019, durante as investigações do esquema das rachadinhas, o PM Ambrósio disse que os pagamentos para a empresa de Flávio se referem a gastos com panetones, que distribui a clientes, fornecedores e colaboradores de sua empresa de segurança; e que o boleto da casa foi pago por aplicativo de celular, durante uma festa, após o senador dizer que tinha esquecido de pagar a conta, e que Flávio devolveu a quantia em dinheiro vivo.
Sobre este novo relatório do Coaf, a defesa de Flávio Bolsonaro disse ao jornal que não pode comentar por desconhecer o teor. O PM Ambrósio disse também que não sabe do que se trata o documento. O Ministério Público disse, em nota, que “não se pronuncia sobre processos e investigações cobertos pelo segredo de justiça”.