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Contra fechamento da Fafen, sindicatos da FUP entram em greve neste sábado

Trabalhadores da fábrica de fertilizantes da Petrobrás, no PR, se revezam na ocupação para impedir fechamento da unidade. Greve dos 13 sindicatos filiados à FUP está confirmada para este sábado (1º)

Publicado: 31 Janeiro, 2020 - 09h30 | Última modificação: 31 Janeiro, 2020 - 09h01

Escrito por: Andre Accarini e Marize Muniz

Reprodução
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A resistência dos petroleiros e petroleiras da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen), subsidiária da Petrobrás, em Araucária-PR, que lutam contra o fechamento da unidade, completa 11 dias nesta sexta-feira (31) e recebe o reforço dos 13 sindicatos filiados à Federação Única dos Petroleiros (FUP), que vão parar as atividades em todo o país em apoio aos companheiros do Paraná.

A greve, por tempo indeterminado que começa no primeiro minuto deste sábado, dia 1º, é em protesto contra a decisão da empresa de demitir mil trabalhadores e o fechar a Fafen-PR sem qualquer comunicado, negociação ou respeito ao acordo coletivo da categoria, que prevê que a empresa se compromete a não promover demissões, nem transferências, sem negociação prévia com o sindicato.

A ocupação

Os petroleiros ocupam o local de trabalho e se revezam em protesto silencioso e estratégico, acorrentados no portão de entrada e fazendo toda manutenção dos equipamentos, para impedir o esvaziamento da unidade e seu completo fechamento, afirma o diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e do Sindiquimica-PR, Gerson Castellano.

“Todos os dias, cerca de 800 trabalhadores são orientados por nós a entrar na unidade durante o dia e outros 200 à noite para manter a fábrica pronta para voltar a operar a qualquer momento, quando conseguirmos reverter o processo de fechamento”, diz Castellano.

Leia Mais: Ocupação da Fafen-PR entra no 3º dia com apoio das esposas e filhos dos petroleiros

O dirigente critica a gestão da estatal que, além de desrespeitar o acordo coletivo, deixa os trabalhadores e suas famílias desesperados com a incerteza do futuro. “É uma crueldade absurda a pressão que os trabalhadores estão sofrendo, sabendo que podem ser demitidos a qualquer momento e sem nenhuma esperança, nenhuma perspectiva que suavize a pressão”.

Por isso, ele reforça, a CUT, a FUP e o Sindiquímica/PR estão engajados na luta para trazer esperança aos trabalhadores. “A saída tem não pode ser individual. Tem que ser coletiva e com mobilização da sociedade contra a política do governo Bolsonaro, que cada vez mais vai atacar os trabalhadores do Brasil”.

Em nota, a FUP reforçou a importância da mobilização contra o fechamento da fábrica e da greve nacional dos petroleiros. “A vida que tínhamos antes não existe mais. E vai piorar, se não reagirmos. São mil demissões sumárias na Fafen-PR, uma fábrica 100% Petrobras. Gerente, supervisor, peão, sejam próprios ou terceirizados, todos foram chutados para o olho da rua. Com uma mão na frente e outra atrás”, diz trecho do texto publicado no portal da FUP.

A nota ainda lembra que situação semelhante já ocorreu na BR Distribuidora, outra subsidiária da Petrobras. A privatização da BR resultou em centenas de demissões e reduções drásticas de salários e direitos para os trabalhadores que ficaram.

Assembleia

Após o início da greve nacional dos petroleiros, no dia 1º, o sindicato reunirá os trabalhadores em assembleia para definir a estratégia a ser adotada para impedir o fechamento da fábrica. Gerson Castello explica que as demissões foram anunciadas para acontecer a partir de 14 de janeiro, mas a mobilização dos trabalhadores paralisou o processo.

Nesta data, os funcionários foram informados pela direção que fábrica entraria em “hibernação”, ou seja, ficaria parada, para posteriormente reabrir, caso a Petrobras decidisse. Porém, segundo o dirigente, há produtos tóxicos perigosos na unidade como ureia e amônia, além de fontes radioativas e manter esses produtos estocados representa risco de acidentes.

Por este motivo, os trabalhadores decidiram manter a unidade e seus equipamentos em segurança. “A empresa queria simplesmente fechar a fábrica. Não tinha sequer o conhecimento da existência desses produtos. Pior que isso, em audiência com no Ministério Público do Trabalho do Paraná (MPT-PR), a Petrobras não conseguiu nem informar nem entregar estudos comprovando que a fábrica pode ser fechada”, relata Gerson.

Fechamento

Mesmo com os riscos, a Petrobras insiste em seu plano e deu início a um processo de retirada dos produtos perigosos para então fechar a fábrica. Gerson Castellano afirma que os trabalhadores estão em processo contrário.

A estratégia é manter tudo funcionado. “Se drenar tudo, pode parar. Por isso, a luta é dia e noite
- Gerson Castellano


O dirigente cita a quantidade de indústrias fechadas nos últimos tempos e a perda de emprego cada vez maior como mais um argumento para a luta dos petroleiros da Fafen.

“Estamos resistindo porque queremos que a Fafen volte a funcionar gerando empregos, renda e industrialização para o país”.

Unidade produtiva

De acordo com Gerson, estudos feitos pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (INEEP), mostram que a Fafen-PR é produtiva e viável, portanto, não há justificativa para o fechamento. Pelo contrário, os dados demonstram a necessidade de produção de amônia e uréia no país.

“A Petrobras faz uma manobra contábil para aumentar o valor da matéria-prima que ela mesma fornece atribuindo um valor como se esses produtos viessem do exterior, mas eles estão há poucos metros das unidades”, explica o dirigente.

Ele ainda afirma que o projeto do governo Bolsonaro é manter a Petrobras atuando apenas na área de exploração, exportando o óleo cru e importando os derivados, o que além de gerar desemprego e a entrega da estatal, aumenta os preços dos combustíveis. “Prova disso é que as refinarias estão com baixa carga, trabalhando muito abaixo de sua capacidade de refino do petróleo no Brasil”, completa.