Escrito por: Luciana Waclawovsky, especial para Portal CUT

O "bom dia, presidente Lula!" entoado pela multidão deu o tom deste 1º de Maio

Trabalhadores, representantes de movimentos sociais e sindicais do Brasil e do mundo estão em Curitiba para defender a liberdade de Lula e exigir que os direitos trabalhistas sejam respeitados

Ricardo Stuckert

 

As primeiras horas desse 1º de Maio histórico consolidaram Curitiba como a capital da resistência. A cidade amanheceu vermelha, lilás, laranja, verde e amarela com as centenas de militantes e simpatizantes que viajaram horas para participar dos atos políticos e culturais em comemoração ao Dia do Trabalhador e da Trabalhadora, que este ano tem como mote principal defender a liberdade do ex-presidente Lula e resgatar os direitos da classe trabalhadora, surrupiados desde que o golpe de Estado de 2016, tramado pela elite política do Brasil.

Todas as bandeiras partidárias e sindicais estão unificadas hoje pelas mesmas causas, não somente pela liberdade do Lula, mas pela revogação das leis que foram arbitrariamente aprovadas para prejudicar o povo brasileiro. Em marcha, militantes, visitantes e apoiadores da vigília permanente pela liberdade do ex-presidente, se somaram aos acampados e formaram uma multidão que deverá crescer ao longo do dia.

Gibran Mendes

Ao organizar o maior e mais caloroso “bom dia, presidente Lula” que já foi dado no local, a vice-presidenta da CUT nacional, Carmem Foro, anunciou a missa ecumênica que aconteceu pela manhã, seguida da programação, prevista para acontecer o dia inteiro na Praça Santos Andrade, onde o ex-presidente Lula discursou ao término da Caravana pelo Sul, em março deste ano.

“Não temos muito a comemorar, mas temos muito a resistir, a lutar e organizar o povo brasileiro”, disse a dirigente à multidão que se aglomerou ao redor da simbólica Praça Olga Benário, nas proximidades da sede da Superintendência da Polícia Federal, no bairro Santa Cândida, em Curitiba, e entou a plenos pulmões: “bom dia, presidente Lula!”.

Gibran Mendes

Eu venho lá do Amazonas e viria até nadando para estar junto do Lula neste 1º de Maio, disse a senadora Vanessa Grazziottin (PCdoB-AM), primeira parlamentar a entoar o ‘bom dia ao ex-presidente’, isolado em uma sala desde o dia 7 de abril, quando cumpriu decisão judicial que o condenou sem crime nem provas.

“Temos grandes desafios nesse período de exceção que são, principalmente, ocupar permanentemente a rua de cabeça erguida e dizer: estamos em vigília pelo presidente Lula”, afirmou.

“Essa juizeca que não respeita a lei do país impediu que deputados, autoridades, amigos e até o médico entrassem para visitar Lula por isso estamos todos aqui hoje, dando nosso bom dia ao presidente Lula”, disse a senadora referindo-se à juíza Carolina Lebbos, responsável pelo encarceramento do ex-presidente.

Roberto Baggio, da direção nacional do MST, aproveitou a ocasião em que representantes de todos os estados brasileiros estão reunidos em Curitiba, para contar um pouco do que aconteceu ao longo no mês de abril.

Ele disse que o movimento acompanha desde o primeiro dia a vigília permanente e acampamento por Lula Livre e firmou, com a militância presente, um compromisso político e coletivo em seguir com a resistência. Só sairemos daqui com Lula em nossas mãos, bradou o dirigente. Para onde levarem Lula, iremos juntos, avisou.

“Ocupamos esse espaço desde as 11h do dia 7 de abril e nesses 25 dias recebemos bombas e tiros da Polícia Federal que está aqui. Resistimos ao frio, ao calor e à chuva. Resistimos às ameaças do Poder Judiciário com interditos proibitórios e reintegração de posse. Resistimos à violência permanente da Justiça e na última semana resistimos também às milícias assassinas da elite branca dos golpistas que tentaram assassinar dois militantes nossos. Não abrimos mão de nenhuma hora e permanecemos aqui de manhã, de tarde e de noite”, desabafou.

Baggio agradeceu aos vizinhos e moradores que, de forma geral, foram solidários com a luta e ofereceram banho e comida.

“Aqui [em frente à sede da PF] também se transformou em uma grande referência política para a militância em geral, mas principalmente de trabalhadores e trabalhadoras que após o expediente, de noite, e nos finais de semana, convivem conosco e a praça Olga Benário se transformou numa espécie de abastecimento da luta e resistência”, pontuou e concluiu, “somos os vizinhos mais próximos do ex-presidente Lula, que está aqui a 100 metros, e todo o dia nosso bom dia, boa tarde e boa noite são ouvidos por ele, ele precisa da nossa energia”.

 

Gibran Mendes