Escrito por: Redação CUT
Documento do Coaf, que será analisado pelo Ministério Público do Rio, que pode reabrir caso das rachadinhas, mostra movimentação financeira atípica feita por PM, amigo do senador
O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), o filho número um do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) continua sob suspeita no esquema das rachadinhas, em que funcionários de seu gabinete, quando era deputado estadual no Rio, eram obrigados a devolver parte dos salários pagos com dinheiro público. Segundo denúncias, alguns deles nem apareciam para trabalhar como era o caso da filha de Fabrício Queiroz, motorista e homem de confiança de Flávio, que foi preso na casa do ex- advogado do presidente, Frederick Wassef, em Atibaia, interior de São Paulo.
O Relatório de Inteligência Financeira (RIF) , do Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf), segundo a Folha de São Paulo, tem três páginas, está sob sigilo e foi enviado ao gabinete do procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos. Por decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro a responsabilidade de analisar os casos é do procurador-geral. Um relatório de seis páginas já foi elaborado pela Divisão de Laboratório de Combate à Lavagem de Dinheiro sobre o documento.
Neste sexto relatório, há suspeitas de que o policial militar Diego Ambrósio, sua mulher e outras pessoas ligadas ao senador, fizeram movimentações financeiras consideradas atípicas, entre 2015 e 2018.
Patriotas / Reprodução
Em dezembro de 2019, o PM, foi alvo de busca e apreensão no caso das rachadinhas, por ter feito seis transferências para a conta da loja de chocolate do senador; ter quitado um boleto de R$ 16,5 mil em nome de Fernanda, mulher de Flávio, referente a prestação de um imóvel do casal, e ainda fez transferências a dois ex-assessores do senador em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
O PM também foi alvo de outro relatório do Coaf enviado ao Ministério Público Federal que apontava movimentações atípicas em sua conta bancária, com quantias em dinheiro vivo.
O trâmite das denúncias
O Superior Tribunal de Justiça ( STJ) anulou as quebras de sigilo e fiscal de Flavio Bolsonaro, em fevereiro deste ano, após os ministros da Corte, por quatro votos a um, aceitarem os recursos da defesa que apontou supostas irregularidades na quebra de sigilo fiscal e bancário do senador no caso das rachadinhas.
Apesar da decisão do STJ, o Ministério Público (MP-RJ) conseguiu junto ao Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro manter a tramitação da denúncia. A partir dos relatórios do Coaf (este é o sexto envolvendo Flavio Bolsonaro) , o MP pode refazer as investigações.
O que dizem os suspeitos
Em 2019, durante as investigações do esquema das rachadinhas, o PM Ambrósio disse que os pagamentos para a empresa de Flávio se referem a gastos com panetones, que distribui a clientes, fornecedores e colaboradores de sua empresa de segurança; e que o boleto da casa foi pago por aplicativo de celular, durante uma festa, após o senador dizer que tinha esquecido de pagar a conta, e que Flávio devolveu a quantia em dinheiro vivo.
Sobre este novo relatório do Coaf, a defesa de Flávio Bolsonaro disse ao jornal que não pode comentar por desconhecer o teor. O PM Ambrósio disse também que não sabe do que se trata o documento. O Ministério Público disse, em nota, que “não se pronuncia sobre processos e investigações cobertos pelo segredo de justiça”.