Onyx Lorenzoni, que quer ser governador do RS, sempre vota contra trabalhadores
Voto tem consequência, alerta presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, que pede aos trabalhadores para analisar o histórico de votações do políticos que pretendem eleger este ano
Publicado: 19 Julho, 2022 - 08h30 | Última modificação: 19 Julho, 2022 - 08h38
Escrito por: Carolina LIma, da CUT-RS | Editado por: Marize Muniz
O médico veterinário, Onyx Lorenzoni (PL) vai fazer 68 anos no dia 3 de outubro, um dia depois do segundo turno das eleições deste ano, e o melhor presente quem deveria receber não é ele e, sim, o trabalhador e a trabalhadora: a sua não eleição para o governo do Rio Grande do Sul.
Lorenzoni é da turma da velha política, que preza pelos direitos dos patrões em prejuízo da classe trabalhadora. Só como deputado federal, ele completa em 2020 19 anos de carreira. Mesmo assim, não se constrangeu em se vender como membro da ‘nova política’ da qual o presidente Jair Bolsonaro (PL), outro velho político, dizia fazer parte.
E ele costuma se vender bem pela quantidade de vezes em que se elegeu e como pré-candidato a governador já consta entre os que têm mais intenções de voto.
O PortalCUT decidiu, então, contar para o trabalhador e a trabalhadora, quem é de fato este político profissional e como ele vota quando estão em jogo os direitos e conquistas da classe trabalhadora.
Para começo de conversa, é importante dizer que Onyx Lorenzoni coleciona votos contra os direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras.
Em 2017, ele votou a favor da reforma Trabalhista, que acabou com mais de 100 itens da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e legalizou formas de contratação que precarizam as condições de trabalho e renda.
Confira as 12 formas de contratação de trabalhadores e saiba quais são seus direitos
Em 2019, ele votou a favor da reforma da Previdência, que acabou com o sonho de milhões de trabalhadores e trabalhadoras de se aposentar – muitos morrerão antes de consequir recdeber o benefício, em especial os mais pobres.
Leia mais: Herança maldita: Reforma da Previdência de Bolsonaro é mais cruel para os pobres
Gaúcho, de Porto Alegre, o político profissional Onyx Lorenzoni é a prova de que votar em patrão é perder direitos. Ele é empresário, foi duas vezes deputado estadual e está no quinto mandato como deputado federal. Foi filiado ao PL, ao DEM e agora voltou ao PL com Bolsonaro. É um político de direita, que veio a abraçar o bolsonarismo no processo eleitoral de 2018.
Como a CUT sempre alerta, para manter ou ampliar direitos só tem uma saída: trabalhador votar em trabalhador.
Desde a posse do atual governo, o que mais atacou os direitos sociais e trabalhistas da história do Brasil, em 2019, Onyx ocupou diferentes ministérios, como Chefia da Casa Civil, Cidadania e Secretaria-Geral da Presidência da República, se sentiu em casa em todos porque conviveu com quem pensa como ele, ou seja, não dão a mínima para direitos sociais e trabalhistas. Em julho de 2021, assumiu a pasta do Trabalho e Previdência, que foi recriada para acomodar os aliados do Centrão. Retornou para a Câmara no final de março deste ano para disputar o governo do Estado.
No Ministério do Trabalho, Onyx Lorenzoni mostrou sem pudores sua face autoritária e contrária aos direitos dos trabalhadores. Primeiro ele dispensou os pareceres técnicos que orientam os ministros nas tomadas de decisões.
Depois, se sentiu a vontade para, com uma canetada proibir que as empresas exigissem vacinação de funcionários no ato da contratação numa das fases mais críticas da pandemia do novo coronavírus, onde o mundo todo tomava cuidados para conter a disseminação da Covid-19. E foi além, a portaria do ministro também vedou a possibilidade de demissão em caso de recusa de imunização contra Covid-19 por parte do empregado. Tudo alinhado com o pensamento do seu chefe maior, Bolsonaro, que até agora faz campanha contra a vacinação.
Parte da portaria caiu no Supremo Tribunal Federal (STF).
É dele também a decisão de tirar do ar balanço de fiscalização de infrações do trabalho para proteger as empresas infraroras. Veja mais exemplos abaixo.
Voto tem consequência, alerta presidente da CUT-RS
Esse é um ano que o povo brasileiro irá escolher democraticamente o novo presidente da República, os governadores, os senadores e os deputados estaduais e federais. A escolha é fundamental para mudar os rumos e retomar um projeto de reconstrução do país com emprego decente, direitos sociais e trabalhistas, justiça social, segurança alimentar, distribuição de renda e soberania nacional.
“Temos que refrescar a memória da população para mostrar como cada candidato e candidata se posicionou em relação aos direitos da classe trabalhadora, às políticas públicas de emprego e renda e à defesa da democracia para ajudar cada eleitor e eleitora a não ser enganado. Voto tem consequências”, alerta o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci.
“Queremos o Brasil de volta para os trabalhadores e as trabalhadoras”, apontou.
Histórico de votos de Onyx Lorenzoni contra o povo trabalhador
Para o povo gaúcho saber em quem estará votando e não eleger quem vota contra os interesses dos trabalhadores e dos pobres do país, o Portal CUT pesquisou como votou, ao longo de sua carreira, o político profissionail Onyx Lorenzoni.
Confira:
- Em 2016, Onyx foi um dos deputados que votaram pela derrubada sem crime de responsabilidade da presidenta eleita Dilma Rousseff (PT) que, como a CUT sempre alertou e que agora está comprovado, foi um golpe nos direitos dos trabalhadores e dos brasileiros que mais precisam de serviços e políticas públicas.
- Em 2016, com a posse do ilegítimo Michel Temer (MDB), ele votou a favor da Emenda à Constituição nº 55, a PEC do Teto de Gastos, que congelou investimentos na saúde, educação e demais serviços públicos por 20 anos, o que piorou a vida dos brasileiros.
- Em 2016, Onyx também votou também a favor da entrega do pré-sal, demonstrando também ser inimigo da educação e da saúde. Com isso, o Brasil perdeu cerca de R$ 1 trilhão em investimentos no setor público.
- Em 2017, Onyx votou a favor da reforma Trabalhista, que retirou direitos, precarizou o trabalho e escancarou as terceirizações no Brasil, o maior ataque aos direitos dos trabalhadores desde a escravidão.
- No final de 2018, Onyx atuou na equipe de transição de Bolsonaro, sendo um dos responsáveis pelo fim do Ministério do Trabalho. Também articulou a extinção de mais de 500 conselhos previstos pela Política Nacional de Participação Social (PNPS) e pelo Sistema Nacional de Participação Social (SNPS), como o Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea).
- Em 2019, com a posse de Bolsonaro, Onix virou ministro e foi um dos articuladores da reforma da Previdência. Ele se licenciou, reassumiu o mandato de deputado só para votar a favor do projeto que retirou direitos, reduziu novos benefícios e dificultou aposentadoria de milhões de trabalhadores.
- Em 2021, ele articulou a aprovação da Medida Provisória (MP) nº 1.045, de Bolsonaro, que estabelecia uma minirreforma trabalhista. Trocava o pagamento de salário por uma bolsa, reduzia FGTS e criava emprego sem vínculo, aprofundando ainda mais a precarização do trabalho. A MP foi aprovada na Câmara, mas diante da pressão das centrais sindicais foi derrotada no Senado, em 31 de agosto do ano passado. Na ocasião, Onyx reagiu dizendo que o parlamento havia cometido um erro.
Denúncias de corrupção se acumulam na carreira do político
O pré-candidato ao governo gaúcho construiu a sua carreira política com base na oposição ao Partido dos Trabalhadores. A sua atuação em plenário da Câmara o caracterizava como um dos mais ferrenhos opositores do PT, o partido mais preocupado em garantir direitos sociais e trabalhistas, no qual ele tenta colar a pencha de corrupto.
O fato é que, enquanto busca associar sua imagem ao combate à corrupção, Onyx Lorenzoni acumula uma serie enorme de denuncias de corrupção, uma até publicamente admitida por ele, que foi o recebimento de caixa 2 da empresa JBS para campanha eleitoral em 2017.
Em 2020, Onyx assumiu que recebeu R$ 300 mil em propina da JBS em um esquema de caixa 2. Ele ganhou R$ 100 mil para a eleição de 2012 e R$ 200 mil para a eleição de 2014. Pediu desculpas, apelou para a imunidade parlamentar e fez um acordo por R$ 189 mil para encerrar as investigações.
Antes, em 2019, segundo dados do próprio portal da Fazenda, a empresa Osvel - Organização de Serviços Veterinários, de propriedade da família de Onix, devia um total de R$ 822.302,59 para a União.
Além disso, levantamento de GauchaZH revelou, em janeiro 2019, que Onyx utilizou notas em série emitidas por um amigo para receber verbas do gabinete, enquanto era deputado federal. Durante dez anos, ele recebeu R$ 317 mil a partir de 80 notas da mesma empresa, das quais, 29 notas foram emitidas em sequência, demonstrando que ele era o único cliente por meses seguidos.
Onyx também foi citado na recente CPI da Covid. O político foi incluído na lista de investigados, por conta dos invoices (espécie de nota fiscal internacional) da Covaxin, após denúncia de servidor do Ministério da Saúde que apontou indício de corrupção na tentativa de compra bilionária da vacina.
Pró-armas
A relação política com Bolsonaro começou em 2000, quando se uniram na campanha contra o referendo do estatuto do desarmamento, realizado em 2005. Ambos defendem a flexibilização do porte de armas. Onyx recebeu também doações eleitorais do setor de armas de 2006 a 2014, como a Taurus, quando era permitida a captação de recursos de empresas.
No Brasil, morrem cerca de 39 mil pessoas vítimas de armas de fogo por ano. Em debate realizado em janeiro de 2019, Onyx comparou o risco para uma criança de alguém manter uma arma de fogo em casa ao risco de a mesma criança se acidentar com um liquidificador.
Ele é ainda privatista de carteirinha, desde a década de 1990 quando defendia a privatização do Banco Meridional do Brasil. Em palestra para empresários em Caxias do Sul, em setembro de 2019, já como ministro, ele pregou a entrega total do patrimônio público. "Nós vamos vender tudo, devolvendo à sociedade brasileira o que é dela", disse.
Na verdade, quando o Estado vende uma estatal, ela deixa de pertencer à sociedade e vira uma empresa privada, que fica com todo o lucro. A população apenas paga a conta com tarifas ainda mais caras e serviços geralmente precários.