Escrito por: Redação RBA
Presidente brasileiro já elogiou o mandatário argentino Maurício Macri inúmeras vezes. Inflação argentina é de 54% e 200 mil protestaram contra ele em Buenos Aires na terça-feira
Em 16 de janeiro, o presidente argentino, Maurício Macri, visitou o colega brasileiro, Jair Bolsonaro (PSL), e foi elogiado por suas medidas de ajuste econômico e política liberal. Na última terça feira (30), uma greve geral paralisou dezenas de serviços e 200 mil pessoas tomaram as ruas de Buenos Aires para protestar contra a inflação, o desemprego e o aumento da pobreza que assolam a população argentina no governo Macri. O país já cogita dar calote no Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre um empréstimo de US$ 56 bilhões.
Coincidentemente, 200 mil pessoas foi o número estimado de participantes na manifestação deste 1º de Maio em que as centrais sindicais brasileiras anunciaram a preparação de uma greve geral para 14 de junho.
“Fica muito evidente a insatisfação com o governo Macri”, destacou o sociólogo Emir Sader em entrevista à Rádio Brasil Atual. A inflação fechou 2018 em 41%, e apenas nos três primeiros meses deste ano chegou a 54%, atingindo 4.096% no gás de cozinha e 3.240% na conta de luz. No final do ano passado, a taxa de desemprego chegou a 9,1% e 32% da população é considerada pobre. Macri era tido como modelo a ser seguido por alguns políticos liberais no Brasil, como Bolsonaro, que chegou a comemorar nas redes sociais uma pequena redução na inflação argentina, e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
Na Rádio Brasil Atual, Emir Sader aborda situação da Argentina
A greve de 24 horas atingiu os serviços de transporte coletivo de ônibus e metrô, afetou aeroportos, bancos, escolas, unidades de saúde, portos e outros serviços da administração pública. No primeiro trimestre, houve quase 20 mil demissões, 41% a mais do que em igual período de 2018. Manifestantes bloquearam ruas e avenidas com barricadas. Cartazes e faixas destacavam a situação caótica da economia, como a inflação alta, o desemprego e a desvalorização dos salários, dizendo não à “política da fome”.
Pesquisas de intenção de voto para presidente da República na Argentina indicam que a ex-presidenta Cristina Kirchner tem nove pontos percentuais à frente de Macri nas intenções de voto.