Escrito por: Vitor Nuzzi, da RBA
Enquanto os preços de produtos básicos não param de subir, salário mínimo é “congelado” e parte da negociações perde para a inflação
Carestia era expressão usada repetidamente entre os anos 1970 e 1980, principalmente nos movimentos que se organizavam, ainda na ditadura, para protestar contra o custo de vida. Nos últimos meses, voltou a ser ouvida, com a alta contínua da inflação, que parece não dar trégua. Ao mesmo tempo, o salário mínimo não tem mais aumentos reais, enquanto a renda média do trabalhador caiu. A volta da inflação de dois dígitos será um dos principais assuntos do 1º de Maio, no próximo domingo, junto com a defesa da democracia, a retomada de direitos e a preservação da vida.
Nesta semana, o IBGE anunciou o resultado do IPCA-15, considerado a “prévia” da inflação oficial, mostrando o maior índice para abril em 27 anos e uma taxa acumulada acima de 12%. Com altas ainda maiores para produtos básicos. O preço da gasolina segue aumentando. A alta do gás de cozinha é a maior neste século. Consumidores temem novo reajuste das tarifas de energia elétrica.
Salário mínimo
Ao mesmo tempo, o atual governo acabou com a política de valorização do salário mínimo, que não tem ganho real. E o acompanhamento mensal feito pelo Dieese mostra que os preços dos produtos da cesta básica continuam subindo pelo país.
Em 12 meses, até março, os valores da cesta subiram nas 17 capitais pesquisadas. Essa alta variou de 11,99% (Aracaju) a 29,44% (Campo Grande). A cesta mais cara (a de São Paulo: R$ 761,19) levou o Dieese a calcular em R$ 6.394,76 o salário mínimo necessário para as compras básicas de uma família com quatro integrantes. Ou 5,28 vezes o mínimo oficial. Há um ano, essa proporção era de 4,83.
Política de preços
Entre uma motociata e outra – foram duas apenas nesta semana, em horários de expediente –, o presidente da República disse que o país de fato sofre com a inflação, mas atribui o problema a fatores externos. Não cita, por exemplo, a política de preços da Petrobras ou o abandono dos estoques reguladores. E disse à agência Reuters que o país pelo menos não tem desabastecimento.
Os presidentes das centrais sindicais que organizam o 1º de Maio visitaram o palco na manhã desta sexta-feira (29), na praça Charles Miller, diante do portão principal do antigo estádio do Pacaembu. As atividades de domingo, que incluem pronunciamentos políticos e shows musicais, começam às 10h e devem terminar por volta de 18h. A presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está confirmada. As apresentações artísticas serão de Daniela Mercury, Dexter, Leci Brandão, DJ KL Jay, Dexter e a banda Francisco, El Hombre.
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