Escrito por: Vitor Nuzzi, da RBA
Quantidade só não é maior que a de 2018. Número no setor privado e nas estatais praticamente não se alterou. Já no funcionalismo público, se multiplicou por cinco
Mais da metade das greves deflagradas no primeiro semestre (53%) envolvia descumprimento de direitos, como atraso no pagamento de salários, férias ou 13º, entre outros. Segundo o Dieese, que divulgou balanço dos movimentos na primeira metade do ano, os chamados itens de caráter defensivo, em defesa de direitos, estavam na pauta de 80% das 663 paralisações pesquisadas. Esse número (663) representa 76% de aumento em relação a igual período de 2021. Basicamente, pelo crescimento no setor público.
Assim, a quantidade de greves só não é maior que a do primeiro semestre de 2018 (901). As horas paradas quase dobraram, chegando a 37 mil. Mas o número de paralisações no setor privado e nas estatais praticamente não se alterou. Já no funcionalismo público, se multiplicou por cinco – de 82 para 412.
“Questões salariais como reajuste (48%) e pagamento do piso (31%) foram as mais frequentes”, informa o instituto. “Itens relacionados à alimentação (tíquetes, cestas básicas) vêm em seguida: estiveram presentes em 19% das greves. O pagamento de vencimentos em atraso (salários, férias, 13º) continua entre as principais reivindicações – com uma participação diminuída, no entanto (16%).”
Das 663 greves registradas de janeiro a junho, 438 (66%) foram de trabalhadores no setor público, sendo 412 no funcionalismo (62%) e 26 (4%), em estatais. As paralisações “de advertência” representaram 45% do total (setores público e privado), enquanto 53% foram por tempo indeterminado. Em 2% dos casos, não havia informação disponível.
Já movimentos que envolveram categorias profissionais inteiras predominaram, com 60% do casos. Outros 40% foram em empresas ou unidades do funcionalismo.
“A frequência da deflagração das greves neste primeiro semestre também se associa a questões salariais – reajuste nos valores e pagamento do piso”, comenta o Dieese. “De janeiro a março, a presença conjunta dos dois itens vai progressivamente se destacando na pauta das mobilizações. Abril marca novamente um recuo e também o início do distanciamento entre os dois itens, com a reivindicação por reajuste salarial tornando-se preponderante.” O instituto destaca a forte mobilização pelo piso salarial nacional da educação básica.
Das 412 greves no setor público, 72% foram deflagradas por servidores municipais, 19% por estaduais e 8%, por federais. Mais da metade (55%) foi de advertência, enquanto 87% envolveram categorias profissionais.
“Itens de caráter defensivo estiveram presentes na grande maioria das pautas grevistas (79%)”, lembra o Dieese. “Ainda assim, itens propositivos também foram muito frequentes (68%). A maioria das greves trouxe, de modo combinado, reivindicações caracterizadas das duas maneiras.” Reivindicações de salários e pisos foram as mais frequentes, com 58% e 48%, respectivamente.
Por sua vez, no setor privado, de 223 paralisações registradas, 161 (72%) foram no setor de serviços e 62 (28%), na indústria. Diferente do setor público, só 28% foram de advertência e 67%, por tempo indeterminado. Também predominaram as greves por empresa ou unidade: 85% do total.
“Na pauta reivindicatória de 82% das greves deflagradas estiveram presentes itens e caráter defensivo, com predominância de pleitos relativos ao descumprimento de direitos (62%)”, diz ainda o estudo do Dieese. “A exigência de regularização de valores em atraso (salários, férias, 13º) compôs a pauta da maioria (47%) das mobilizações. Itens relativos à alimentação (tíquete, cesta básica) vieram a seguir (38%). A reivindicação por reajuste salarial esteve presente em quase um terço das greves (31%).”
Confira aqui a íntegra do estudo.