Escrito por: Isaías Dalle
Federação cutista vai organizar mobilização e entrar com ação judicial. E afirma que quebra de banco em Portugal está na raiz dos problemas
Neste primeiro de abril, a empresa de telecomunicações Oi anunciou que demitirá mais de 1 mil trabalhadores em diversos estados do Brasil. A empresa afirmou à imprensa que a medida faz parte de um pacote de ajustes.
João de Moura Neto, dirigente da Fitratelp, federação que representa a categoria em nove estados, afirma que vai recorrer ao Ministério Público do Trabalho para reverter a demissão em massa. A organização de uma greve também está entre os planos da entidade, porém, a construção do movimento enfrenta o obstáculo representado pela própria estrutura da empresa. Muitos dos aproximadamente 8 mil trabalhadores contratados diretamente, ainda em atividade, estão dispersos geograficamente ou têm funções externas, como manutenção de equipamentos de rua.
Moura afirma que uma das razões das demissões tem origem na quebra do Banco Espírito Santo, de Portugal, do qual a Portugal Telecom é uma das principais acionistas. A mesma Portugal Telecom fez uma fusão com a Oi a partir de outubro de 2013.
Segundo Moura, a Oi fez uma remessa da ordem de R$ 40 bilhões para a Portugal Telecom, com o objetivo de cobrir os rombos do Banco Espírito Santo. “Esse é um dos problemas de má gestão da empresa”, comenta Moura. Ele lembra também que o atual presidente da companhia, Bayard Gontijo, havia prometido que o processo de reestruturação não envolveria demissões. “Foi uma traição”, protesta o dirigente.
Por outro lado, a Oi vendeu parte de suas operações na Portugal Telecom para uma empresa luxemburguesa, o que pode diminuir seu passivo.
Na tarde desta quarta, a federação emitiu a seguinte nota à imprensa:
“A FITRATELP, Federação Interestadual dos Trabalhadores e Pesquisadores em Serviços de Telecomunicações, entidade que representa os trabalhadores do Distrito Federal, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo, Piauí, Pará, Maranhão, Paraíba e Sergipe, manifesta seu mais veemente repúdio às 1000 demissões promovidas pela Oi em todo o Brasil.
Na avaliação da FITRATELP e seus sindicatos filiados, trata-se de uma manobra injustificável e oportunista que visa colocar sobre pais e mães de família, todo o ônus decorrente da má gestão da empresa e da drenagem de seus recursos por seus acionistas majoritários. A situação atual de desgoverno corporativo, que perdura há quase 20 anos, é a apoteose de um processo de autodestruição comandado pelos próprios controladores da Oi, desde que a empresa foi constituída “no limite da irresponsabilidade” por um consórcio apelidado de “Telegang”.
De fato, a empresa sempre preferiu servir aos seus acionistas a atender, fidelizar e aumentar sua clientela. Vista como uma grande teta corporativa por seus controladores, a Oi decidiu priorizar a remuneração de seus acionistas e seus executivos, ao invés de investir na própria empresa, a fim de aumentar sua eficiência, produtividade e competitividade. Todos os executivos que por lá passaram, sem exceção, envidaram seus maiores esforços e energia na tarefa de distribuir dividendos, terceirizar suas atividades, além de eliminar a memória corporativa e o patrimônio representado pelo conhecimento técnico acumulado por seus profissionais.
O resultado final dessa autofagia planejada não poderia ser outro, senão a derrocada econômico-financeira que ameaça até mesmo o futuro da empresa. Diante desse fiasco empresarial, uma vez mais, consequência direta da incompetência, ganância e visão obtusa de seus executivos e controladores, e também da frouxidão e condescendência das autoridades e órgãos reguladores, os milhões de consumidores da Oi e os seus milhares de empregados devem se unir para exigir uma postura firme das autoridades na defesa da concessão pública e de seus direitos de consumidores e cidadãos.
De fato, a empresa sempre preferiu servir aos seus acionistas a atender, fidelizar e aumentar sua clientela. Vista como uma grande teta corporativa por seus controladores, a Oi decidiu priorizar a remuneração de seus acionistas e seus executivos, ao invés de investir na própria empresa, a fim de aumentar sua eficiênciaFITRATELPA FITRATELP, assim como o Sinttel (Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações) e o SINTPq (Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Desenvolvimento e Tecnologia), se solidarizam com os trabalhadores demitidos e anunciam ações legais em seu favor.”