Escrito por: Redação CUT
Instituto DNA, ONG acusada de burlar regras em acordos com o governo federal, recebeu o dobro de recursos da Confederação Brasileira de Basquete (CBB)
O Instituto DNA do jogador Daniel Alves, já recebeu pelo menos o dobro de recursos públicos liberados para investimentos no basquete brasileiro do que Confederação Brasileira de Basquete (CBB), mesmo sendo uma entidade criada há menos tempo do que a lei exige para assinaturas de contratos com o governo federal.
Tanto Daniel Alves quanto o ex-jogador Emerson Sheik, usaram "ONGs de pratelrias", entidades usadas para driblar a regra que estabelece a necessidade de uma sociedade civil existir há pelo menos três anos para firmar acordos com o governo federal, para conseguir recursos milionários. E o presidente Jair Bolsonaro (PL) teria autorizado o repasse de R$ 6,2 milhões as ONGs dos atletas via emendas do orçamento.
Segundo reportagem publicada nesta terça-feira (5) pela Folha de S. Paulo, a ONG ligada a Sheik, o Instituto Qualivida, assinou convênio com o governo federal para a instalação de três núcleos esportivos em Mangaratiba e Queimados, ambos no Rio de Janeiro, pelo valor de R$ 2,7 milhões. Os recursos haviam sido obtidos via emenda parlamentar apresentada pelo deputado Hélio Lopes (PL-RJ).
Incomodado com a repercussão da denúncia, Sheik desistiu do convênio firmado entre a sua ONG e o Ministério da Cidadania para projetos esportivos, diz reportragem da Folha desta quarta-feira (6). O ministério afirmou não haver ilegalidade na celebração das parcerias.
INA, ONG de Daniel Alves
Daniel Alves também está incomodado com a repercussão negativa, mas por enquanto apenas cogita não levar adiante dois projetos de Lei de Incentivo que, juntos, já captaram cerca de R$ 5 milhões.
De acordo com o jornalista Demétrio Vecchioli, do UOL, contando os R$ 3,5 milhões da emenda parlamentar, liberada por Bolsonaro, a ONG de Daniel Alves já tem ao menos R$ 8 milhões em recursos públicos para o basquete, mais do que o dobro dos R$ 3,6 milhões prometidos pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) à CBB.
Criado em maio do ano passado, o DNA prometeu criar uma seleção de basquete permanente de 3 contra 3, além de realizar um grande evento da modalidade ainda neste ano.
Em novembro do ano passado, o Instituto DNA conseguiu aprovar na Lei de Incentivo ao Esporte um projeto de R$ 5 milhões para, com essa verba, pagar a taxa e a hospedagem de atletas e outras pessoas envolvidas no evento. Paralelamente, a deputada Celina Leão (PP-DF) se comprometeu com uma emenda de R$ 3,5 milhões para a mesma ONG, liberada pela Secretaria Especial do Esporte em dezembro.
A reportagem aponta que R$ 4,5 milhões já foram doados, pela Usiminas, de Ipatinga (MG). A receita do Instituto DNA é ainda maior, porque a Usiminas também se comprometeu a pagar a realização de um grande encontro internacional de 3 contra 3, na cidade mineira, em outubro, e a prefeitura assinou, na semana passada, um protocolo de intenções para construir um centro de treinamento para a seleção da modalidade, sempre com Daniel Alves como intermediário.
A ONG de Daniel Alves chamava-se Instituto Liderança até maio do ano passado e tinha como responsável Leandro Costa de Almeida, ex-treinador de basquete. Ele afirma que a ONG estava inativa havia cinco anos. Antes de assumi-lo, o jogador do Barcelona já havia fundado seu próprio instituto com seu nome em março de 2021. Entretanto, segundo o diretor técnico da ONG, Rodrigo Valentim, verificou-se depois da fundação desta entidade a necessidade de existência de três anos para firmar convênios com o governo federal.