ONU lança site para ajudar refugiados a encontrar emprego no Brasil
Na plataforma, os empresários ou o pessoal de recursos humanos podem encontrar o passo a passo, os documentos necessários para a contratação legal dos refugiados
Publicado: 03 Abril, 2019 - 14h50 | Última modificação: 03 Abril, 2019 - 17h41
Escrito por: Redação CUT
O Pacto Global e a Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) lançaram nesta quarta-feira (3), em São Paulo, o site da conferência nacional, cujo objetivo é facilitar a contratação de refugiados que vivem no Brasil.
A plataforma é voltada para as empresas que precisam de orientações sobre o processo de contratação de refugiados e tem informações como a documentação que o candidato precisa apresentar.
Segundo Caio Pereira, secretário executivo do Pacto Global, “na plataforma, tem o passo a passo, os documentos necessários".
Ele ressalta que "o documento de pedido de refúgio é suficiente para o registro de contratação pelas empresas".
De acordo com Caio, o que se vê, muitas vezes, é que o principal desafio do empresariado é a falta de conhecimento para contratar. "Muitas vezes, o setor de Recursos Humanos tem suas travas. Legalmente, a gente sabe que é muito fácil contratar”.
Ele defendeu que as empresas têm a responsabilidade de atuar ativamente na sociedade para a evolução das causas sociais. “As empresas precisam refletir a diversidade da população”.
Mulheres
Segundo Adriana Carvalho, gerente de Princípios de Empoderamento da Oraganização das Nações Unidas (ONU) mulheres, estudos apontam que as empresas com mais diversidade são mais lucrativas e vivem por mais tempo. “Tem muitas razões sócio-econômicas para a gente querer uma sociedade mais inclusiva”.
Os casos de mulheres refugiadas, na opinião de Adriana, costumam ser mais complexos que dos homens, muitas delas chegam com seus filhos.
O programa voltado a esse público feminino, Empoderando Refugiadas, beneficiou 130 mulheres da Colômbia, Síria, de Moçambique, da República Democrática do Congo e Venezuela. Na última edição, que começou em julho incluiu 50 participantes venezuelanas, sírias, angolanas e congolesas.
Dados
Paulo Sérgio Almeida, oficial da Acnur, avalia que o mundo registra, atualmente, o maior número de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial. “Por ter tido uma opinião política, por causa de sua fé, por causa de sua raça. Deixam uma vida para trás e chegam em outro lugar novo para recomeçar.”
No Brasil, a acolhida de venezuelanos foi o maior desafio enfrentado, pela necessidade de interiorização. “Num país continental como o Brasil, eles chegam na pontinha, no Norte. Há uma retenção, as pessoas ficam lá sem oportunidades. Elas querem contribuir, mas não conseguem se deslocar pelo alto custo”.
De acordo com o Comitê Nacional para Refugiados do Ministério da Justiça, até o final de 2018 o Brasil reconheceu 10.522 refugiados vindos de 105 países, como Síria, República Democrática do Congo, Colômbia, Palestina e o Paquistão. Desse total, pouco mais de 5 mil tem registro ativo no país, sendo que 52% moram em São Paulo, 17% no Rio de Janeiro e 8% no Paraná. A população síria representa 35% dos refugiados com registro ativo no Brasil.